Nascimento e morte da dona de casa

Nascimento e morte da dona de casa Paola Masino




Resenhas - Nascimento e morte da dona de casa


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Carolcali 11/03/2024

Importante historicamente
Eu entendo a importância histórica da obra e o quanto ela é relevante para as discussões sobre o reconhecimento de escritoras mulheres. Achei a proposta do livro super transgressora, principalmente por conta do momento histórico em que foi escrita. Porém, a leitura não me agradou e foi difícil terminar.
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Natasmi Cortez 17/01/2024

Um livro escrito tantos anos atrás cuja protagonista anseia desesperadamente pela liberdade em todos os sentidos, evoca a lembrança de uma máxima amplamente utilizada pelos grupos feministas: a mulher pode ser o que ela quiser. A mulher sem nome nessa obra, é um pouco eu e um pouco você. Ela quer apenas existir, sem ser. Os papéis de gênero a sufocam, mas resignada ela aceita e suporta esse fim. Em desespero, sua mente vagueia em pensamentos, ela quer ser o tudo e o nada. Poderia ser poeira, poderia ser os móveis da casa, poderia ser planta. Todos os destinos parecem possibilidades, e ao mesmo tempo trazem em si uma função própria do ser. Dar prazer e servir. Moldados pelo homem, mulheres e objetos possuem propósito pré-definido. Morrer a menina e nascer mulher é doloroso e violento. Morrer a mulher e nascer a dona de casa, é vivenciar um outro tipo de transformação. Mas todas as transformações exigem a morte e sua consequência é um luto sem fim. Luto por aquelas que ficaram para trás. Há dor e sangue. Embalada pela crença no pecado original, a narradora se resigna mais e mais aos papéis que lhe foram atribuídos muito antes que nascesse. E não podendo cumprir com todos eles, tal qual exigido pela sociedade, ela ocupa um papel secundário. Não mais cuidadora de um filho, mas cuidadora de todos. Um prover infinito que parece não ter fim.
Em meio à exaustão, a protagonista faz breves fugas e nessas fugas o leitor se perde e a narradora se encontra. Utilizando a fantasia como ferramenta primordial, a autora entrega um texto que é por vezes de difícil compreensão. Transcendo a realidade a autora enche as linhas de metáforas, os significados ocultos são críticas poderosas demais e causariam desconforto demais em uma sociedade dominada pelo fascismo. Se apoderando de um estilo narrativo nada tradicional, Paola Masino passeia entre os gêneros literários e junta em uma única obra, a prosa, o ensaio filosófico e o romance. A passagem de um gênero para outro é confusa e parece se perder na continuidade, parece que estamos enlouquecendo junto com a dona de casa.
Tive que me desprender de qualquer tentativa de entender esse livro em sua totalidade. Tive que reconhecer minhas limitações enquanto leitora. Li e deixei que a massa cinzenta fizesse seu trabalho e ela deve ter feito, já que a cabeça parecia doer sempre que eu estava lendo.
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Lusia.Nicolino 24/09/2023

Curioso, muito curioso!
Um título curioso. Eu encontrei no sebo e me interessei pela autora italiana, que eu nunca tinha ouvido falar. Demorei um pouco para me conectar com a história, não é tão fluida quanto eu esperava, mas precisamos entender o contexto: é um romance escrito em pleno regime fascista na Itália dos anos 1930! Publicada pela primeira vez em 1945, perseguida pela censura é uma crítica ao fascismo e à rígida noção de feminilidade que ele promovia. Nossa protagonista, antes de vestir o arquétipo da dona de casa, foi uma criança que preferia o seu baú, seus livros, migalhas de pão seco e objetos fúnebres, como uma fita de coroa com mensagens de pêsames. Depois, Paola alimenta sua narrativa com realismo mágico, oferece aos personagens algumas reviravoltas, e volta a centrar sua história na tentativa da dona de casa de se conformar com seu papel e com a linearidade da vida, como o próprio título tenta traduzir.

