Vaporpunk

Vaporpunk Eric Novello...




Resenhas - Vaporpunk


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Antonio Luiz 09/11/2010

Vaporpunk: o retorno da nuvem negra
Uma nova coletânea de fantasia e ficção científica da Editora Draco, "Vaporpunk – relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades", chega um ano depois do lançamento de "Steampunk – histórias de um passado extraordinário" da Tarja Editorial para retomar o subgênero e seus temas dentro de um modelo diferente.

Enquanto a coletânea da Tarja foi formada por nove contos steampunk em 184 páginas, a da Draco é formada por um conto e sete noveletas num total de 312 páginas, que se propõem como steampunk e histórias alternativas ao mesmo tempo. O que isso significa?

Muitos contos steampunks implicam alguma espécie de história alternativa. Supõem que no século XIX tornou-se realidade alguma invenção ou descoberta importante que não existiu de fato nessa época e que isso transforma profundamente a sociedade, ou que a política, a economia e a cultura tomaram rumos diferentes – fazendo do Brasil de D. Pedro II uma potência industrial, digamos. Mas isso não é obrigatório: a narrativa pode girar em torno de uma invenção isolada e sem maiores consequências sociais ou de uma aventura envolvendo engenhocas a vapor sem supor mudanças significativas na história e sociedade da época. A alma do steampunk está no jogo com clichês, pensamentos e valores do século XIX, mais do que em cenários detalhados que sejam histórica e cientificamente plausíveis. Eventos sobrenaturais, personagens literários e equipamentos impossíveis caem bem, se estiverem de acordo com concepções da época.

Uma história alternativa, por outro lado, pode passar-se no século XIX ou em outro qualquer, mas enfatiza possibilidades não realizadas de desenvolvimentos políticos, históricos e sociais, mais do que máquinas e aventuras. Em estado puro, não admite magia, invenções que a ciência moderna considere impossíveis ou a intervenção de famosos personagens de ficção. Por estranho que o cenário pareça, deve ser racionalmente justificado a partir de um “se”, um “ponto de divergência”, algo que não aconteceu, mas poderia ter acontecido, tal como a construção da máquina diferencial de Charles Babbage no século XIX ou a vitória do nazismo na II Guerra Mundial.

Uma história alternativa bem feita exige mais explicações e desenvolvimento do que um incidente pontual que pode servir de base a um conto. Procura esboçar um processo histórico e um mundo plausível. Um conto de tamanho regular pode até ter uma história alternativa implícita, mas precisa deixá-la à imaginação do leitor. Destrinchá-la com suficiente clareza exige mais espaço – daí a opção preferencial por “noveletas”, que as convenções da ficção especulativa definem como textos com 7,5 mil a 17,5 mil palavras.

Em suma, a coletânea da Draco pretende ser mais densa e complexa que a precursora da Tarja. É uma faca de dois gumes, pois isso oferece possibilidades de maiores voos criativos, mas também de maiores tropeços. Mesmo que estes sejam evitados – em geral, o foram – resultam em textos mais interessantes para um aficcionado por esses temas, mas provavelmente difíceis ou cansativos para o leitor casual ou principiante.

E poucas das noveletas respeitaram os cânones racionais da história alternativa ou da ficção científica no sentido estrito. A maioria delas contêm elementos fantásticos: magia, poderes psíquicos, personagens da literatura tornados reais, leis naturais alternativas, máquinas impossíveis, entidades sobrenaturais como deuses e lobisomens. Não são ficções científicas ou histórias alternativas da era do vapor no mundo real e sim noveletas de fantasia em cenários steampunk aos quais se tentou conferir certa densidade (pseudo-)histórica e geopolítica, às vezes de maneira forçada. Não é um juízo de valor, pois o fantástico pode ser tão interessante quanto a especulação racional, mas é de notar o desvio em relação à ideia original.

Muitas destas noveletas são de tom mais que sombrio. Em 2009, a coletânea da Tarja chamou a atenção do crítico estadunidense Larry Nolen pela percepção comum à maioria de seus contos (rara nos equivalentes anglófonos, segundo ele) de que a tecnologia e a ascensão das classes ociosas não melhoravam a vida das demais classes sociais tanto quanto deveria. Viu em vários daqueles contos uma “nuvem negra” a ameaçar com mudanças destruidoras por seu caminho. Pois elas mais parecem uma nevoazinha inofensiva em comparação com o tufão anunciado pelas noveletas de "Vaporpunk", que pressagiam catástrofes para seus protagonistas e para a humanidade. Curioso é que, embora os brasileiros sejam tidos como alegres e os portugueses como melancólicos, foi destes que vieram os contos relativamente mais otimistas – em um caso, até exageradamente ensolarado.

