2666

2666 Roberto Bolaño




Resenhas - 2666


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Paulo 02/06/2018

Uma queda latino-americana
Tendo como pano de fundo, e sem o qual certamente não haveria um 2666, uma série de crimes funestos contra mulheres na cidade fictícia de Santa Teresa, Bolaño nos apresenta uma obra pensada inicialmente como cinco livros, para cada uma de suas partes, e que por fim acabou sendo lançado como um tomo gigantesco contendo as cinco partes.
Na parte dos críticos, somos apresentados a quatro críticos e entusiastas europeus da obra de Benno von Archimboldi, um obscuro autor alemão considerado por eles, o maior autor alemão do pós-guerra. Essa parte ainda contém desventuras amorosas envolvendo os quatro críticos, três homens e uma mulher, e a enfim chegada à cidade de Santa Teresa, com uma pista sobre o paradeiro do autor. A partir daí os crimes começam a chegar ao conhecimento do leitor...
A parte de Amalfitano trata de um melancólico professor de filosofia da Universidade de Santa Teresa e de sua filha, Rosa Amalfitano, a que ele tanto teme perder em face dos crimes recorrentes contra mulheres. Dono de um capítulo tão intimista e que oferece uma informação valiosíssima a respeito dos crimes ao dizer que “todos estão metidos”.
A terceira parte, a de Fate, trata de um jornalista que trata de temas políticos da comunidade afro-americana no Harlem e que é mandado para Santa Teresa para cobrir uma luta de boxe, tema do qual ele não entende nada e acaba se interessando pelos crimes cometidos na cidade.
Na parte dos crimes, somos apresentados a mais de uma centena de assassinatos de mulheres entre os anos de 1993 e de 1997, mostrando além de como morreram, um pouco sobre como viveram, sendo boa parte delas operárias das várias maquiladoras existentes na região. Mostra, também, a força policial e seus esforços em desvendar os crimes, muitas vezes sem sucesso.
A parte final, de Archimboldi narra boa parte da vida do autor procurado pelos críticos na primeira parte. Autor que lutou na segunda guerra mundial e que depois viria a ser cotado para receber o prêmio Nobel alguns anos depois. Essa parte também inclui uma narração sobre a irmã mais nova do autor, Lotte.
Mais uma vez torno a reforçar que sem os crimes de Santa Teresa, não haveria o romance, por isso a leitura da parte dos crimes, tantas vezes intragável, que deixa um gosto amargo na boca, se torna essencial para entender as pretensões do autor ao explorar temas que lhe foram tão caros em vida, como os relacionamentos, a loucura e a literatura (que ele sabia não valer nada e ainda sim se dedicava tão profundamente a ela) e um retrato profundo e preciso da América Latina. É uma leitura que tem que ter braços (devido ao peso do livro) e estômago fortes para poder adentrar no mundo tão vasto e rico como o de Roberto Bolaño e sobreviver para contar história.
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Toni 24/04/2018

Acabei as 856 páginas — fonte 6? — do Bolaño e vocês acreditam que não teve equipe de reportagem irrompendo na sala? Nenhum facho de luz incidiu sobre o livro fechado? Nem sequer um coro dos anjinhos mais desafinados desceu dos céus para saudar o término do calhamaço? Humf.
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Desvarios meritocráticos à parte, 2666 é composto por 5 partes originalmente pensadas como cinco romances interligados mas que, com a morte do autor, acabaram publicadas num único volume para malhar bíceps e antebraço.
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Resumindo bem superficialmente, não é possível resumir a obra de maneira superficial. Cabem no projeto-síntese-do-mundo-inteiro de Bolaño a busca de quatro críticos acadêmicos por um autor de renome desaparecido, a história de sobrevivência desse mesmo autor durante a segunda guerra, as angústias de um professor e um repórter perdidos numa cidade dominada pela violência, a descrição minuciosa dos mais de duzentos casos de mulheres brutalmente assassinadas numa região fronteiriça no México (aqui a revolta acumulada a cada corpo encontrado logo se mistura à monotonia das autópsias, causando um mal-estar terrível). "Ninguém presta atenção nesses assassinatos, mas neles se esconde o segredo do mundo", alerta o narrador sobre as 250 páginas que constituem "A parte dos crimes", um dos pontos altos do romance que visa denunciar o descaso e a naturalizacão de uma cultura feminicida de longa data, engendrada pela impunidade do governo corrupto dos homens.
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2666 é uma valiosa meditação sobre a violência e a criacão literária: leitura que eu considero incrível mas que, é preciso admitir, sem a dose certa de entusiasmo pode ser massacrante.
Julyana. 10/05/2018minha estante
A parte dos crimes é mesmo tão árida para atravessar...


