Maria 10/04/2022
Deprimente (recomendo)
É a terceira vez que tento (e falho miseravelmente) em escrever uma resenha para esse livro. A dor e a raiva são tantas, que, ao escrever minha avaliação sobre a história deprimente de Georgia, eu não consigo terminar, tamanho sofrimento. Porém, espero que dessa vez seja diferente.
Georgia foi traída pelo amor de sua vida e pela melhor amiga, que tinham um relacionamento pelas suas costas, a tratando como nada mais, nada menos que um caso de caridade, alguém cujo os sentimentos não são válidos.
Ela foge, e dezessete anos depois, se vê de volta na cidade que a causou tanto sofrimento, depois de receber o estúdio de dança de sua antiga professora/empregadora como herança após a sua morte.
Ela consegue ser tratada como um pedaço de lixo desde o momento que coloca os pés naquela cidade. Adam a humilha por QUALQUER motivo em todas as situações possíveis, e ela nunca consegue ser totalmente compreendida porque ninguém acha os seus sentimentos relevantes.
Para adam, tudo o que Georgia sente, toda a dor em ter sido traída e desprezada, é resumido em uma única palavra: drama.
Hannah morreu com um câncer no cérebro e seu último pedido foi que Geórgia a perdoasse. Adam ligou para ela, implorando para que ela voltasse e perdoasse sua tão amada esposa (?) mas Georgia recusou, com razão.
Ele a culpa desde então, dizendo coisas horríveis como se nada do que ela sentisse fosse válido, como se gigi fosse somente uma mulher dramática e descontrolada.
?O que for que você ache que Hannah tenha feito, você fez mil vezes pior, Georgia?
?Não tente jogar a culpa da sua infelicidade em Hannah. Você pode não ter dado a mínima, mas, [*****], ela sempre esperou por você, Georgia. Até o último momento.?
?Hannah quase enlouqueceu, Georgia. Ela nunca teve paz e tudo porque você foi egoísta demais para ficar e enfrentar tudo!?
E claro, tudo gira em torno de Hannah. A tão preciosa hannah. A reencarnação da santa madre Teresa de Calcutá. A isenta de erros, a senhora perfeitinha. Definitivamente, a personagem que eu mais odeio em toda essa história.
Georgia foi culpada por pecados que não cometeu enquanto hannah, a verdadeira pecadora, foi isenta de todos eles. Ela nunca foi responsabilizada por nada, viveu uma vida perfeita e tranquila, enquanto gigi era difamada por todos da cidade por mais de 15 anos e ela nunca fez NADA para defendê-la. Nada para limpar a imagem da pessoa que ela diz tanto amar.
Ela não foi a única pessoa nesse livro que dizia tão desesperadamente amar a Georgia mas que NUNCA procurou por ela, a ofereceu qualquer tipo de ajuda ou pensou nos sentimentos dela.
Adam dizia amá-la desde o começo, mas onde estava esse amor? Um amor que não podia ser sentido, que não podia ser tocado, não podia ser visto.
E a todo momento eu me perguntava: por que ela não pode ser amada?
Por que Georgia era a única que não podia ser amada? Que não podia sentir amor da mesma forma que os outros personagens? Por quê?
A carta de hannah foi definitivamente a maior piada desse livro. Ela não se arrepende de absolutamente NADA. Ela não se arrepende de ter traído a amiga, enganado ela, ou dado o nome das filhas com os que Georgia tinha escolhido. Foi simplesmente ridículo, sinceramente.
Em determinado ponto do livro, eu só não aguentava mais. Não aguentava mais ver a Georgia sofrer, ver ela aceitando migalhas de um amor, de ler ela sendo comparada com a hannah em todos os capítulos (eu honestamente não aguentava mais LER o nome da hannah). Eu só estava exausta daquilo e continuava com o mesmo questionamento: Por que ela não pode ser amada?
Ela sofre o livro INTEIRO. É humilhada o livro INTEIRO. Ela não é escolhida, sempre é deixada de canto, e procurada pelo adam quando é conveniente pra ele.
Esse foi outro que não sofreu nada. Viveu uma vida feliz com uma esposa que ele amava (e fez questão de frisar isso em todos os capítulos) e duas filhas, e jamais procurou por Georgia. Culpando-a por ter fugido, por ter deixado pra trás as pessoas que supostamente se preocupavam com ela. E, novamente, onde estava essa preocupação? Vou colocar a seguir um trecho de quando adam descobriu que ela tinha ido embora, 17 anos antes:
?Tudo o que ela quer é atenção. Hannah. Georgia sempre fez esse tipo de coisa. ? Havia uma carência nela, que a tornava impulsiva e que podia ser descrita pela forma como se vestia e se comportava.
? Você acha?
? Eu tenho certeza. ? Virei-me para Hannah. ? Quando Georgia perceber que ninguém se importa, ela irá voltar.?
Eu só consegui ver esse amor do adam pela Georgia no final do livro, em mais de 80% da leitura e somente depois de acontecer um acidente que deixa ela debilitada por dias.
No fim, ela sempre foi a segunda opção: a segunda filha, a segunda esposa, o segundo amor, a segunda mãe. (Meu eu do futuro,5 meses depois, não concorda mais com essa análise)
Foi, sinceramente, triste. Triste por ela não se valorizar, por amar um homem que a tratou como lixo, amar uma amiga que nunca a defendeu, que nunca a amou da mesma forma.
No fim, essa é uma leitura que jamais vou esquecer. Vou sempre lembrar desse livro, lembrar que nunca devo aceitar alguém como adam e ser uma amiga como a hannah. Que, da mesma forma que Georgia, eu mereço mais.
Por mais que a história seja deprimente e tenha acabado comigo em todos os sentidos, a escrita da Jas é simplesmente maravilhosa. Me prendi do começo ao fim, não conseguindo parar a leitura enquanto não terminasse. Eu chorei e sofri muito; e isso são coisas que mostram a conexão que senti com o livro durante a leitura.
P.S: (quase cinco meses depois dessa leitura marcante, e outras 3 releituras, tenho uma opinião diferente - não em todos os tópicos citados - sobre o livro. Ainda odeio a Hannah. Tenho ódio do Adam. Mas consegui, depois de analisar minuciosamente cada frase do livro, ver o amor do adam pela Geórgia. Ainda acho que ele deveria ter sofrido mais, mas ela finalmente vai ter a oportunidade de ser feliz. E no fim, a hannah que acabou sendo a ?outra mulher?, casada com um homem que nunca a amou total e completamente e temendo o dia que a melhor amiga voltasse, pois sabia que o relacionamento dos dois nunca mais ia ser o mesmo)