A primeira história, "A Fazenda-Relógio", do designer carioca Octavio Aragão, foi a única a se restringir às dimensões do conto tradicional. Abre mão de uma explicação razoável do cenário para centrar-se na ação, mas nem por isso é menos satisfatória. Em 1886, uma fazenda de café perto de Jundiaí substitui todos os escravos, de uma vez, por um sistema importado de autômatos a vapor. Os libertos, inicialmente felizes, logo descobrem que não tem para onde ir nem onde conseguir sustento. Assim como os ludditas ingleses, rebelam-se então contra o processo que os oprime, mas com mais inteligência, usando as máquinas a seu favor contra os antigos senhores e o próprio Conde d’Eu.

Como fantasia e metáfora sobre a história (ou sobre como ela deveria ter sido), é instigante, mas como história alternativa faz coçar a cabeça: o salto da escravidão para uma automação total mais avançada do que é possível em 2010 é mais improvável que um desembarque de extraterrestres. Também não leva em conta que, em 1886, as alforrias eram frequentes, a maioria das fazendas (salvo no vale do Paraíba) já trabalhava com mão-de-obra imigrante e a escravatura era um sistema em avançada decomposição, combatido ativamente por abolicionistas e enfrentando rebeliões e fugas diárias. Em Jundiaí, em particular, as alforrias foram aceleradas pela construção da estrada de ferro para Santos e a incorporação dos negros à sociedade civil foi pouco traumática. A cidade conta, aliás, com o mais antigo clube negro em atividade no Estado, o “28 de Setembro”, fundado em 1897, cujo nome alude à Lei do Ventre Livre de 1871. Teria sido mais coerente ambientar a história antes dessa lei, da Santos-Jundiaí e da guerra do Paraguai, já que, impossível por impossível, robôs em 1860 não soam muito mais fantasiosos que em 1880.

"Os oito nomes do deus sem nome", do programador e publicitário português Yves Robert, é uma história mais complexa, com um exótico pano de fundo metafísico e geopolítico: nos últimos anos do século XIX, as três potências europeias dominantes são o Reino Unido, a França e… Portugal, que ameaça sobrepujar ambos. O Reino Unido é uma potência fundada na indústria e na máquina a vapor, como na história real, mas com maiores avanços, incluindo computadores e barcos a jato. A França afirmou-se, por sua vez, com o desenvolvimento de habilidades parapsicológicas como clarividência, telepatia e telecinese. A noveleta é sobre espiões que tentam descobrir o segredo do poderio português e seria frustrante adiantar os detalhes, mas é óbvio desde o início que envolve feitiçaria africana. A narrativa segue o modelo dos folhetins oitocentistas, enfatizando os diálogos e o mistério sobre a ação e terminando em uma cena impressionante. Satisfatório para quem aprecia o estilo, embora esteja mais para terror fantástico que para ficção científica.

"Os primeiros aztecas na Lua", do médico mineiro Flávio Medeiros, é tão estranho quanto o título sugere. Gira em torno de uma operação de espionagem francesa de planos britânicos e envolve uma complicada história e geopolítica alternativas, mas o autor não foi hábil em apresentá-las. As explicações do protagonista e de outros personagens são apresentadas de maneira professoral, pouco natural, com detalhes desnecessários e nem sempre coerentes. Por exemplo, os ingleses possuem um império colonial ainda maior do que na história real, mas supostamente lhes falta um lugar adequado ao sul do paralelo 28 para instalar um “canhão lunar” à Júlio Verne. Que foi da Índia, a mais importante das colônias britânicas na história real, para não falar de outros vastos domínios tropicais?

Outro problema é o excesso de citações da ficção do século XIX: além dos próprios H. G. Wells e Verne, como ministros das ciências das duas potências rivais, comparecem Axel Lidenbrock (da Viagem ao Centro da Terra), Michel Ardan (Da Terra à Lua), o professor Aronnax (20 Mil Léguas Submarinas), o detetive Dupin (Assassinatos da Rua Morgue), Edward Prendick, o doutor Moreau e o homem invisível (dos romances de H. G. Wells), Mycroft Holmes e inspetor Lestrade (das histórias de Sherlock Holmes), a máquina do tempo e a cavorita de Wells, o submarino de Nemo e por aí vai. O fantástico, neste caso, fica por conta das invenções inviáveis, como a máquina do tempo oitocentista e balas de canhão que servem como meio de transporte sem triturar seus ocupantes. Por outro lado, é decisivo para a trama que Verne considere a cavorita impossível e a invisibilidade de Griffin torna-se apenas uma metáfora. A colagem de detalhes e referências, nem todas bem aproveitadas, é excessiva para as dimensões da noveleta: acaba por deixá-la desconjuntada. Sufoca o enredo e confunde o leitor com premissas arbitrárias e contraditórias.