Raquel 10/11/2020minha estante
Toni, sempre gosto de ler tuas impressões sobre as leituras! Me faz perceber coisas com olhos renovados e mais atentos. Obrigada!




Silvia Ferreira 26/12/2017

Magnífico!
Não sei fazer resenhas, mas gostaria de recomendar a leitura dessa obra de Roberto Bolano. É um livro maravilhoso. Inesquecível. Tanto que o li há meses e não consigo esquecê-lo.
Não lembro quem me recomendou, só sei que o li esse ano e foi a melhor leitura dos últimos tempos. O personagem principal Archimboldi é memorável. Pra dizer o mínimo.
Apesar de ser um livro grande essa é daquelas leituras que avançam rapidamente sem que você perceba. A escrita de Bolano é rica, magnífica e ao mesmo tempo fluída.
Há trechos que são tão magistrais que se tem a impressão de sentir o que o personagem sente. É quase como se estivéssemos presentes na cena, sentindo o cheiro, vendo suas cores e ouvindo os sons.
Não sei se foi daqui do Skoob que me veio a recomendação. De qualquer maneira deixo registrado essas impressões junto com um sincero agradecimento a quem quer que tenha me indicado esse livro. Obrigada!
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Silvia Ferreira 26/12/2017

Magnífico!
Não sei fazer resenhas, mas gostaria de recomendar a leitura dessa obra de Roberto Bolano. É um livro maravilhoso. Inesquecível. Tanto que o li há meses e não consigo esquecê-lo.
Não lembro quem me recomendou, só sei que o li esse ano e foi a melhor leitura dos últimos tempos. O personagem principal Archimboldi é memorável. Pra dizer o mínimo.
Apesar de ser um livro grande essa é daquelas leituras que avançam rapidamente sem que você perceba. A escrita de Bolano é rica, magnífica e ao mesmo tempo fluída.
Há trechos que são tão magistrais que se tem a impressão de sentir o que o personagem sente. É quase como se estivéssemos presentes na cena, sentindo o cheiro, vendo suas cores e ouvindo os sons.
Não sei se foi daqui do Skoob que me veio a recomendação. De qualquer maneira deixo registrado essas impressões junto com um sincero agradecimento a quem quer que tenha me indicado esse livro. Obrigada!
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Cristiano.Vituri 05/07/2017

O inferno é 2666
A arte de escrever sobre trivialidades de forma epicamente sensacional. Mas sensacional
ainda não é a palavra correta. Bolano, conta uma historia, aparentemente comum, mas
expõe as entranhas dos personagens, pra quem já leu Detetive Selvagens, Noturno no Chile vai encontrar as similaridades na narrativa, talento nato, a sensação é de que os personagens na verdade são reais.

3 malucos, professores universitários, conceituados, e 1 mulher, aficionados pelo escritor
Archimboldi, e a procura incessante pelo desaparecido autor. Mas talvez esse não seja
o ponto principal, apesar de não parecer, o que na verdade fica evidente e claro é que
as nossas buscas por objetivos na vida, são rasas e sem sentido, como Juan Carlos Onetti,
Roberto Bolano escancara vidas comuns, e as falhas e defeitos mais intrínsecos.

