MARTA CARVALHO 07/04/2022
Inicialmente, me senti angustiada com essa leitura, acompanhar a trajetória do personagem com sua vida limitada ao descaso social e os preconceitos que o rotulam até a sua injusta condenação, me deixaram de coração apertado.
O livro é escrito com maestria através de poemas, muitas
vezes usando da estrutura visual para fortalecer a mensagem que quer transmitir: as inseguranças e frustrações diárias aliadas à criatividade do personagem.
Ao ser preso em uma instituição para menores, após um crime que não cometeu, Amal, um jovem negro com um futuro artístico promissor, começa a questionar a sua importância perante uma sociedade que lhe exclue e o vê como um pária desde o nascimento. Somente a sua arte é capaz de aplacar a revolta diante da injustiça sofrida e lhe dar força e esperança (significado do seu nome) até que seja provada a sua inocência.
Saber que o ativista negro Yusef Salaam, tomou sua própria vivência como inspiração para a estória (o caso ficou conhecido como "A corredora do Central Park" que também inspirou a série da Netflix "Olhos que condenam"), torna a leitura mais forte, sendo quê, lamentavelmente, sabemos que essa infeliz experiência poderia ocorrer com qualquer homem negro diante da sociedade preconceituosa vigente.
O preconceito racial é uma doença corrosiva que destrói a humanidade.