Quote: "A mãe ignorava muitas outras noções comuns ao gênero humano e até aquela instintiva a partir da qual quanto mais os filhos parecem inúteis no mundo, mais estamos dispostos a ajudá-los. Tal noção é muito nociva para o restante da humanidade; mas os pais e as mães não estão nem aí para o restante da humanidade quando se trata da vantagem dos próprios filhos, por isso o mundo é quase inteiramente composto de incapazes e egoístas."

site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le
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Beatrys 26/08/2023

"A morte não é aqui, nem lá: o nosso próprio corpo é o único caixão..."
Em meio ao fascismo de Mussolini, nasce a figura política da Massaia. Nesse romances temos personagens socias e funções políticas. Acompanhamos uma garotinha fantasiadora se tornar uma Massaia, com toda personalidade filosófica, metafísica e maravilhada, há muita relutância em aceitar todas as convenções da vida de esposa, mãe e agente político garantindo o bem-estar da família. " A garotinha concluía que ela também, no seu interior, deveria ter alguma coisa da qual o mundo precisava e que os homens, se ela não a oferecesse, a arrancariam."
Lemos adulteração, rasgamento e contaminação. "Ao perder a capacidade de criar novos pensamentos, restava-lhe, ainda, a capacidade de distinguir os fragmentos: cansaço e desilusão."
Contém muito simbolismo, surrealismo e fantasia. Passeia por diversos gêneros, narrativa tradicional, teatro, diários. Ao mesmo tempo que a capacidade de escrita da autora impressiona, dificulta bastante a leitura e a compreensão.
"... toda poesia do mundo já passou para a mulher, desde que vocês, homens, colocaram a casa sobre os ombros dela. Comer é saber, um dia antes, o quanto você mastigará no dia seguinte, saber quanto custa, saber como foi preparado, prevenir o desperdício, duvidar do futuro...".
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Denise Ximenes 10/04/2023

Uma porrada certeira.
Então, quase fiquei louca com essa leitura. A sinopse não mostra todas as possibilidades que o enredo apresenta, e apesar disso (ou por causa disso) eu gostei muito!

Nesse clássico senhor da literatura italiana, Paola Masino usa vários gêneros textuais (fantasia, teatro e romance) pra traduzir sua crítica ferrenha à construção histórica de coadjuvância social da mulher. E tudo aqui é metafórico: desde o baú onde a Dona de Casa ainda menina vivia enfurnada até a sua morte (um conto de horror digno da definição). Assim passamos a acompanhar a sátira por meio de fluxos de consciência e dos sonhos da protagonista, o que torna essa leitura bem difícil.

Só li verdades contundentes aqui: em busca do título de "Exemplar", a mulher se deixa conduzir (inconscientemente) pela pressão imposta desde sempre: é preciso ter modos; é preciso coordenar os serviços domésticos; falar alto nem pensar; servir jantares (pomposos, de preferência); costurar a camisa do marido; viver em função dele; anular as próprias preferências porque as dele são sempre superiores. Enfim: carregamos um peso insano de responsabilidades que deveriam ser divididas (se houvesse justiça no mundo), e a sensação de insuficiência é o que define nosso estado de alma. Desde que o mundo é mundo...

E nosso processo de anulação passa pela tomada de consciência, pasmem! Sabemos dessa construção absurda e a muitas de nós faltam forças suficientes para o caminho de volta. Sentimo-nos impotentes e não raro, a depressão se acerca. Perdemos o brilho da individualidade, perdemos a criatividade, perdemos nossas peculiaridades, perdemos...


Nas palavras da própria autora: "Ao perder a capacidade de criar novos pensamentos, resta ainda à Dona de Casa a capacidade de distinguir os fragmentos: cansaço e desilusão. A morte não é nem aqui nem lá: o nosso próprio corpo é o único caixão."