A parte de Oscar fate, caramba, a autor deve ter feito muita pesquisa de campo, é incrível
como ele descreve os EUA, as relações e o desapego de Fate, por toda a humanidade
e expõe a América, sua pobreza de realces, sua automatizacao nos sentimentos, me senti lendo
Henry Miller, um profundo conhecedor da América mais profunda...

A parte das mortes...

A relação entre o policias Juan de Dios com a chefe de um manicômio é gritante com a trivialidade humana, e as verdadeiras relações que criamos, destaque também pelo modo como trabalha, que nos fim das contas assemelha-se com os professores fissurados em Archimboldi, tédio, convivência forçada, estamos ai pra isso..

A parte de Archimboldi, a mais densa, intrínseca, dramática, por vezes caótica, mas não difere nadinha da vida, da vida real, que chega a ser monótona, mesmo a tragedia e "aventura" da guerra, Bolano faz isso parecer chato, detalhes supérfluos, que povoam e aguçam nossa mente em busca de mais, mais, mais...
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Fabiana 07/03/2017

Decepção
Iniciei a leitura animada, já que livros com mais de 800 págs nunca me intimidaram. Antes sim, são um desafio que me anima.
Mas com esse as coisas não aconteceram dentro da expectativa...
Após 150 págs, os sinais já eram claros de que eu não iria me envolver. Períodos beeeem longos que lembraram Saramago (um dos meus autores preferidos!), seu seu humor mordaz. Muitas partes com uma "pegada filosófica" que definitivamente não me agradou...
E foi assim até a última pág, uma luta para manter minha proposta e seguir com a obra aré o final.
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Our Brave New Blog 29/10/2016

RESENHA 2666 - OUR BRAVE NEW BLOG
Durante um tempo eu pensei em simplesmente chegar ao blog e colocar como resenha “leia 2666, isso é tudo que eu tenho para falar”, e essa frase passa o que eu vou dizer de uma forma muito mais sucinta do que o texto de duas páginas e meia que escreverei aqui. Mas como escrever só essa linha seria injusto com vocês, eu prefiro me ferrar tentando explicar o motivo de as pessoas estarem doidas revirando o baú do chileno atrás de mais uma linha que seja para publicar e a Patti Smith (caso não conheçam, ouça isso) ter dito que 2666 é o primeiro clássico do século 21, comparável a obras como Moby Dick.
Então vamos direto ao que se trata 2666, o que por si só já leva um tempo para explicar: o livro é dividido em cinco partes, e cada parte, aparentemente, não tem nada a ver com a outra, mas tem sim. A primeira parte traz uns críticos europeus desesperados para encontrar seu recluso objeto de estudo, o escritor Benno Von Archimboldi, e, durante sua busca, eles vão parar no México e dão de cara com a informação dos crimes de Santa Teresa. A segunda é focada no guia desses malucos, o professor Amalfitano, que está numa bad vibe fodida e fica viajando foda lembrando-se da esposa e preocupando-se com a filha por causa do lugar bizarro que eles moram (Santa Teresa). Na terceira parte, nós acompanhamos Oscar Fate, jornalista político de Nova York, que vai até o México para cobrir uma luta de boxe, mas seu interesse se volta para os crimes contra as mulheres que estão sendo cometidos na cidade. A quarta parte é a dita principal, abordando os tais crimes cometidos na cidade de Santa Teresa, os policiais e as investigações sobre o caso. Na quinta e última parte, conhecemos a vida de Benno Von Archimboldi, da sua infância à passagem pela segunda guerra e depois sua vida reclusa.
Vou começar já apresentando o ponto negativo da obra: esse foi o último trabalho de Bolaño, escrito até ele morrer em 2003, e ainda faltava revisar várias paginas antes de lançá-lo. É certo que a história já estava toda ali, o que faltava era cortar umas palavras e definir um estilo mais forte para a escrita (principalmente para o primeiro capítulo), coisa que ninguém tem dúvidas que Bolaño tinha a capacidade de fazer, é só ler livros como Noturno no Chile, Estrela Distante e Amberes para checar. O problema é que morto não edita, e o livro saiu com esses probleminhas mesmo assim, então há partes que você vê uma certa repetição de palavras desnecessária, alguns advérbios que não deveriam estar lá, entre outros pequenos erros. Todos os capítulos são narrados de forma diferente mesmo assim, então nem chega a doer muito.
Agora vamos lá. A primeira coisa que eu tenho que informar ao aventureiro é que calhamaços de 850 páginas exigem paciência. O livro começa com o capítulo mais fraco em minha opinião, e vai apresentando o cenário aos poucos, focando muito no desenvolvimento dos personagens e suas relações.

