Felipe HQs e Mais 29/12/2023
Taxi Driver Francês
"Quando se escreve uma história, é indispensável beber na fonte do cotidiano."
Benoît é um diretor de cinema francês que passa por uma crise criativa. Junto de sua esposa Éléonore, ele cogita mergulhar a fundo na cultura estadunidense, onde vive já há um ano. Barman, garçom, ator, vendedor de cachorro-quente, passeador de cães... Benoît tem várias ideias de profissões para alcançar essa imersão na terra do Tio Sam, até que pensa naqyela que traria isso por completo: motorista de táxi!
Adaptado do romance homônimo de Benoît Cohen, 'Yellow Cab', da editora Pipoca & Nanquim, foi a leitura francesa do dia.
Desenhada com a maestria habitual de Chabouté - que tem como poucos o domínio do contraste do claro e escuro nas páginas -, 'Yellow Cab' tem como protagonista a cidade e, principalmente, a variedade de pessoas que habitam Nova Iorque.
Imbuído do desejo de ser taxista, Benoît encara a difícil realidade burocrática para um estrangeiro dirigir pelas ruas da cidade. Após meses de espera, eis que o diretor francês começa a dirigir seu táxi amarelo e... percebe que a realidade é mais entendiante do que imaginava.
Se Benoît tinha em mente um De Niro cruzando a cidade como Taxi Driver, a realidade o presenteia com uma enxurrada de figuras humanas - a maioria silenciosa - no banco de trás.
Ainda assim, a ideia para um filme vindouro começa a ganhar forma na mente de Benoît enquanto dirige pelas ruas. Sua intenção é abordar a história com uma mulher por trás do volante e nela discorrer sobre a invisibilidade da profissão de taxista.
Inspirado em sua esposa, Benoît imagina Éléonore como a taxi-girl do filme que está em sua cabeça. Sábia como toda boa esposa, Éléonore define bem a premissa da HQ: "O personagem principal é Nova York, não ela... eu não deveria ser a protagonista, Benoît."
Deliciosa leitura! Como sempre, Chabouté tem um capricho em desenhar as mais diversas expressões e tipos humanos. Como leitores, nos sentimos espectadores privilegiados "do balé das ruas de Nova York" desenhados pelo francês.
A HQ traz ainda, mesmo que de forma superficial, uma crítica às condições de trabalho dos estrangeiros em Nova Iorque.
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