Esse livro é sobre alguém jogando dardo e acertando na mosca! ?
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Dani 04/11/2022

Um livro extremamente desafiador!
Soma-se a isso um mês de alta ansiedade por conta das eleições.
Num misto de realidade fantástica e surrealismo, conhecemos a trajetória cheia de metáforas da dona de casa, entre seu nascimento e morte (e pós-morte!?)
Com certeza é um livro que voltarei daqui há uns anos pra pescar as metáforas que não me fisgaram.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 09/02/2022

Já Li
"Nascimento e Morte da Dona de Casa" é narrado em terceira pessoa e conta a história de vida de uma mulher cujo nome o leitor não sabe, pois ela é apenas referenciada como Dona de Casa. No início da história, sabemos que ela é uma garota de uma família muito pobre, negligenciada pela mãe mas adorada pelo pai, que gosta de ficar sozinha dentro de um baú comendo pão mofado. A menina é propensa a pensar sobre a morte de todas as coisas e pessoas, até que a mãe arranja um baile com o propósito de encontrar um marido para a garota que, assim, se vê lançada na vida adulta.

O primeiro ponto que eu gostaria de ressaltar é que este romance é de uma leitura difícil. Masino mistura realidade com surrealismo sem aviso prévio ao leitor então, no meio de um parágrafo, você percebe que estava lendo, aquele tempo todo, um devaneio da Dona de Casa, e não algo que realmente aconteceu em sua vida. E, às vezes, acontece o oposto, o leitor fica se perguntando se aquele evento foi real ou imaginação. No decorrer da leitura, isso me cansou bastante e eu quase perdi o interesse pela história, mas me mantive firme pelo famoso "quero ver onde isso vai chegar".
Esse estilo de escrita de Masino me fez pensar em uma mistura de Virgínia Woolf com Elena Ferrante, duas gênias-musas-rainhas do meu coração literário. Temos os fluxos de consciência e a intensa vida interna tão característicos de Woolf, e em paralelo temos a narração profunda e comovente dos eventos da vida cotidiana de Ferrante. Embora tenha sido cansativa, essa mistura proporcionou momentos muito bonitos, como esse aqui que separei para vocês:

"A necessidade de um descanso na forma de uma partida definitiva, começou, desde então, a tornar-se um sofrimento em cada minuto do dia, dava-lhe vontades teimosas de aniquilação, e por isso se viessem lhe dizer que todas as crianças nos dormitórios haviam morrido sob a queda do edifício, ela teria respondido "Benditas sejam"." (pág. 205)

Outro ponto que me achou a atenção é que Masino quase não dedicou tempo para o marido da Dona de Casa, o que tem seu lado bom e seu lado ruim. O lado bom é que o foco da narrativa é cem por cento a vida interior da Dona de Casa e sua necessidade/urgência de fugir da rotina doméstica antes de enlouquecer, e como esta necessidade se transforma em sonhos e alucinações conforme ela envelhece. O lado ruim é que não há nenhum antagonista no enredo, e este é outro motivo pelo qual a leitura se torna difícil. No começo, achei que seria sua mãe, muito parecida com a mãe da Lenú de Ferrante, mas essa plot não se desenvolveu além dos primeiros capítulos. Foi então que pensei que o marido seria o antagonista, mas ele mal aparece e, quando o faz, não fede nem cheira, ou seja, não contribui em nada para a história.
Assim, o enredo fica carente de eventos que o impulsionem adiante e, depois de algumas páginas, vai se tornando tedioso, por mais que Masino tenha escrito trechos muito poéticos ao longo dele.
A ausência do marido também me incomodou por sua irrealidade. Um homem heterossexual na Itália fascista dos anos 40 jamais aceitaria que a Dona de Casa não teve filhos - jamais. Sinto que Masino perdeu a oportunidade de explorar isso em seu livro, coisa que Ferrante faz muitíssimo bem.