CONTINUE LENDO NO BLOG: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/2666-por-roberto-bolano

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/2666-por-roberto-bolano
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Júlio 13/08/2016

Acho que dos últimos tomos que eu tive o prazer de ler 2666 foi o que apresentou a leitura mais fácil, o que por si só não é falha nem defeito, mas nesse caso é produto da habilidade do Bolaño em escrever de forma totalmente acessível, totalmente a salvo de qualquer forma de prolixidade, e ainda sim ser capaz de ter um estilo sólido e dinâmico, capaz de passar as mais diversas idéias. A obra é dividida em 5 capítulos, onde cada um apresenta um estilo próprio e histórias com vibes totalmente distintas entre si, e apesar de todas se situarem no mesmo universo a impressão que se tem é de cada uma daria um livro por si só, livros que sozinhos se sustentariam pois Bolaño consegue fazer com que cada história seja completa em sua própria diversidade.

O primeiro capítulo trata da relação entre 4 tradutores, que são ligados por uma figura literária em comum. É um livro que me lembrou um pouco Kundera, pois é basicamente sobre a interação amorosa e de amizade entre essas pessoa, temas que são tratados de forma totalmente fluída. Gostei da forma como ele descreve os motivos de cada personagem, dando justificativa para cada um e tratando suas motivações, caráteres e ações com respeito e sentido.

O segundo capítulo muda o foco de várias pessoas para uma só, se tornando mais introspectivo. Descreve a vida de um professor espanhol que leciona no México. Aqui a trama é ainda menos presente que a do primeiro capítulo, pois creio que o foco do autor era entender as motivações e preocupações de um personagem, mostrar suas idiossincrasias e tornar ele o personagem mais complexo até essa altura do livro.

O terceiro livro é novamente focado em um só personagem, porém ao invés de focar no interior e caracterização do mesmo a mira se volta para a trama. É a história de um jornalista americano que vai cobrir uma luta de boxe no México, e lá acaba se envolvendo na histórias dos assassinatos locais. É nesse capítulo que Bolaño mostra sua habilidade em descrever cenas mais dinâmicas, dando a impressão ao leitor de estar vendo um filme do Danny Boyle em seus momentos mais psicodélicos (na realidade momentos de inebriação) que ocorre nas cenas da vida noturna da cidade.

O quarto, e maior, capítulo foca nos assassinatos de mulheres durante a década de 90 na cidade fictícia de Santa Teresa. Pelo menos para mim foi o capítulo mais difícil de se ler, isso porque ele consiste na descrição de todos os casos de assassinato (sendo mais 100), não só como ele foi executado, mas muitas vezes como foi a vida da vítima e como infrutíferas foram as investigações realizadas. Imagino que esse era o efeito desejado pelo autor, ao dar tamanha atenção para cada caso a idéia de morte estatística deixa de existir, o leitor sente cada caso individualmente e assim o anestesiamento emocional é evitado, e a leitura se torna mais arrastada, pesada e densa. Ainda nesse capítulo vários personagens novos são introduzidos, alguns até com arcos próprios como o policial Juan de Dios, o supeito Klaus e o jovem Lalo.

