Di Acordi 25/05/2021
Representatividade plus size sensível, muito amor e música
[Contém spoilers leves de enredo. Não comprometem a leitura.]
Harmony: Sonata do Paraíso é o novo romance de época da B. C. Siqueira e, tal qual seu título, traz uma história doce, marcada pela música a ponto de podermos ouvi-la através das páginas.
Emmeline é a caçula de três irmãos. Ao contrário de Edward e Ellen, que puxaram ao pai nos atributos físicos, Emme saiu à mãe, cujas medidas não são consideradas como dentro dos padrões da sociedade. E, devido a isso, a jovem vive sob a pressão imposta pela matriarca da família, que acredita que a filha deve se esforçar para aperfeiçoar outros atributos que a ajudem a arranjar um pretendente. Por exigência da mãe, Emmeline aprende a tocar violino e, não contente, a mulher também a faz ter aulas de piano. Contudo, no dia em que seu professor adoece, Emme é agraciada pela presença de Alexander, filho do dito professor e seu substituto temporário.
Emmeline é a protagonista plus size pela qual todas esperamos. A representatividade que a B. C. expressou é fiel e sensível e, por isso, tendo eu mesma crescido como uma menina/mulher fora dos "padrões", a identificação e cumplicidade que tive com Emme foi sem precedentes. Eu consegui me colocar em sua pele quando alguém tentou destruir seu sonho, tido como impossível apenas por ela ser gorda. Eu me vi em sua insegurança no amor, pois ela não se julga merecedora de que alguém a olhe como a pessoa maravilhosa que é. Chorei com ela quando sua mãe a impediu de comer o que ela queria, a humilhando na frente de outra pessoa. E, por fim, quando Emme se libertou, foi um alívio para mim e uma legítima sensação de vitória.
Emmeline tem o par romântico mais charmoso, doce e talentoso do mundo. Alexander carrega em si uma característica muito acertada, mais um ponto para a B. C. nesta escolha: desde o princípio, ele enxerga Emme muito além de suas medidas. Alexander é gentil e a trata com decência, a acolhe como sua aluna e se permite amá-la, e não importa a ele nada do que as pessoas pensam. Eu adoro isso porque, sim: pessoas como Alexander existem, e é lindo vê-las retratadas nos nossos livros favoritos! Se Alexander, em dado ponto, se afasta de Emme, é apenas porque pensa que sua posição social é inferior e insuficiente para ele ousar querê-la para si. E como é bonito acompanhar os pontos de vista dele, ver o quanto a acha adorável e como se apaixona, um amor forte e, a princípio, doloroso. Mas os dois se completam com perfeição. E a música torna o laço que os une ainda mais sólido.
Os personagens em Harmony são tão bem trabalhados que mesmo Eleonor, mãe de Emme, que é uma pessoa censurável, é também compreensível. A conversa entre ela e a filha, com Eleonor dizendo que tudo que quer é que Emmeline não sofra o que ela sofreu (e ainda sofre) por ser gorda, realmente nos atinge de jeito. A mulher tem a melhor das intenções, mesmo que não saiba como agir e que precise repensar muitos de seus julgamentos.
A ambientação da história é impecável. Em dado capítulo, durante um atípico dia de sol, eu mesma me senti passeando com Emme e Alexander pelos jardins da mansão, apreciando o calor na pele e a bela paisagem montanhosa. Também é louvável a descrição de como Alexander toca o piano com paixão, a intensidade e maestria na forma como ele ama a música.
Emmeline é uma protagonista plus size e as medidas de seu corpo são os menores detalhes de tudo que a compõe. Emme é uma menina com inseguranças, com um sonho e um amor que a fará voar muito acima das nuvens.
Leiam Harmony: Sonata do Paraíso na Amazon! Disponível no Kindle Unlimited.