"Consciência de Ébano" é do físico carioca Gerson Lodi-Ribeiro, um dos organizadores da coletânea – o outro é o português Luís Filipe Silva, que não contribuiu com textos próprios. A história é compreensível em si mesma, mas pede uma releitura dos seus outros contos e noveletas do “ciclo palmarino” publicadas na antologia Outros Brasis (Unicórnio Azul, 2006). Trata-se de uma história alternativa na qual o Brasil se divide em três: a colônia holandesa no Recife, o Brasil português e um Quilombo de Palmares que se torna uma grande nação negra independente. A peculiaridade fantástica (mesmo se justificada em termos de ficção científica) é que o Quilombo tem como arma secreta um vampiro capturado no tempo de Ganga Zumba, que serve fielmente aos planos dos líderes negros. Nesta noveleta, ambientada em um século XIX alternativo, um agente palmarino quase branco, descendente de João Fernandes e Chica da Silva, se horroriza ao descobrir a existência do vampiro e se dispõe a trair seus superiores negros eliminando o que vê como um foco de maldade e corrupção, com consequências trágicas. É a noveleta menos steampunk – tecnologia e máquinas a vapor têm nela pouca importância – e a mais sombria, com doses abundantes de crueldade, violência e tortura. Também é uma das mais bem ambientadas, graças à invenção consistente da cultura, dos costumes e dos modos de falar peculiares aos palmarinos. Fraqueja nos motivos do agente João Anduro, não suficientemente desenvolvidos para justificar a atitude drástica que o leva à desgraça.

Depois de tanto pessimismo, "Unidade em Chamas", do tradutor e escritor português Jorge Candeias, soa como uma bem-vinda lufada de esperança. Ambienta-se em um período anterior às demais, no tempo dos irmãos Alexandre e Bartolomeu de Gusmão, século XVIII. Na história real, Bartolomeu fez em 1709 experiências com pequenos balões a ar quente não tripulados (como os depois lançados nas festas juninas), mas nesta história alternativa estes tomam as características da legendária “Passarola” imaginada pela fantasia de um desenhista da época como um navio com bico de ave, provido de asas, foles e misteriosos equipamentos elétricos e magnéticos. Para os fins da noveleta, as passarolas são racionalizadas como dirigíveis a gás e ar quente, movidos por remos aéreos, que conferem ao Portugal setecentista a primeira Força Aérea do mundo.

Não há elementos mágicos, mas a descrição detalhada das estranhas aeronaves e de seu funcionamento é tão onírica e cativante quanto a de um dragão de histórias de fantasia. O estilo quase oral da narrativa e a combinação do maravilhoso com o realismo popular, sujo de suor e carvão fazem desta uma das melhores noveletas e lembram José Saramago, que também deu à Passarola de Gusmão um papel importante em seu Memorial do Convento. Candeias não imita, porém, a pontuação peculiar do finado mestre.

O protagonista é um minorca (baixinho, em gíria lusitana), camponês humilde do interior de Portugal que, depois de recrutado à força e treinado junto com muitos outros para tripular as passarolas da Armada de El-Rei, é surpreendido às vésperas da guerra pela existência de um segundo corpo de aeronautas, treinado em segredo nas colônias, formado por negros e mulatos africanos e brasileiros. Sem aviso prévio, os comandantes decidem fundir os dois corpos em um só e misturar as tripulações (um passo administrativamente improvável, mas justificável com licença poética) o que desperta o preconceito racial e gera as tensões e conflitos que conduzem o enredo daí em diante. Há violência, mortes e sofrimento, mas ao menos para o protagonista, a convivência acaba por ser construtiva e um aprendizado de solidariedade e de confiança e aponta para a superação da xenofobia.

Com "A Extinção das Espécies", do jornalista paulista Carlos Orsi, retornam as nuvens do mais sombrio desespero. Estamos nos anos 1830 e o narrador é um naturalista não nomeado que claramente é Charles Darwin: a noveleta cita longos trechos de O Diário do Beagle. Mas atenção: trata-se do jovem Darwin de uma realidade alternativa, não só do ponto de vista histórico, como também do físico. Neste universo, o élan ou “força vital” dos pensadores do século XIX e início do XX realmente existe e de alguma maneira deriva da vis viva (termo inventado por Leibnitz e usado nos séculos XVII e XVIII para o que hoje chamamos energia cinética), que pode ser obtida da luz solar. Suas aplicações foram desenvolvidas a partir de um “efeito Waldman-Ingolstadt” (ou seja, descoberto pelo mestre do doutor Frankenstein), tornando possível purificar água, mover navios, atuar autômatos e outras coisas que se lerá.

Um misterioso “Fabricante de Autômatos” alemão (seria o Spalanzani do conto “O Homem de Areia”, de E. T. A. Hoffmann?) demonstra a Darwin uma espécie de proto-nanotecnologia que permite criar máquinas capazes de se reproduzir. Ao viajar do Rio de Janeiro a Bahía Blanca no Beagle, o narrador encontra o doutor Charcot (alusão a um psiquiatra francês do século XIX, pioneiro no estudo científico da hipnose) e um correspondente do Fabricante chamado Luís Adolfo Morel, cujo nome combina os do personagem-título do romance argentino de ficção científica A Invenção de Morel (fonte de inspiração óbvia para a série Lost) com o de seu autor Adolfo Bioy Casares e seu prefaciador Jorge Luís Borges. Os dois sábios estão a serviço do general Juan Manuel de Rosas que inicia a conquista da Patagônia argentina aos araucanos ou mapuches. Com ajuda da combinação das criações do Fabricante e de Morel (cuja invenção aqui é de outra natureza), o massacre dos indígenas se torna ainda mais assustador e cruel do que na história real, de uma maneira que faz o narrador duvidar do futuro da espécie humana.

