Carla Verçoza 16/09/2021
Muito bom e importante para entender o conceito de transfeminismo, suas demandas, como ele se insere no feminismo, dentre outros.
O capítulo sobre saúde e saúde mental é interessantíssimo.
""E eu não sou uma mulher?" A pergunta desestabiliza a concepção homogênea universal de mulher, e a tomo como ponto de partida para desenvolver uma das discussões sobre transfeminismo. Sojourner, mulher negra, traz à tona o fato de que mulheres negras vivem suas feminilidades de forma diferente das mulheres brancas. E essa diversidade de experiências femininas tomará ênfase com os redimensionamentos em torno da categoria gênero." pág. 13
"O transfeminismo, entretanto, oferece um olhar diferente sobre o feminismo considerado padrão, assim como o feminismo negro, o feminismo lésbico, entre outras perspectivas, também oferecem. Nossas experiências como mulheres transexuais e travestis são contribuições para o modo como entendemos o feminismo no campo das lutas políticas e das proposições teóricas." pág. 15
"Dessa forma, o uso do termo "gênero" (...) rejeita explicitamente explicações biológicas, como aquelas que encontram um denominador comum, para diversas formas de subordinação feminina, nos fatos de que as mulheres têm a capacidade para dar à luz e de que os homens têm uma força muscular superior. Em vez disso, o termo "gênero" torna-se uma forma de indicar "construções culturais" - a criação inteiramente social de ideias sobre os papéis adequados aos homens e às mulheres." pág 23
"Se para muitas mulheres cis feministas é difícil o reconhecimento de mulheres transexuais e travestis como sujeitas dentro do feminismo, é necessário destacar que, na verdade, não gozamos muitas vezes nem do status de humanidade. Dialogando com o feminismo decolonial, a partir da feminista sul- americana María Lugones (2014), aproprio- me do conceito de colonialidade do gênero para afirmar que experiências como seres humanos são historicamente negadas para mulheres transexuais e travestis, bem como para mulheres negras escravizadas e mulheres indígenas, numa atitude de verdadeira bestialização de nossas existências." pág 28
"Audre Lorde (2019, p. 247), feminista negra caribenha e lésbica, nos alerta: Agora precisamos reconhecer diferenças entre mulheres que são nossas iguais, nem inferiores, nem superiores, e encontrar maneiras de usar a diferença para enriquecer nossas visões e nossas lutas. O futuro de nossa terra depende da capacidade de todas as mulheres em identificar e desenvolver novas definições de poder e novos modelos de convivência com a diferença." pág. 36
"é imprescindível uma escuta empática para compreender que o desejo por mudanças corporais precisa apontar para a construção de políticas públicas, tendo em vista o conceito social de saúde atrelado ao bem- estar físico e emocional." pág 86