Se você não quiser receber um spoiler, sugiro parar a leitura deste post por aqui.
Mas se você não se incomoda em saber o final do livro, taí a única parte deste romance que eu gostei - porém, todavia, contudo, não sei se entendi direito. * ri de nervoso *
Eu entendi que, ao completar quarenta anos de idade, a Dona de Casa fingiu a própria morte como forma de se libertar, buscou refúgio e moradia na capelinha do cemitério e passou o resto da sua vida visitando o próprio túmulo.
Assumindo que eu entendi certo, eu adorei esse final. É surpreendente, diferente e coerente com a personalidade da Dona de Casa, afinal, ela passou praticamente toda a sua vida pensando sobre a morte. Achei natural que ela morasse em um cemitério pois isso não a assustaria, ao contrário, seria interessante para ela. E achei profunda a mensagem que este fim transmite, como se a Dona de Casa só pudesse se libertar de todas as chatíssimas exigências e responsabilidades da vida doméstica quando morre, seja essa morte real ou metafórica.

Ainda assim, não é uma leitura que recomendo. Achei o caminho muito tortuoso só para chegar em um final interessante que se desenrola em duas páginas do Epílogo. Eu gosto muito da mensagem do livro e da reflexão que ele provoca, mas acho que a Ferrante faz um trabalho muito melhor em retratar a opressão da mulher.


site: https://perplexidadesilencio.blogspot.com/2022/02/ja-li-154-nascimento-e-morte-da-dona-de.html
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Elo 01/01/2022

A leitura transita pelo onírico e pelo realismo mágico, por isso demonstra muita dificuldade, especialmente por experimentar vários gêneros: romance, diário e teatro.
Apesar da dificuldade, que eu sinceramente não esperava, vale a pena demais, mesmo que talvez você precise se preparar pra leitura. Me lembra muito a sensibilidade e a não linearidade da clarice lispector.
Começamos com uma criança (que se assemelha a Merida, de Valente, da Disney), que mal come na mesa, mas vive presa em um baú inóspito e, para não matar a mãe de desgosto, se permite um casamento. Aqui nasce a dona de casa, em meio as concessões que faz por terceiros. Vemos essa construção da "do lar" ao vivo, o que é bem doloroso.
Não é spoiler, mas a morte da dona de casa se assemelha a esse início: seco e esquecido. Basta observar as mulheres e matriarcas da história de nossas familias, a maioria só é lembrada por suas procurações. Aqui faço um destaque ai trabalho editorial da instante que optou por colocar uma foto muito certeira na orelha que retrata exatamente o que o livro quer dizer.
Do mais, vale o desafio.
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Gisele Gusmão 29/12/2021

Nascimento e morte da dona de casa, Paola Masino
A Dona de Casa foi uma criança solitária e com hábitos estranhos. Quando chega na adolescência resolve atender aos pedidos da mãe para se tornar uma jovem dentro dos padrões aceitáveis para ter chance de um bom casamento. Casa-se com um tio rico e vai morar numa mansão. A história mistura relatos da realidade cotidiana da Dona de Casa com fatos surreais. Uma crítica ao trabalho invisível da dona de casa, questionamentos sobre maternidade e de padrões sociais nos quais muitas mulheres se submetem. Apesar do livro ter sido escrito na década de 30 ainda é um tema atual.
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Nati 17/12/2021

Entre absurdos e a realidade absurda
Nascimento e morte da dona de casa da autora Paola Masino é um livro que originalmente foi publicado em 1945, em plena Itália dominada pelo regime fascista.
Esse dado é muito importante para se julgar esse livro, pois todos os capítulos enquanto eram publicado periodicamente em formato de folhetim em uma revista eram revisados pela censura e depois, quando ele enfim foi publicado em formato de romance foi novamente exposto a censura.

Então, Paola escreveu pensando em burlar a censura, em um texto que a censura pudesse ler e não percebe-se o conteúdo a ser censurado contidos no texto.

Esse fato é bastante importante ser destacado, pois o texto é de difícil interpretação do início ao fim, mas não pelo prazer de ser difícil e sim pela circunstâncias em que ele foi publicado.

Isso pode assustar muitos leitores, afastar dessa leitura que, particularmente para mim, não foi tão prazerosa quanto eu costumo buscar que minhas leituras sejam, contudo não tira o mérito de um livro com um texto que brinca o tempo todo com o absurdo e o irreal e o absurdo da realidade.