"O Dia da Besta", do tradutor e escritor carioca Eric Novello, é um conto comparativamente bem-humorado, para quem gosta de humor negro. Passa-se em um Brasil dos anos 1860 bem mais industrializado e desenvolvido que o da história real, capaz de produzir tecnologia de ponta, inclusive cavalos-robôs. A princesa Isabel adolescente é uma aviadora colecionadora de amantes, cujos voos orientam uma equipe de piratas. Napoleão III tenta enviar uma arma secreta ao ditador paraguaio Solano López que é de alguma maneira interceptada por ingleses comandados pelo embaixador Christie. Mas o navio naufraga e a arma acidentalmente libertada pelos piratas de Isabel – um lobisomem da Tasmânia, nada menos – cria o caos no Rio de Janeiro, até ser capturada e levada a um laboratório no Jardim Botânico. Um ingênuo D. Pedro II é mantido em piedosa ignorância de tudo que se passa, mas a guerra se aproxima. O cenário histórico e a intriga política são improváveis e confusos e deixam muitas pontas soltas. São apenas pretextos para a ação e o humor, que são os verdadeiros focos da noveleta e estão bem cuidados.

"O Sol é que alegra o dia…" do professor de engenharia mecânica português João Ventura, dá a impressão de ter sido escolhido para fechar o livro como o raio de sol que consola o náufrago que sobreviveu a uma tempestade aterradora, mas exagera na dose. A trama se baseia em um personagem real: o padre português Manuel António Gomes, apelidado “padre Himalaya” por sua elevada estatura, que em 1900 de fato desenvolveu um invento chamado “pyrheliophero” – um forno aquecido por espelhos e luz solar, capaz de fundir aço –, que foi apresentado e premiado na Feira Mundial de St. Louis, em 1904.

Não foi a primeira tentativa de aproveitamento da energia solar: desde 1861, o francês Augustin Mouchot patenteou várias invenções com o mesmo objetivo, incluindo fogões, máquinas a vapor, geradores de energia elétrica. Também nos EUA do século XIX, houve experiências nesse sentido. Mas na noveleta de João Ventura, é a invenção do padre Himalaya que deflagra uma revolução industrial baseada na energia solar. Ao se combinar com o motor Stirling, inventado por um pastor presbiteriano escocês em 1816, torna dispensáveis o carvão e o petróleo e origina uma sociedade ecológica e livre de poluição. Carros e dirigíveis solares logo entram em uso. Para que nada falte à utopia ecológica, iluminista e social, a tecnologia do padre Himalaya vai também possibilitar a prosperidade econômica da “Comuna da Luz”, criada na história real pelo anarquista português António Gonçalves Correa em 1916 e dois anos depois destruída pela repressão. Mas nessa história alternativa tudo é harmonia e António Salazar um inofensivo professor em Coimbra.

O tom eufórico, celebratório e panfletário da noveleta – à qual não falta nem um longo discurso à “Academia de Sciências” proferido pelo próprio Manuel Himalaya – é apenas pontuado por leves contratempos. O padre precisa visitar os netos dos irmãos Stirling e lhes pedir que autorizem o uso de sua invenção (aliás, seria desnecessário, pois a patente já teria vencido em seu tempo), mas isso se faz sem óbices. Uma “Associação Americana dos Produtores de Energia”, defensora de interesses carvoeiros e petrolíferos, tenta assassiná-lo, mas sequer consegue feri-lo. Sabota o pyrheliophero, mas não o faz a tempo. Quer destruir os carros solares, mas a trama é facilmente desbaratada pelo incipiente FBI, que oferece sua proteção ao padre português antes mesmo que ele a peça, resolve o problema sem que o inventor precise mover um dedo e não tem dificuldades em prender e levar à cadeia o mais poderoso plutocrata dos EUA (um “Paul Schroeder” à imagem e semelhança de John D. Rockefeller) sem mais provas que um telefonema ouvido apenas por dois agentes. A comuna anarquista não sofre qualquer tipo de oposição e só desperta admiração dos jornais e das elites políticas.

É demasiado sol, luz e iluminismo. Um pouco mais de sombra não teria feito mal à noveleta. Por minimizar artificialmente os conflitos que seriam politicamente inevitáveis, sua trama acaba por se mostrar a mais fraca e menos convincente do conjunto – mesmo se também é a mais próxima do ideal da “história alternativa”, ao dispensar elementos de fantasia e partir de invenções teoricamente possíveis e tecnologias de fato acessíveis à época da divergência postulada. É uma comprovação interessante de que plausibilidade científica e tecnológica não basta para conferir verossimilhança literária.