O capítulo final, que é o meu favorito, trata de uma novela de formação (não sei qual o termo correto em português), contanto a história de um personagem da infância até seus dias de velhice, com foco especial na participação do mesmo na segunda guerra. Apesar do capítulo 4 exigir mais energia do leitor que os demais, creio que esse capítulo exigiu mais energia do autor, pois cada parte aparenta ter sido escrita com tanto esmero que por si só esse capítulo daria um ótimo livro. Aqui temos o personagem mais complexo da obra (superando Amalfitano, protagonista do capítulo 2). Normalmente não creio que grandes livros sejam baseados no conceito de grandes reviravoltas, sobre a solução de grandes mistérios ou similares, portanto costumo não ligar para spoilers, mas aqui farei uma exceção. Vale dizer que a "reviravolta" nesse capítulo não é genial, fantástica ou que justifica a qualidade do mesmo, ainda sim creio que contribua de certa forma para a apreciação total da obra.

No geral achei uma ótima experiência, é um livro que valeu muito a pena o tempo investido e eu diria que só pela qualidade do capítulo final já vale a pena a leitura.
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Dayse Lima 03/07/2016

Uma jornada...
2666 parece ter sido uma ambição bem maior que as quase 900 páginas que compõem a obra. Certamente Bolaño tinha em mente e esperava concluir um grande projeto, onde as muitas histórias e personagens abertas durante esse único volume teriam podido ser finalmente concluídas.

Foi apanhado (de surpresa, talvez) pela doença e pela morte, e o que pôde deixar no volume escrito foi uma bela história (iniciada no primeiro capítulo e retomada só três capítulos depois) e pelo menos três outras, que ficaram inconclusas.

De qualquer forma, não me senti frustrada por percorrer tão longo caminho perseguindo um único personagem que me foi apresentado já na primeira página da obra. Foi uma jornada longa, porém agradável e surpreendente.
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Valério 01/07/2016

Violência real
2666 é um livro bem extenso e traz cinco histórias distintas que se intercalam. Facilmente poderia ser cinco livros ao invés de um. Não apenas pelo número de páginas, como a quase total independência entre as histórias.
O ponto comum entre todas elas é a violência.
O cenário principal é o México. Investigações sobre o paradeiro de um grande artista levam alguns personagens até lá. Por sua vez, uma onda de crimes levam outros personagens.
Apenas no fim do livro o autor nos deixa ver o desfecho que encerra a história.
Um livro tenso, permeado de violência. Mas uma violência que nós, latino americanos, sabemos bem existir.
Uma violência real, atemorizante e que a polícia pouco pode fazer para combater.
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marcela 10/06/2016

Perda de tempo
Livro super pretensioso...
Quase abandonei diversas vezes, mas sempre continuei pensando "deve valer a pena", "deve chegar em algum lugar", "o final deve ser surpreendente".
Mas não.
É dividido em 5 partes, 5 'livros' diferentes, que contam milhares de histórias, algumas até agradáveis.
Mas o grande problema desse livro é que o autor vai emendando uma história na outra, e você pensa que ele vai chegar em algum lugar com isso, só que NÃO. São histórias em sua maioria aleatórias e desinteressantes. Uma grande encheção de linguiça disfarçada de "épico".
Acabei de ler nesse minuto e estou revoltada com o tempo desperdiçado.
A única razão pela qual eu acho que alguém recomendaria este livro seria "perdi tanto tempo nessa bosta, vou me vingar da humanidade recomendando ele pra alguém"
Davi.Rezende 05/12/2017minha estante
Kkkkkkk, imagino sua sensação rs




