O corpo crítico

O corpo crítico Jean-Claude Bernardet




Resenhas - O corpo crítico


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Marcelo 09/06/2023

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
Jean-Claude Bernardet tem 86 anos e é um importante crítico teórico de cinema que, apesar de ter nascido na Bélgica e ter vivido a infância em Paris, veio com a família para o Brasil aos 13 anos de idade. Figura de grande relevância e contribuição do cinema Brasileiro e Internacional, foi um dos criadores do curso de cinema da UnB, em Brasília, e deu aulas de História do Cinema Brasileiro na ECA, até se aposentar em 2004.

Durante sua vida Bernardet sofreu de meningite, perdeu parte da visão e foi diagnosticado duas vezes com câncer. Na década de 80 descobriu que era portador do vírus HIV. Nunca escondeu sua condição e em todas elas sempre procurou ajuda médica e fez o possível para cuidar de sua saúde e prolongar sua vida. Só que dessa última vez, com a descoberta do câncer de próstata, Bernardet decidiu não mais combater o câncer e sim tentar viver o maior tempo possível com qualidade de vida, sem tratamentos médicos e no máximo com cuidados paliativos.

?Preciso sair desse limbo dos pré-mortos para onde vou sendo empurrado, o que vai me matar não é a doença, é a rede que está se fechando em volta de mim?, diz o crítico.

Dentre as reflexões que o autor faz em sua escrita estão a relação ?longevidade e capitalismo? onde o objetivo da medicina não é a vida do paciente, mas sim retroalimentar a indústria dos laboratórios e hospitais. Reflete também sobre o sofrimento do paciente em condições indecorosas que a família submete o doente, no afã de prolongar sua vida o máximo possível, mesmo que as custas de longos dias de sofrimento.

Bernardet afirma que é a favor da ?reapropriação dos nossos corpos pelo suicídio consciente e lúcido? e afirma que ?viver o máximo possível se virou um dogma? e ?os festejos centenários em vida virou um desejo, não necessariamente dos indivíduos centenários, mas do seu entorno?.

No decorrer do livro, Bernardet aborda sua relação com o corpo, seja em seu tralho no cinema, nas aulas com seus alunos, nos filmes produzidos, na convivência com o HIV, na iminência da morte.

O livro inclui ainda o texto ?A doença, uma experiência? publicado pelo autor em 1996 relatando a descoberta, a convivência e a perda de pessoas queridas para o HIV.
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Stephen Rose 03/07/2021

Lucidez como antídoto à ignorância
Um livro necessário para o Brasil bolsonarista em 2021. Jean-Claude Bernardet revisita suas memórias em busca do afeto e acolhida necessários para construirmos juntos um país sem ódio e desinformação.
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naoesteves 14/01/2023

Uma crítica encantadora sobre doença, vida e morte.
Sinceramente, não tinha dado nada nesse livro quando comprei e quando comecei a ler, numa viagem. Me surpreendeu de tantas maneiras que é até difícil organizar os pensamentos para escrever aqui.
Bernadet é um crítico de cinema já octogenário, aidético e recém diagnosticado em seu segundo câncer. O Corpo Crítico reúne ensaios que giram em torno desta pessoa, que opta por não fazer o tratamento do câncer e entender a doença como parte de si. São textos curtos, mas que geram reflexões profundas sobre vida e morte, saúde e doença, sobre como compreender nosso e outros corpos no mundo.
Ele consegue, ao mesmo tempo, ser seco e acessar pensamentos nada simples sobre diversas situações que envolvem o contexto da perspectiva de finitude, de como a medicina nos trata (ou como ele coloca, trata a doença, sem compreender a pessoa que é circundada por ela) e como nós tratamos a medicina.
Acho que se tornou um dos meus livros preferidos. Talvez seja suspeita por me interessar demais pelas relações que desenvolvemos com nosso corpo, mas de qualquer maneira acredito que seja uma leitura envolvente para vários públicos. O livro ainda traz o ensaio "Doença, uma experiência", que conta como foi o diagnóstico de AIDS do autor.
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Wellington Carneiro 24/01/2023

Coragem grande é poder dizer...
Um relato aberto e direto sobre o fim da vida e a escolha de como essa deve ocorrer. Num primeiro momento, o autor revela a descoberta da recidiva de um câncer e que não deseja tratá-lo, lançando questionamentos, tal momento é importante pelas críticas ao tabu que ronda o tema e aos serviços de saúde. Em um segundo momento, o autor versa sobre sua vida e experiências, sempre girando em torno de momentos que reforcem suas escolhas apresentadas no começo do texto.
É uma leitura curta, seca e importante para o processo de questionamento sobre o fim da vida.
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