Pandora 05/09/2021Conheci Ana Lis assistindo aos seus vídeos no YouTube. Sempre delicada, sempre educada, quando ela diz: ”comentem, vamos conversar”, é genuíno!, tem resposta, tem troca de indicações de leituras, tem diálogo.
Eu nunca tive preconceito com livro de YouTuber, porque, pra começo de conversa, o YouTube é muito diverso: tem velhos e jovens, de direita, de esquerda e de lado nenhum, com pouca ou muita instrução, tem técnicos, doutores, escritores, estudantes, tem gente sem noção, sem e com educação, maximalistas, minimalistas, perdidos na selva… é um mundo; vasto mundo.
Mesmo que eu não gostasse nada deste livro, eu buscaria dizê-lo com as melhores palavras que Ana Lis sempre dedica aos livros de autores estreantes. Mas eu gostei, ufa! Claro que tem uma coisinha aqui e outra ali que não me agradou, mas várias que sim, que são: uma escrita fluida e poética, um vocabulário apurado, a sensibilidade em retratar vidas diversas, mulheres plurais e de entrelaçar estas histórias de maneira sutil e primorosa. Vou guardar este livro com muito carinho.
Minhas impressões foram estas:
Beatriz - Conforme fui lendo a história de Beatriz fiquei surpresa com o tanto de identificação que senti, parte por sua trajetória, parte por seus pensamentos. Quando em determinado momento ela se tranquiliza ao contemplar o farol do quadro na parede, pensei: mas o que que é isso, gente? Eu sou apaixonada por faróis!
Bárbara - o que eu mais gostei aqui foi a linguagem, a forma como Ana Lis nos colocou naquele bar com tipos diversos e isso pareceu muito real, talvez uma lembrança pessoal. E a carta… ah!… a carta é de uma força poética avassaladora.
Sofia - não consegui me conectar com a Sofia, apesar das duas últimas páginas desta parte serem belíssimas. No todo, não me pegou.
Isabella - para mim a melhor história: no lirismo, na escrita, no cenário perfeito da casa da avó, que traz nos cheiros e sabores, nos gestos, nas particularidades e nas parecenças, uma memória que parece nossa. Ana Lis recriou a atmosfera perfeita, economizou nos diálogos - o que me agradou - e fechou lindamente esta história.
Omolara - “(…) senhorinhas reclamam do calor, das escadas e da falta de educação das pessoas (…)”. Me senti tão representada!!! rs…
Eu não gosto de competições esportivas, então o cenário não me agradou muito, mas gostei especialmente das lembranças de Omolara e da forte ligação familiar.
Antônia - história preferida, empatada com Isabella. Bastante verídico o retrato de uma grande família de poucos recursos enfrentando o dia a dia difícil de quem não tem segurança nem financeira, nem do dia de amanhã. Amei tudo aqui, inclusive a agilidade dos diálogos, a figura dessa mãe, tudo, tudo. Amei bem amado.
Carolina - importante narrativa sobre um relacionamento abusivo e como não é tão simples assim percebê-lo e sair dele, independente de educação e classe social.
Notas:
Prefácio de Maria Valéria Rezende.
Ana Lis é filha do escritor de livros infantojuvenis Marco Túlio Costa.