Tramas com muito conflito e violência, mas alguma abertura para possibilidades positivas, como as de Jorge Candeias e Octavio Aragão, demonstraram um meio-termo mais bem-sucedido. Outras, apesar de abusar do terror, do fantástico e do pessimismo, também acabam por ser mais satisfatórias, ao menos como entretenimento. Aparentemente, o forte da especulação brasileira está mesmo na percepção da “nuvem negra” de Larry Nolen. É curioso, pois essa mesma percepção estava bem clara em "The Difference Engine", o romance de William Gibson e Bruce Sterling que definiu o steampunk como gênero. Serão os autores brasileiros mais fiéis ao seu espírito que britânicos e estadunidenses?
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Renato 14/07/2011

Meu primeiro contato com o steampunk foi lendo uma resenha deste mesmo livro num blog literário, lá pelo final de 2010. Confesso que fiquei interessado em saber mais sobre o estilo, porém sem nunca ter "corrido atrás", já que não faz parte exatamente do estilo que me interessa.

Eis que, em março deste ano, passeando pelas prateleiras da Saraiva, encontrei por acaso esse Vaporpunk. E a primeira impressão que tive foi: que livro bonito! A editora fez um trabalho realmente muito bom com a apresentação do livro, desde a capa, a gramatura diferenciada das páginas, e a arte em geral, tudo realmente muito bom. Apesar do preço um tanto elevado (R$45,00), resolvi comprar, pois se eu não gostasse das histórias, pelo menos serviria para enfeitar minha estante...

A leitura das primeiras histórias revelou-se um teste de paciência. Talvez por nunca ter tido contato com o gênero, e justamente por não conhecê-lo direito, as três primeiras noveletas foram muito maçantes, a ponto de eu quase ter abandonado o livro (coisa que nunca fiz com nenhum). No entanto, a medida que as páginas iam sendo passadas, certo interesse começou a surgir, sobretudo nas noveletas consideradas mais científicas, digamos assim, para as quais dou nota máxima.

Falando em nota, tenho particularmente certa dificuldade em pontuar livros de contos e novelas, pela diversidade que eles apresentam. Para este, atribuí uma nota de 0 a 5 a cada noveleta lida, e no final fiz uma média, que ficou em 3,6. Não vou comentar história por história, mas posso dizer que a nota mínima que dei foi 2 (em apenas uma história), e a máxima foi 5 (em três histórias).

No geral, o livro me agradou sim, e o estio também, de modo que é provável que num futuro próximo eu volte e ler algo do gênero.
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Diego.Guzzi 18/05/2011

Esperava mais da coletanea e dos autores em relação as suas histórias.
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MarceloBighetti 22/12/2011

Apenas minha opinião (não é uma resenha)
Gostei muito da qualidade gráfica e da arte da capa. No todo o livro é muito bom, só alguns contos que não gostei muito, mas isto devido a preferências literárias pessoais. Excelente trabalho da Editora Draco.

A Fazenda-Relógio (Renato Aragão)
Em meio às demais noveletas do livro, este conto trata de um momento histórico muito importante do Brasil, o qual ao contrário do que se espera, não foi algo assim tão fácil, onde problemas maiores foram gerados. Nesta história muito criativa a realidade alternativa manteve os conflitos originais de forma primorosa. O final acompanha todo o conto em sua qualidade.

Os Oito Nomes do Deus Sem Nome (Yves Robert)
A idéia aqui apresentada é muito criativa e original, onde temos um Portugal ajudado pela África. Toda a magia envolvida na trama é curiosa. Gostei bastante. O estilo da narrativa é que não me agradou muito, mas é algo pessoal que não tem relação com a qualidade literária do autor. Apenas algumas frases que tornam o texto desinteressante como esta, onde foram utilizadas cinco linhas para dizer que nuvens cobriram a lua: Uma nuvem se aproximou da lua e uma luta iniciou-se entre as duas. A lua começou por levar a melhor, tingindo a nuvem de amarelo forte. Esta, por sua vez, foi chamar reforços e rapidamente a luta tornou-se numa batalha quando o céu se cobriu de nuvens escuras e a lua desapareceu por completo.

Os Primeiros Astecas na Lua (Flávio Medeiros Jr.)
Fui fisgado logo de início pelo título, o qual me fez deslizar rapidamente por todo o texto. A primeira metade da história é meio “empacada” mas depois segue um rítmo bom. O que mais gostei foi a idéia do autor em utilizar H. G. Wells e Julio Verne como personagens da história, e mais ainda utilizar os personagens e situações destes escritores nesta realidade alternativa.

Consciência de Ébano (Gerson Lodi-Ribeiro)
Aqui se fez necessário uma leitura mais minuciosa, deixando a descontração de lado. A trama foi muito bem elaborada, mas em alguns momentos se tornou cansativa. O desfecho é excelente, com cenas realmente fortes.