Não vou dizer, que mesmo lendo em uma Leitura Coletiva, o que ajudou bastante, eu consegui entender todas as metáforas e referências da obra, porém o que eu entendi me levou bastante a admirar a coragem da Paola de falar de temas como o papel social da mulher, a condição da mulher em diferentes níveis social, o trabalho invisível das mulheres, a pressão da maternidade, a pressão estética, as relações de conflito entre as mulheres estimulados pelo sistema social, depressão e suicídio e até mesmo como isso é "negado" as mulheres. E tudo isso, ou por conta disso, em um contexto histórico em que não se falava em feminismo ainda, em pleno auge de um regime repressor, em que o papel da mulher era puramente reprodutor.

Entretanto, com muitas metáforas, em meio a um realismo fantástico em que a linha entre o fantástico e o real, o sonho e a realidade é praticamente indefinida, Paola brinca com os tipos textuais trazendo para sua narrativa o peça teatral, o diário, a poesia, tudo isso sem nenhuma linha fronteiriça com a prosa.

Não é um livro para ser devorado em um fôlego, a despeito de suas 256 páginas, mas é uma obra que além do retrato histórico, ainda é bastante atual quanto as questão do ser mulher em uma sociedade estruturalmente patriarcal.

Para finalizar vou dizer que Nascimento e morte da dona de casa trouxe uma protagonista que passa sua infância em um baú, que se despoja de si e de tudo que a constitui como aquela menina do baú para adentrar a sociedade e torna-se esposa. É essa esposa que vamos acompanhar ao longo do livro, e no fim, no derradeiro fim, ela não conseguirá se livrar do fardo de ser mulher.
Paola, com um simples quadro surreal nos diz que enquanto a estrutura social for essa, enquanto precisarmos ainda nos despir de nós mesmas para atender as expectativas sociais, nós estaremos presa aos grilhões do ser mulher.
dani 18/12/2021minha estante
Amei a resenha! Fiquei super curiosa para ler esse livro.


Nati 18/12/2021minha estante
Espero que goste do livro quando ler. É um diferente de tudo que já li, mas muito rico.


Amanda 18/01/2022minha estante
Muito obrigada por essa resenha!!




Danielle Bambace 13/12/2021

Não há coincidência
Uma colcha de retalhos brilhantes e coloridos para adornar uma caixa funerária. Quando penso na ousadia linguística deste livro, é esta imagem que me vem à cabeça. Um livro escrito por Paola Masino na década de 30, durante o regime fascista italiano e que está mais atual do que a novela das oito (seja lá qual ela for agora). Uma obra robusta, que exige fôlego e desprendimento, brinca com o realismo mágico e beija o surreal a toda hora. Não há coincidência na vida e minha leitura anterior foi A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Demorei anos para me propor a ler um texto que eu sabia desafiador. E qual não foi a minha surpresa: há uma série de entrelaçamentos entre os dois livros e, talvez, entre estas mulheres. Não achei informações sobre essa possível influência, mas isso é nada - por viverem no mundo em que vivemos, acho que as mulheres carregam representações emocionais similares (digam lá, arquétipos). Inclusive eu e você. Poder exorcizar o machismo, o ridículo burguês e a tragédia dos dias comuns deveria ser currículo obrigatório para seguir adiante. Fica o meu sincero convite à leitura destas duas mulheres.
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Thais 21/11/2021

A vida e morte de uma dona de casa no período fascista italiano, onde o objetivo de uma dona de casa era manter o lar seguro, administrar a família e ter mais filhos.
Trata se de uma leitura difícil, chata e desinteressante. A obra passa por diversos gêneros, teatro, diário entre outros. Não é possível separar sonho de realidade e a escritora não se preocupa é dar empatia a sua personagem.
Não recomendo a leitura, mas a quem quiser se aventurar indico os vídeos da leitura coletiva do canal do YouTube Ler Antes de Morrer.
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DIRCE 07/11/2021

