spoiler visualizarAna Lu 15/02/2024
Verdadeiro
O livro retrata momentos do luto, do sentimento de não querer perder as memórias de alguém e de não querer esquecer. É um livro tocante e verdadeiro, ao ler ele eu lembrei de momentos vividos durante a pandemia e senti um medo maior de perder quem eu amo.
Citações:
?Esses dois anos de iminência da morte, em que, de alguma forma, nos preparamos para perdê-la, foram os mais estranhos da minha vida. O fato de supostamente sabermos que ela viria a morrer logo nos fazia ? é melhor eu falar por mim ?, me fazia desejar (não sei se a palavra é essa) a precipitação da morte. Se era para ser, então que viesse logo, com o menor sofrimento possível. E o fato seguinte de ela melhorar e se estabilizar acabava gerando em mim, por incrível que soe, certa decepção, e culpa por essa decepção de ela não ter morrido.?
?E minha mãe, mestra do esquecimento, a quem eu sempre me contrapus como a lembrança insistente, agora me ensina também a esquecer. Me ensina também que o tempo é uma coisa trágica: ele acontece.?
?Mas é claro que, como esse tema me fascina e assombra desde menina, esse Deus nunca deixa de ser, ao mesmo tempo, o Deus judaico que está acima, que é masculino e todo-poderoso. Tento viver, do jeito que posso e sei, com essa contradição. Um Deus que sou eu, eu que sou esse Deus, esse Deus que é a força de pessoas juntas querendo e fazendo coisas boas e que também está fora de mim, realiza milagres e é completamente à parte do que eu penso e das filosofias que admiro.?
?Ontem à noite, em mais uma sessão de quase desespero ? com o surto do coronavírus assombrando a todos e um presidente monstruoso ?, eu instintivamente rezei não só para Deus, mas também para ela. Pedi a ela, tão doce, que intercedesse por nós, humanos, aqui nesta terra pobre e infectada.?