Unidade em Chamas (Jorge Candeias)
O tema proposto, que foca de uma forma ou outra na discriminação racial, junto com a ambientação criada são interessantes neste texto. A narrativa em si é que não me agradou muito, onde o andamento é meio “travado”, não que o texto seja ruim, mas questão de gosto pessoal. Não gostei.

A Extinção das Espécies (Carlos Orsi)
Aqui o autor trata de questões éticas referente ao avanço científico de uma forma muito criativa. Todas as engenhocas desempenham papéis importantes no desenrolar da história. Final que nos convida à ponderação.

Os Dias da Besta (Eric Novello)
Sou grande apreciador da História do Brasil e quando vejo um momento histórico muito bem retratado dentro de um universo fantástico como este, fico empolgado. Adorei a personificação da Princesa Isabel.

O Sol é que Alegra o Dia... (João Ventura)
Este é provavelmente o texto que mais gostei. O autor trata de dois temas fortes: religião com ciência ou vise-versa e cartéis de combustíveis contra a utillização de energia limpa e barata, onde este último me fez lembrar tudo o que Nikola Tesla passou. A narrativa é bem envolvente, mas dois pontos na história me desapontaram. Primeiro: a maneira simples e fácil como o inimigo foi erradicado não estava no mesmo nível em comparação com toda a trama; achei muito fraco. Segundo: o discurso final do inventor foi uma repetição desnecessária de todo o conto, tudo bem que tal pronunciamento se fazia necessário dentro da história, mas ficar repetindo tudo o que lemos se tornou cansativo. Ótimos fatores históricos e personagens reais nos foram apresentados aqui.

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PeqMari 25/02/2011

Fumaças e engrenagens
Com licença, senhor sinopseiro, acho que "descontraída" não é uma boa palavra para definir essa antologia. Intensa sim, complexa sim, e até as vezes pesada. Agora descontraída... talvez em um momento ou outro, mas não é a lembrança mais marcante que essa leitura me deixou.

Bom, antes de mais nada, uma definição vai bem: o gênero steampunk (derivado da ficção científica) engloba narrativas onde há algum desenvolvimento científico precoce nas tecnologias a vapor, possibilitando a utilização de instrumentos que seriam descobertos tempos depois (como a lancha), ou ainda maquinários distintos (como a passarola, uma espécie de dirigível com asas).
Com isso, já dá pra ter uma ideia do que rola no Vaporpunk, não? Ham, ok, então vamos esclarecer: steampunk + lusófonos = vaporpunk.
entendeu agora? :3

São oito autores - três portugueses e cinco brasileiros -, falando sobre possíveis passados ocorridos em território luso e tupiniquim, e em certas vezes extrapolando para o norte americano e o europeu.
Cada um possui seu jeito de escrever, mas é uma característica desta seleção como um todo a complexidade das tramas e dos cenários, os temas (polêmicos) abordados, os personagens fortes, as mudanças drásticas no passado. Todos muito interessantes.
Mas...
(leia na íntegra: http://peqmari-trocoatencaoporvidas.blogspot.com/2011/02/resenha-vaporpunk.html)
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Leitor Cabuloso 23/04/2011

RESENHA: “VAPORPUNK” DA EDITORA DRACO
A literatura é uma “caixinha de surpresas” mesmo. Depois de tantos livros lidos considerava-me conhecedor dos meus desejos, ou seja, supunha saber meus gostos e preferências literárias. Mero engano. Pois quando olho para o vapor sei que ainda estou sujeito a surpresas e arrebatamentos repentinos. O estilo steampunk conquistou-me e isto não posso negar! O livro Vaporpunk da editora Draco foi uma dessas descobertas que ficamos felizes em temo-nos feitas antes do derradeiro fim. Impressione-se com esta coletânea de novelas escritas com talento e vapor por escritores luso-brasileiros.

O estilo steampunk usa a tecnologia a vapor como mote para sustentar suas histórias, o livro em questão é todo elaborado com base neste estilo.
A revisão foi impecável e não há erros de digitação; o leitor não necessita ficar lembrando-se que está lendo um livro editado no Brasil e escrito por autores nacionais, já que suas características são semelhantes a de grandes sagas importadas que vemos por ai.

Sobre os textos são muito gostosos de ler e em nenhum deles vemos aquela tentativa de explicar o que é o gênero steampunk, daí não fica a sensação de que estamos recebendo uma aula, pois através da própria atmosfera somos emergidos neste universo e o compreendemos em seus pormenores. As histórias fluem e não possuem qualquer ligação entre si o que permite ao leitor navegar sem rumo, pode-se começar por qualquer novela, não existe a obrigatoriedade de seqüência. Como disse mais a cima, os autores diversificaram sua escrita expandindo o universo do steampunk para a introdução de vários outros elementos da ficção especulativa.

