Bruna Fernández 24/02/2012Resenha para o site www.LivrosEmSerie.com.br- (…) Infelizmente, os objetivos dos terroristas não mudaram e a geração que logo irá emergir dos escombros deixados no Iraque será muito mais violenta e volátil do que a que saiu do Afeganistão.
- E se ousarmos contra-atacar, somos acusados pelos próprios terroristas de sermos os verdadeiros terroristas.
- Essa é a arma secreta deles, Mikhail. É bom se acostumar. (…)
Muito melhor do que o seu precedente, porém com o mesmo tema central sobre o terrorismo, O aliado oculto pode ser definido com apenas uma palavra: atual. Apesar de ter sido lançado originalmente em 2007 e aqui no Brasil em 2010 pela editora Amarylis – que fez um ótimo trabalho de tradução e deixou as capas da coleção muito bonitas – o tema do livro não está desgastado, muito menos desatualizado. Temos nesse livro como personagem principal novamente Gabriel Allon, um excelente (ocasional) profissional do Serviço Secreto israelense e exímio restaurador de arte. Gabriel é chamado por seus “chefes” para uma missão aparentemente de rotina: ir para Amsterdã examinar os arquivos de um analista de terrorismo holandês, que foi assassinado e era um contato do Serviço Israelense. Porém ao chegar na cidade, Allon descobre uma conspiração terrorista sendo promovida no undergroung islâmico de Amsterdã.
O plano? Sequestrar Elizabeth Halton, a filha do embaixador dos Estados Unidos na Inglaterra. Gabriel e seu ótimo instinto chegam com apenas alguns segundos atraso e ele não consegue salvar Elizabeth, e se vê, novamente, levado até a inteligência americana para trabalhar no resgate da jovem sequestrada, em uma corrida frenética contra o tempo.
Como afirmei no começo da resenha, esse livro tem uma temática super atual e nos ajuda compreender melhor os conflitos que ocorrem nos dias de hoje em nosso mundo. Como o autor, Daniel Silva, trabalhou como correspondente da CNN, ele dá um tom real à sua história e chega a ser aterrorizante pensar que, para os habitantes de alguns países europeus, a probabilidade de um ataque terrorista ocorrer a qualquer momento é muito alta. O autor também mostra o lado dos terroristas e como eles acreditam estar fazendo o que acham que é certo, e sua enorme fé. Nesse livro fica claro que é praticamente impossível argumentar com os extremistas.
Uma das coisas que me faz gostar muito dos livros do Daniel é que sua personagem principal não é americana, nem britânica, não faz parte da CIA, FBI, MI5, MI6. O fato de Gabriel Allon ser israelense e membro do Serviço Secreto dá um ar completamente diferente a toda história. Não existe aquele patriotismo fanático americano, mas sim uma crítica à atitudes tomadas por esse país. Não existem agentes fodões a lá James Bond cheios de tecnologias, que pulam de aviões; temos agentes reais, com sangue frio, armas boas porém simples e milhões de histórias de operações realizadas para contar. Chega a ser genial o quanto Gabriel conhece sobre as atitudes do inimigo, conseguindo, a praticamente todo momento, antecipar os movimentos deles.
É uma leitura bastante densa, não tente ler esse livro em 3, 4 dias. Você pode até conseguir, mas será uma leitura superficial e você vai perder uma ótima oportunidade de entender melhor essa guerra do terrorismo, os conflitos no Egito, as verdadeiras intenções de um terrorista e suas motivações, os problemas pessoais de alguns países da Europa e como não se pode generalizar um povo todo. Lembrando, claro, que apesar de essa ser uma obra de ficção, em alguns momentos ela parece – assustadoramente – real demais.