Um livro fora da caixinha ?
Logo nas primeiras páginas da leitura, pensei: esse livro parece ser completamente fora da caixinha, apesar de ( ou por ) ele se iniciar com uma garotinha, cuja infância transcorria dentro de um baú. Uma garota bem estranha que, nos dias de hoje, seria enviada às pressas a um divã. Os anos se passaram e a garotinha se transformou em uma jovem nada atraente , na verdade, suja na opinião da mãe , e sua condição tão peculiar fez com inúmeros casaidores a rejeitassem. Até que finalmente a jovem concordou em ser mais uma dentro da caixinha. A jovem foi preparada - um trabalho árduo, diga-se de passagem- para ser mais uma a seguir de acordo o figurino. Finalmente ela se casa e se torna mais uma a mercê do patriarcado, entretanto, recusou-se a ter filhos.
Pelo meu breve resumo parece ser um livro de fácil leitura, não é? Só aparência, pois P. Masino se utiliza de muito símbolos, lança mão ao realismo mágico, de uma viagem onírica – esta foi a parte do livro mais difícil para mim . Também não gostei das alternâncias do gênero textual, ora um ensaio, ora um diário, ora teatral.
Mas Nascimento e morte da dona de casa é uma obra fora da caixinha? Bem a menina do baú pode até ser considerada fora da caixinha, mas quanto ao livro , acredito que o adjetivo que lhe faz jus é fora de série. Uma obra que leva a reflexão do papel da mulher na sociedade e soma-se a essa reflexão, de acordo os entendidos, uma crítica ferina ao regime fascista, mas ainda assim, opto por 4 estrelas, haja vista que determinados trechos achei monótonos.
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CAcera3 23/10/2021

Desafiador e necessário
O livro tem seu primeiro capítulo contando um pouco da infância da personagem principal. Vale aqui dizer que os personagens em sua grande maioria não tem nomes próprios, inclusive a Dona de Casa (como é chamada em quase todo livro). Esse início tem uma atmosfera bastante densa, até mesmo gótica. Nos deparamos com uma protagonista que tem reflexões muito profundas e um intrigante flerte com a morte. A Dona de Casa irá passar por diversas situações e conhecer pessoas e lugares que agregarão bastante à história.
O romance todo é uma crítica bastante contundente ao papel da mulher na sociedade durante o período facista de Mussolini. Ele sofreu censura no período em que foi escrito e só foi ser relançado décadas depois.
A escrita da autora italiana Paola Masino não é das mais fáceis. Ela se utiliza de muitas metáforas - comuns em épocas onde há censura - e sua narrativa segue por vários estilos ao longo da história. Com cenas bastantes alegóricas a autora consegue entrelaçar a realidade e o surreal trazendo até o leitor os devaneios e opiniões da Dona de Casa. Apesar de termos que levar em consideração o contexto histórico da história e do período em que ela foi escrita, Nascimento e morte da Dona de Casa é bastante atual em diversas de suas críticas e antes mesmo da ideia de feminismo existir, Paola Masino questiona o ser mulher em sociedade e problematiza a existência feminina.
Pela primeira vez em anos eu senti a necessidade de usar marca texto em um livro meu e usei bastante.
Um livro que exigiu bastante de mim, mas em compensação me trouxa bastante. Denso, reflexivo, forte, necessário.

?porque a amo. E a deixei livre para que pudesse ser inteira. Integre-se sozinha, se faça completa em si mesma.? - Jovem Moreno
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Karla.Marisa 18/10/2021

Não deu pra mim
Eu fico com vergonha de dar essa nota, mas pra mim esse livro não deu. Eu entendi as críticas que a autora quis fazer (e concordo) sobre a falta de visibilidade e o papel que é dado à mulher dona de casa MAS eu não gostei do surrealismo que a autora usou no livro, eu me sentia perdida frequentemente durante a leitura (até entendo que podia ser a intenção da autora)... mas eu não queria voltar pra história...
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