No conto A fazenda-relógio de Octavio Aragão único do livro, vemos como a lei Áurea poderia ser diferente caso os escravos fossem trocados por máquinas; Na primeira novela Os oito nomes do Deus sem nome de Yves Robert, o leitor é apresentado ao misticismo africano, onde, por meio de um pacto os deuses protegem Portugal – é uma história de suspense que pretende deixar o leitor sem fôlego; Em Os primeiros Astecas na lua de Flávio Medeiros Jr. que desenvolve um trilher policial com pitadas de ficção científica eletrizande que prende nossos olhos do início ao fim; Consciência de Êbano de Gerson Lodi-Ribeiro, escreve uma história de vampiros – confesso que senti dificuldades para lê-lo, já que o autor emprega um vocabulário africano que me fez retomar a leitura, pois muitas vezes não compreendia os diálogos, mas a história, um trilher de terror, possui um final aterrador; Unidade em Chamas de Jorge Candeias, conhecemos Sidónio um passarolista que terá que vencer o preconceito para junto as outros passarolistas negros sobreviver ao terrível exército francês; A extinção das espécies de Carlos Orsi, somos apresentados ao jovem Charles Darwin que ficará estupefato com as possibilidades das tecnologias de sua época; Em Os dias da besta de Eric Novello, o reinado de Dom Pedro II é aterrorizado por um lobisomen; E por último, O sol é que alegra o dia… de João Ventura que faz um texto quase biográfico da vida de Padre Himalaya e seus inventos que usam o sol como força motriz.

Considero, no geral, o livro um deleite a leitura de fantasia. O leitor que debruçar os olhos sobre Vaporpunk não se arrependerá, pois terá ganho muitas horas de boas histórias com situações e personagens que está acostumado a ver em outros gêneros. O livro não é de literatura fantástica nacional, mas literatura fantástica, pois seus escritores nos fazem sentir ver Brasil e Portugal de outra forma, até aparecendo serem outros lugares.

Por Leitor Cabuloso!

Link direto: http://cabulosocast.wordpress.com/2011/04/16/resenha-vaporpunk-da-editora-draco/

Site: http://cabulosocast.wordpress.com/
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Rafael.Lois 29/11/2018

Excelente
Uma excelente coletânea e uma maravilhosa introdução à literatura steampunk
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Davenir - Diário de Anarres 25/08/2021

Steampunk e História Alternativa em novelas robustas!
"Vaporpunk - Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades" foi a primeira antologia da série Mundo Punk, que além de um segundo volume, trouxe antologia de Dieselpunk, Solarpunk e Cyberpunk sendo uma das minhas séries de antologias favoritas. Este volume optou por poucas histórias e de maior fôlego, noveletas, buscando se aproximar de outro subgênero: História Alternativa. Ambos os subgêneros tem pontos de contato, como a ideia de reescrever o passado e imaginar como teria sido, mas ao contrário da HA, o Steampunk não tem obrigação com o realismo podendo inserir personagens de livros como pessoas e até elementos mágicos elevando o hibridismo com outros gêneros e subgêneros, como o Terror, a Fantasia. Se começarmos com o livro Steampunk original A Máquina Diferencial de William Gibson e Bruce Sterling, já notamos que apesar de basear-se em algumas premissas da HA, a inserção de personagens tirados de livros já mostra que o Steampunk já nasceu com uma identidade própria. Infelizmente a estética do movimento é ainda muito atrelada a glamourização da era vitoriana revisitada pela tecnologia a vapor, e nem tanto pelo aspecto crítico que Sterling e Gibson trouxeram do Cyberpunk, que é o lado punk, da atitude e rebeldia. Steampunk tem muito mais a ver com fumaça derretendo os pulmões de operários das fábricas que trajes de gala com adereços metálicos.

A Fazenda-relógio (Octávio Aragão) - O livro abre com uma história curta, que traz as máquinas a vapor em 1880 substituindo em massa os escravizados da fazenda Nossa Senhora Conceição em Jundiaí, mais outras nove fazendas através do Barão de Mauá e Dom Pedro II. Os escravizados, agora livres, iniciam uma revolta pelo abandono e a falta de lugar para eles nessa nova sociedade mecanizada. Ambrósia começa o conto vendo a primeira fazenda queimar sob a ira da revolta. Conto tem uma trama instigante que expande para além dos limites da fazenda e chega a alta cúpula da corte. É estranho a chegada das máquinas ser em 1880, pois a escravidão já estava entrando em colapso sendo o choque com a chegada das máquinas exagerado. Se essa chegada se desse ao menos quatro décadas antes, o impacto seria mais interessante. Contudo, esse detalhe está longe de estragar o conto.

Os oito nomes do deus sem nome (Yves Robert) - É uma noveleta de espionagem onde dissidentes portugueses auxiliam um francês e um inglês a descobrirem o segredo de Portugal se elevar a potência que rivaliza com a França e a Inglaterra. Desses, é sabido que a Inglaterra desenvolveu as máquinas a vapor e a indústria pela Máquina Diferencial e os franceses desenvolveram a telecinese e a inteligência com agentes altamente capacitados, contudo ninguém sabe o segredo de Portugal e quando o grupo descobre que o rei vai conferenciar secretamente em sua casa de campo é que o grupo parte em missão para descobrir o segredo. A primeira cena do conto já dá indícios bem claros que o poder português é obtido através de feitiçaria africana. Isso acaba entregando mais do que o razoável para manter o suspense, ainda que o final seja bastante surpreendente e catártico.

