Entrelivros_efilho 01/06/2021Abandonar o celibato é porta de entrada para o inferno? E se surgir o amor, até onde é pecado?
❝Conta a Bíblia, em Gênesis, que após comer do fruto proibido, Adão e Eva deixaram o paraíso, e mergulharam no mundo, esse, à mercê dos pecados, uma inevitável queda.❞
Antes de iniciar a leitura de Celibato e até mesmo desta resenha, recomendo despir-se de alguns pré-julgamentos, crenças e manter a mente aberta porque temos um protagonista padre e isso acaba tornando-se um tema polêmico para alguns, mas já adianto que o livro não é religioso e tão pouco desrespeitoso, a autora abordou religião com respeito e responsabilidade, focando apenas em questionamentos e sentimentos do ser humano, e já adianto também que até mesmo aqueles que se acham preparados para ler não se enganem, vocês não estão preparados para as profundas reflexões que essa história irá proporcionar, portanto, tenham em mente ao iniciar a leitura que o foco dessa história, nada mais é que a busca pelo perdão, pela fé, pela aceitação e principalmente, a busca pelo amor.
Padre Armando se manteve casto no celibato por 10 anos, mas quando vê a sua convicção de manter-se fiel a ele balançar, sai para um retiro espiritual para tentar se reencontrar e eliminar os tormentos de sua mente, mas o que ele não esperava era ver a tentação em forma de mulher se materializar em sua porta pedindo abrigo em meio a uma nevasca.
Mônica é uma pediatra sedutora desprovida de fé, vergonha e pudor. Seu único objetivo ao pedir abrigo em meio à nevasca é de seduzir Armando até que ele se entregue aos prazeres carnais pelo simples prazer de se vingar, mas o que ela não esperava, era que quanto ele pecava, ela se apaixonasse.
❝Eu a queria com todo o meu ser e não poderia ter.❞
A 1º edição de Celibato foi lançada em 2018, mas a autora resolveu reescrever do zero mantendo as cenas e o enredo, e quem leu o primeiro e lê esse perceberá nitidamente o amadurecimento e um novo estilo de escrita da autora, nessa segunda edição, ela tornou o enredo preciso e impecável.
Impecável a construção do enredo, dos diálogos, dos personagens, da ambientação e a transição das cenas entre drama, humor e o erótico.
Thalissa tem a escrita fluída e com facilidade nos insere no universo de Armando e Mônica, os sentimentos de ambos são tão palpáveis que com eles vivemos todo o processo de medo, dúvida, decepção e tormento, nos conectamos tanto com eles que conseguimos sentir o exato momento em que os sentimentos de ambos começam a mudar enquanto eles trilham todo um caminho de dúvidas e incertezas até chegarem ao momento inevitável de tomar as decisões necessárias.
Mônica no início é detestável, cruel, maldosa e se diverte levando o padre ao limite fazendo-o questionar seus valores e suas certezas, mas o que mais gostei nela é que ela não esconde o que é e nem a sua maldade, ela é direta e sem papas na língua e com isso aos poucos vai nos conquistando, principalmente quando se vê apaixonada e descobre que dentro de si existe mais bondade do que maldade e aprende com os seus erros.
Já Armando, é um homem que sente tudo com intensidade e luta até o fim contra os desejos do seu coração, ele nos leva do céu ao inferno com suas angústias e questionamentos, dá vontade de abraçá-lo e nunca mais soltar, ele é um personagem muito real e com isso nos ganha fácil, porque como todo ser humano, erra, arrepende e aprende com seus erros.
Certo, errado, bom ou mau? Dependendo do ponto de vista somos tanto um quanto o outro, e é isso que Mônica e Armando nos faz refletir com sua história, eles nos mostram como não adianta fugir das consequências de nossas escolhas, porque escolhemos hoje e encaramos o efeito das consequências delas amanhã.
Essa história nos mostra como muitas vezes nos perdemos pelo caminho e tomamos decisões que mudam o rumo das nossas vidas, mas que não devemos nunca perder a fé em nós mesmos e acreditar sempre que nunca é tarde para reparar os erros do passado e recomeçar.
É erótico, intenso, inquietante e reflexivo, recomendo!
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