Amanhã o sexo será bom novamente

Amanhã o sexo será bom novamente Katherine Angel




Resenhas -


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Paulinha 15/07/2023

Relevante
Traz uma discussão extremamente relevante sobre sexo e mulheres na atualidade.
Com evidências científicas recentes, discute as nuances de sexo, desejo, consentimento e auto conhecimento.
Como a vitória é uma linha tênue e como parece que lutamos contra um inimigo invencível, para o machismo realmente deixar de existir a mudança precisa ser coletiva, da sociedade como um todo, ou então só estaremos saindo de uma caixinha e entrando em outra.
Vale muito a pena a leitura, abre a reflexão.
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Renata.Mieko 11/06/2023

Não gostei muito.
Não me parece que a autora chega a qualquer conclusão específica.
É basicamente um livro pra falar que as relações sexuais são complexas. Ah vá.
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Priscilla 22/08/2023

Muito interessante
O livro retrata, numa linguagem de pesquisa científica, a relação entre desigualdade de gênero, violência e consentimento no sexo. Os capítulos são divididos com os seguintes temas: consentimento; desejo; excitação e vulnerabilidade.

No primeiro capítulo, a autora fala sobre as teorias do consentimento que justificam a ocorrência ou não de um estupro, inclusive em termos jurídicos. Nesse âmbito, prevalecia o entendimento de um "consentimento pressuposto" para a relação sexual, portanto, a mulher tinha que expressar um "não" categórico para que fosse considerado o estupro. "A ideia de que as mulheres relutam em fazer sexo e precisam ser convencidas a tal tem um papel nessa ênfase dada ao não" (p. 28). Daí advém a ideia do "não é não".

Posteriormente, surgiu a teoria do consentimento afirmativo, segundo a qual a mulher teria que dizer "sim" para a relação ocorrer sem violência, portanto, o estupro estaria configurado com a ausência do "sim" expressivo. O que já retrata uma evolução no entendimento sobre o sexo, pois a mulher passa a ter o direito de recusar o sexo e também de desejá-lo afirmativamente, passa a ser também um sujeito desejante (embora haja todo um reforço negativo da sociedade em lidar com uma mulher que expressa seu desejo, o que sequer é significativamente encorajado).


Para ela "nos últimos anos, surgiram dois requisitos para o bom sexo: consentimento e autoconhecimento". (...) Só que, levanta a crítica de que, "nessa visão, o discurso das mulheres carrega um fardo pesado: o de garantir o prazer; de melhorar as relações sexuais e de resolver o problema da violência." (p. 16/17)

Ressalta a dificuldade que muitas mulheres tem de identificar o próprio desejo e ainda mais de expressá-lo. O ideal de uma mulher forte, autônoma, bem resolvida e bem consciente de seus desejos e vontades ainda é somente isso: um ideal, na maioria das vezes. E, além do mais, a segurança de uma mulher não deveria depender de conseguir ter essa clareza completa sobre o desejo. Até porque afirma que o desejo, intrinsecamente, não é fácil de ser identificado, pois é algo fluido, que pode surgir com o tempo, com a interação, em momentos anteriores ao sexo, e não necessariamente se apresenta pronto e acabado já no início da relação ou da interação com o outro. Aqui é importante destacar que desejo é sentimento e, por isso, precisamos ficar atentas ao seu surgimento ou desaparecimento durante a interação e não "a priori", pois ele depende efetivamente do contato com o outro.

A autora também fala sobre o conceito de "sexo ruim" para analisar se é só isso mesmo, algo natural e normal na vida de qualquer pessoa (mulher) ou se há algo mais profundo por trás disso ("para quem o sexo é ruim? o que se aprende com isso? quem aprende que seu papel é obter prazer a qualquer custo? e quem aprende que deve sofrer sozinha com as consequências do sexo?" - p. 36/39). Relata também críticas ao consentimento afirmativo, que entende que torna as mulheres fragilizadas e infantilizadas, como se precisassem ser perguntadas o tempo todo se realmente querem sexo, colocando-as numa posição de inferioridade (ela já não existe de toda maneira?).

No segundo capítulo, fala sobre desejo e sobre o ciclo de resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo, platô e resolução) e do conceito de desejo responsivo, mais comum às mulheres. Fala, também, sobre a linha tênue entre o conceito de desejo responsivo (que surge após estímulos e excitação) e a coerção para convencer a mulher a fazer sexo, desconsiderando sua negativa. "Como sabemos a diferença entre um esforço razoável em um relacionamento e a pressão inaceitável por sexo?" (p. 76).

No capítulo 3, fala sobre excitação, questionando se a resposta do corpo e da vagina que umedece após carícias e excitação significa, necessariamente, que a mulher tem desejo de fazer sexo. A resposta do corpo deve prevalecer diante do que a mulher diz? Ou a resposta do corpo às carícia pode ser algo automático, uma proteção do próprio corpo em caso de ocorrer uma relação sexual, mas que independe da vontade de a mulher fazer sexo ou de querer fazer sexo? "Talvez existam domínios nos quais seja justamente a subjetividade - o que as pessoas dizem que sentem, mais do que aquilo que seus corpos demonstram - o aspecto mais importante". (p. 99).

No último capítulo, a autora fala sobre a vulnerabilidade intrínseca ao sexo.
Ela entende que o consentimento é importante, mas que tem seu limites e não deve ser o único critério a nortear decisões sobre sexo bom ou ruim ou se a relação se caracteriza como violenta ou não. Para isso, justifica que o desejo é fluido e incerto e que o sexo exige vulnerabilidade, portanto, o ideal é que homem e mulher percorram juntos o caminho do consentimento, do desejo e da excitação, por meio da vulnerabilidade. Enfim, é um livro muito interessante para refletir sobre as relações (hetero)sexuais e sobre o conceito de violência e consentimento no sexo.

A título de conclusão das ideias retratadas no livro, cito o seguinte excerto: "É crucial criarmos um mundo em que ninguém se sinta chocado diante do desejo de uma mulher ou de sua afirmação. Porém, não devemos pensar no desejo como um objeto de fácil identificação, como uma parte acessível à qual se pode recorrer com facilidade. O sexo é composto de inúmeros atos de questionamento, de expressão e de investigação. Por que deveríamos saber o que queremos? Por que não achar que os homens devem estar conosco nessa investigação? A fixação no "sim" ou no "não" não nos ajuda a navegar por essas águas; é justamente no espaço turvo e indefinido entre os dois que precisamos aprender a navegar." (p. 128).
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