naniedias 07/01/2013A Passagem, de Justin CroninO exército dos Estados Unidos está utilizando presos sentenciados à morte para pesquisas médicas. Estão testando um novo vírus, que seria capaz de produzir um super soldado.
Wolgast é o responsável por captar esses presos e levá-los, com seu consentimento, para dentro da pesquisa. Ele não se ressente pelo trabalho que faz - até porque não sabe em detalhes o que está sendo feito a essas pessoas - até que eles o enviam para pegar uma menina.
Amy é uma garota de apenas 6 anos.
O agente Wolgast dá um jeito de ficar perto da menina quando ela recebe o vírus e, de alguma forma, sabe que com aquela menina a coisa é diferente e que ela será muito importante após os eventos que irão mudar o mundo que conhecemos de maneira irreparável.
O que eu achei do livro:
Ganhei esse livro em um sorteio em 2010 e até agora não havia tido a oportunidade de lê-lo. Então, ele ganhou na votação do Escolha para a Nanie de Dezembro e eu fui conferir essa história que já estava ávida por conhecer.
Na época em que o livro foi lançado, li diversas resenhas positivas a respeito do mesmo e lembro de ter pensado que era uma história que fazia o meu estilo (e até pensei que o enredo me lembrava algo que poderia ter sido criado por Stephen King, que é o meu autor favorito).
Assim sendo, o tamanho do livro me assustou e eu posterguei a leitura, mas estava tremendamente ansiosa e curiosa para conhecer A Passagem - uma história tão bem falada e recomendada por aí, que parecia ser justamente do jeito que eu gosto.
O livro não é ruim, mas tampouco é tão bom quanto eu esperava que fosse. É legalzinho, mas não o achei mais do que isso.
Na verdade, eu fiquei um pouco decepcionada com o que encontrei, embora tenha apreciado a leitura.
A escrita de Justin Cronin é muito boa!
O autor não poupa descrições e faz com que o leitor se sinta imerso em sua história - adoro quando encontro isso. O problema é que, em alguns momentos, parecia que a história estava enrolando, só para fazer com que o livro ficasse mais longo - e isso é algo que eu detesto quando encontro.
Veja bem, eu sou uma leitora que é fã de descrições - elas podem ser longas, minuciosas e até mesmo meio arrastadas, desde que bem feitas. O problema com Cronin não foi exatamente com as descrições do autor - que são boas e muito bem feitas -, mas com a história em si que se enrola e se arrasta em vários momentos.
Eu gostei demais da narrativa do autor, mas em diversos momentos queria que ele fosse um pouco mais rápido.
Só depois da página 200 é que o ritmo dá uma acelerada e o leitor se envolve na história que esse livro se propõe a contar. Existe, claro, uma relevância para os fatos narrados no primeiro quarto do livro, mas essa parte da trama é como se fosse um prólogo e não a história em si e ficar preso nisso por duzentas páginas é angustiante.
Além disso, o desenrolar da história é bem lento e cheio de enigmas, mistérios que foram apresentados de uma forma que eu não apreciei.
Alguns personagens falam coisas que não fazem sentido para o leitor e que no futuro (em alguns casos) até se encaixam, mas soam muito mais como encheção de linguiça do que como parte fundamental da trama. É um ponto que me desagradou bastante e que me deixava com vontade de jogar o livro na parede quando me deparava com algo do tipo.
Eu adoro mistérios, adoro coisas que parecem não fazer sentido, mas depois se encaixam perfeitamente. Só que considero isso algo muito difícil de fazer - para que não fique parecendo despropositado. Nesse livro, foi exatamente o que eu senti em várias passagens - as falas enigmáticas de alguns personagens me cansaram.
Depois que o autor passa pelo evento que muda o mundo (não vou entrar em detalhes, embora quem tenha lido a sinopse oficial do livro já saibo do que se trata - é até bacana não ler a sinopse) e a narrativa fica um pouco mais dinâmica, ainda assim há enrolação. E acho que foi isso o que mais me desagradou.
Acho que se existisse isso apenas no início, eu nem teria me sentido tão incomodada. O livro tem tudo para ser excelente e cativar todo tipo de leitor, mas a leitura acaba ficando um pouco cansativa devido a tanta enrolação.
Então o livro é um lixo?
Não, de forma alguma. O livro, apesar de tudo, é bacana e a leitura vale a pena.
Essa teoria da conspiração do exército é algo que adoro ver em obras de ficção, principalmente porque acho que isso não se restringe apenas à ficção.
A teoria de Justin Cronin é muito bem montada e muito interessante - eu adorei ver o mundo pós-caos, embora ele seja mostrado apenas de forma breve. O autor vai lançando fragmentos desse novo livro na história, contando apenas pedaços dessa nova vida, bem aos pouquinhos. E, na verdade, o leitor não sabe em detalhes tudo o que aconteceu - é preciso se aprofundar bastante na leitura, ler com muito cuidado, para que se possa captar nas entrelinhas os detalhes do apocalipse que acometeu o mundo, assim como os detalhes da vida levada pelos protagonistas. Acho o máximo ter que cavar essas informações, que o autor passa como se fossem coisas corriqueiras.
A forma como os sobreviventes foram retratados, assim como o seu modo de vida foram coisas que me deixaram bastante deslumbrada.
Os protagonistas são muito bem caracterizados e realistas! Cada um é completamente diferente do outro e ainda assim é possível ver que todos fazem parte de uma mesma comunidade - de um mesmo mundo, que já não é o nosso. Acho que o autor foi mesmo muito habilidoso ao criar os perfis dos personagens.
Em diversos momentos essa história me lembrou de Eu Sou a Lenda.
O mais incrível é que na parte da teoria do vírus ela me lembrou o livro e na parte dos fumaças, eu fui remetida ao filme (sério, para mim, os fumaças são exatamente como em Eu Sou a Lenda e foi difícil colocar as características completamente divergentes no modelo do filme - porque minha mente não aceitou que eles fossem completamente diferentes).
Não que seja tão parecido assim - porque não é... e não sei explicar por que me lembrei tanto dessa outra história (que também é muito bacana e vale a leitura!).
Talvez eu tenha me decepcionado tanto com a leitura por achar que esse livro tinha totalmente o meu estilo e, assim, estar com as expectativas tão altas quando encarei essa história.
Entretanto, acho que mesmo que houvesse lido sem nunca ter ouvido falar nada sobre o mesmo (e, portanto, sem expectativas) eu teria achado o livro um tanto morno e arrastado.
A história é boa, a narrativa de Justin Cronin é muito boa (o estilo de escrita), mas ela poderia ter sido melhor contada, melhor desenvolvida (um pouco menos enrolada - repito tanto essa palavra porque ela se encaixa perfeitamente no que o livro me passou).
O final é bastante chocante e eu quero muito o próximo livro - mas, honestamente, espero que o autor enrole menos e seja mais direto ao contar o que eu quero tanto saber.
* Como assim duas editoras?
Na verdade, esse não foi um livro publicado por duas editoras em conjunto, mas apenas por uma: a Sextante. Essa editora hoje em dia usa o selo Arqueiro para os seus livros de ficção e, portanto, A Passagem agora sai, em suas novas tiragens, pelo selo Arqueiro.
A minha edição, entretanto, ainda está com o selo "Sextante Ficção".
Nota: 6
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