Os primeiros Astecas na Lua (Flávio Medeiros Jr.) - A novela conta de uma missão do governo francês para investigar a primeira missão espacial inglesa em um Séc. XIX imaginado entorno de uma guerra fria entre França e Inglaterra, tendo Jules Verne e H. G. Wells como ministros das ciências de seus países. O mundo construído é bem imaginado mas as inserções das homenagens (muitos personagens dos livros aparecem no gabinete de guerra francês) foi bastante atropelada, sem adicionar a trama de fato, principalmente os que se ligam a obra de Verne, enquanto as homenagens ao Wells foram mais coesas pois é onde se passa boa parte da ação. O trabalho acabou se tornando posteriormente um livro de contos (Homens e Monstros, 2013) e não um romance, mas quando resenhar este livro linkarei devidamente aqui!

Consciência de Ébano (Gerson Lodi-Ribeiro) - Jorge Anduro é convocado para entrar em um grupo secreto da nação de Palmares, que guarda e gere seu maior segredo e trunfo militar e estratégico. Trata-se de uma criatura mitológica que foi treinado por Zumbi, um Dentes Compridos, um vampiro. O agente não aceita a ideia de um vampiro como aliado e arma um plano para eliminar o que considera um mal. O conto é ambientado com excelência, acertando em cheio ao pensar em modos de tratamento e traços culturais originais para os palmarinos, o que facilita a apreensão desta história alternativa. O que fica devendo são os motivos do protagonista para a traição, que ficaram pouco trabalhados, mas nada que comprometa a história.

Unidade em Chamas (Jorge Candeias) - O famoso diálogo atribuído a Ernest Remingway ("Quem estará nas trincheiras ao teu lado?/ E isso importa?/ Mais do que a própria guerra.") embala a noveleta do português Jorge Candeias. Seguimos Sidônio, um oficial do corpo aéreo luso nas vésperas da invasão francesa, que alastrava-se no velho continente. Neste mundo os irmãos Gusmão desenvolveram a tecnologia a vapor criando as passarolas. Naves movidas a gás e ar quente que conseguiam elevar as naves. Eram um segredo militar que era operado apenas por alguns destacamentos até que por ordem do rei, as companhias dos Minorcas (como os portugueses brancos eram chamados pejorativamente) e os Coloniais (africanos, indianos e brasileiros) foram forçados a formar um único corpo aéreo para atuar na defesa do reino dos franceses. Acompanhamos Sidônio que descreve sua adaptação aos novos companheiros numa relação cheia de atritos principalmente por causa do racismo. O desenvolvimento dessa relação toma praticamente toda a extensão da novela no treinamento e formação das naves que eram sempre mistas, deixando a ação apenas para o final. A cena final é de tirar o fôlego e quase compensa do desenvolvimento extremamente lento, principalmente porque não foca em nenhuma relação em específico. Sidônio não faz nenhuma amizade digna de suas próprias notas o que o deixa como um narrador pouco interessante. Contudo a impressão final levanta muito a apreciação ao final da leitura.

A Extinção das Espécies (Carlos Orsi) - Acompanha um jovem naturalista inglês (provavelmente Charles Darwin) em suas andanças pela América do Sul, onde encontra a guerra de domínio na patagônia contra os indígenas mapuches na Argentina em um mundo em que o elán existe e é derivado do vis viva (termo de Leibnitz) e o domínio dessa tecnologia (por Luis Adolfo Morel, personagem de Adolfo Bioy Caseres) aliado a tecnologia de um alemão, fabricante de autômatos eleva o nível da crueldade do massacre. É interessante ver o mesmo conceito explorado em um dos contos de "Campo Total" e não vou dizer qual pois a revelação é importante e vale a pena saber.

O Dia da Besta (Eric Novello) - Se passa num Brasil com tecnologia apurada na eminencia da Guerra do Paraguai e a Princesa Isabel é uma aviadora aliada a piratas e a influência de Napoleão III e a chegada de uma nova arma que pode sair de controle. O conto é bastante divertido, ainda que não tenha qualquer preocupação científica ele compensa pelo carisma dos personagens. Acompanhamos o Conde de Taunay e seu fiel amigo, Carenza, um exímio atirador e junto com a Princesa Isabel investigam misteriosos ataques de uma besta sedenta de sangue.

O Sol de Cada Dia (João Ventura) - Conto baseado na vida do padre Manuel Antônio Gomes, conhecido por Padre Himalaya pela sua altura, que foi um dos primeiros pesquisadores do uso da energia solar, chegando a desenvolver um pyrheliophero, que tinha diversas aplicações energéticas, de metalurgia até um carro movido a energia solar. A história carece de problemas para o protagonista resolver e os que aparecem tem pouco impacto no enredo.
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