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Pedro Nabuco 05/02/2016

Um deserto de palavras labiríntico
Como resenhar uma obra que não tenho a certeza de ter entendido, ou melhor, já que entender é absolutamente relativo, digo que, em certo grau, mesmo tendo passado por suas quase 900 páginas, não sei se posso afirmar que com certeza li 2666. A minha impressão foi que Bolaño escrevia unicamente para si, chegava a rasgar o papel com a fúria de sua caneta e nós.
Gastei quase dois meses para ler este livro quase milenar, não direi ter sido tempo perdido, mas a sensação ao fim da leitura é diferente de todas outras que senti, o que por si só é interessante, mas ao mesmo tempo é uma sensação de que duvida de si mesma. Eu finalizei uma obra-prima magistral, um livro sem parâmetro de comparação ou simplesmente acabei de ler um amontoado de devaneios sem sentido de um escritor moribundo? A resposta é impossível, ou talvez o que mais possa se assemelhar a ela seja uma mistura das duas coisas, devaneio insanos e um toque de magistralidade.
Este livro foi o meu segundo do autor, já havia comprovado sua qualidade com a leitura de "O Amuleto" que detém certa semelhança com 2666 por ser um livro sem linearidade alguma e sem um enredo contedor de necessária coerência. Ter lido este livro antes foi importante para assimilar melhor o estilo do autor, contudo 2666 este em outro patamar de devaneios.
2666 é um livro cru, direto, sem floreios. Bolaño passa a paradoxal sensação de ser pragmático em meio a abstrações. A forma como personagens e suas biografias brotam no livro é, no mínimo, admirável. A capacidade de Bolaño em criar num espaço de poucas páginas, por vezes poucos parágrafos, toda uma história de vida, é sensacional. Para mim esse foi um dos pontos mais desconfortáveis e mais legais do livro, aí está talvez o cerne da obra, o cruzar de histórias que se iniciam mas não acabam, ao contrário, se acumulam durante a obra; são dadas muitas respostas a perguntas que nem foram feitas, e quanto as que foram feitas, essas não interessam a Bolaño.
Em certo momento o personagem Oscar Fate, ao pretender escrever sobre os assassinatos ocorridos em Santa Teresa (um dos polos da trama), diz que o que vai escrever será um "aide memoire do submundo industrial latino-americano". E para mim isto é o que faz Bolaño, no miolo de sua obra: exibe as chagas do México e da America-Latina, num tom de quase desinteresse, tédio, neutralidade. Embora sarcástico e pessimista, seus comentários não são necessariamente críticos num sentido político ou ativista, parecem-se mais com constatações amargas.
Suas reflexões sobre o fazer literário também são deveras interessantes. Bolaño escancara a alma do escritor sem jogos de linguagem ou metaforizações, vai direto ao ponto, ou melhor, vai por uma trilha torta, mas sem jamais tirar o olho do ponto onde quer chegar, e o ponto onde ele quer chegar é justamente onde queda o mistério e a beleza de sua obra.
Por fim, esta é uma leitura que para os inexperientes no autor, como eu, será profundamente frustrante, tortuosa e inócua. E justamente daí, não me pergunte como, vem o singelo brilho dela. Tal qual reflete um dos personagens em certa parte "Nem mais os farmacêuticos ilustrados se atrevem a grandes obras, imperfeitas, torrenciais, as que abrem caminhos no desconhecido." Ler 2666 é justamente se jogar no desconhecido e sair dele sem respostas, sem perguntas coerentes, mas com grandes marcas desse "oásis de horror em meio a um deserto de tédio".
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Renato 31/10/2015

Questão de família
É pecado. Eu deveria me manter calado. Como abandonar 2666? É una afirmação de má qualidade do livro ou de incompetência do leitor. Jamais lerei tudo. Jamais conseguirei atingir o consenso. O que me parece é que Bolaño é um escritor que não é da minha família. Fala uma língua que não é a minha, que é a língua de Bernhard ou de Houellebecq ou de Knausgard. No fundo, nossa capacidade de julgamento esbarra, como sempre, numa questão de linguagem. Mais do que hierarquia.
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Adriano.Santos 20/08/2015

em busca
o livro definitivo, o parâmetro para comparação, inigualável.
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