Camille 21/09/2011http://revistainnovative.com/o-proximo-passoO livro é dividido em três partes, contando histórias de famílias que, no fim – como era esperado – se entrelaçam. Acho importante começar por um dos pontos negativos que ele traz consigo: ele não funciona como uma boa história, ou seja, quem não acredita em espiritismo e no que está sendo falado dificilmente conseguirá ver o livro como uma história de ficção, aumentando a possibilidade de desgostarem. Isso se dá por não ser desenvolvido como uma história de ficção comum, com características que demarcam boas histórias – como riqueza em informações e descrições, mesmo quando não exageradas.
Entretanto, para os fãs da literatura e / ou espíritas o livro propõe uma história que tem muito a ensinar. Com vocabulário usado na religião, ele desenvolve temas que dão muito o que falar. O que é livre arbítrio? Nós, de fato, o temos? Se o que acontece aqui é resquício do que fizemos na vida passada, até que ponto existe o livre arbítrio? Até onde nossas escolhas interferem no não-material? Como você pode não gostar (ou mesmo gostar) tanto de uma pessoa se não a conhece? Essas são algumas das perguntas que o livro responde.
Sua linguagem é simples e para termos, digamos, mais "técnicos" ele inclui o significado em notas de rodapé. A história é cativante, por começar sem sabermos o que uma parte tem a ver com a outra, mesmo esperando que elas em algum momento se entrelacem, não há dicas anteriores a como isso vai acontecer. Apaixonador, traz também questões de como superar as dificuldades, e que mesmo se estivermos, de alguma forma, pagando por algo que fizemos na nossa vida passada podemos sim transformá-lo em coisa boa. Podemos mudar o que está aqui. Temos que, primeiro, aceitar nossa vida e pensar em como transformá-la para algo melhor.
Marcelo não traz apenas os aspectos de superação, traz temas como ódio, abandono, abuso de poder. Ensina a não submissão. Mostra as escolhas que estão além do corpo e prova, através de palavras, que não estamos sozinho mesmo quando trancados em um quarto chorando nossas tristezas e mágoas. O livro é, então, bonito, emocionante e objetivo. Além de altamente recomendado para os apaixonados por essa literatura ou crentes nesta religião.