pendragons 16/02/2024
Uma história surpreendente.
Inicialmente, o enredo acompanha a história de Tyler Jones, um soldado recém-formado em uma organização criada séculos no futuro com objetivo de proteger a galáxia dos estigmas deixados por uma guerra mal resolvida. No entanto, sua vida, e consequentemente a vida daqueles ao seu redor, toma rumos nunca antes imaginados quando, por um acaso, Tyler resgata, no meio do espaço inabitável, uma garota que deveria ter vivido e morrido há duzentos anos. Como consequência, Tyler e sua equipe de desajustados recém-formada embarcam em uma aventura pelo desconhecido, buscando descobrir mais sobre o mistério acerca de Aurora O'Malley e suas capacidades além da compreensão humana.
Desde muito tempo eu anseio por essa leitura, embora tenha enrolado um pouquinho para começar (Xô, preguiça!). E preciso confessar que na medida em que fui lendo a história e avançando as páginas, minha empolgação entrou em declínio. Narração muito infantilizada (obviamente, já que o livro tem como público-alvo os mais jovens entre quinze e dezoito anos), personagens rasos e... insuportáveis.
Os fãs da saga que perdoem, mas o problema desse livro não é desenvolvimento arrastado ou pontos sem pé nem cabeça. Até porque, um ponto positivo da história no geral é que tudo acontece no momento que deve acontecer. Não há pressa para responder perguntas propostas pelo próprio enredo, tudo é bem desenvolvido do jeito e no tempo certo, dando um ar mais satisfatório a história. O que é de se esperar de dois autores que já possuem uma certa experiência com seus trabalhas anteriores. Embora, claro, alguns problemas impossíveis sejam resolvidos de maneira ainda mais impossível.
Porém, não é este o ponto principal da história? A impossibilidade das coisas acontecerem naquele universo: uma garota em sono criogênico por duzentos anos, essa mesma garota manifestando habilidades sobrenaturais, o interesse e a busca incessante das autoridades máximas por essa garota. Todos estes pontos se apoiam no ponto principal de todo o enredo: acreditar que o impossível, é sim, possível. Ou, como Tyler repete várias vezes no decorrer da obra, "é preciso ter fé".
Novamente toco no ponto que mais me irritou no livro, que foram os nossos protagonistas. Infelizmente uma parte deles ou é insuportável demais, ou desinteressante demais ou forçado demais. Isso me pegou um pouco durante a leitura e se não fosse a história intrigante e de certa forma curiosa, eu teria abandonado a leitura pelas piadas excessivamente chatas do Fin ou na desconfiança descabida da Cat. Com sorte, a Aurora e todo o mistério ao redor dela me deram forças para chegar até o fim, e preciso admitir que os últimos capítulos me surpreenderam MUITO.
Como eu disse, a história em si é muito intrigante. Ela se ramifica em pontos imprevisíveis, fazendo com que o leitor reflita sobre quais seriam as decisões que nossos heróis tomariam e suas eventuais consequências. Ainda existem algumas coisas muito óbvias, mas o plot twist principal é realmente interessante, o que me fez devorar vorazmente as últimas páginas em poucas horas. A conclusão do primeiro volume despertou até mesmo um interesse pelo segundo e já planejo lê-lo o mais rápido possível. Além disso, é perceptível a mudança na narração e nos personagens, se compararmos as primeiras páginas com as últimas. Cada um deles amadurece de maneira orgânica durante o desenvolvimento da história, trazendo reflexões mais profundas e narrações de tirar o fôlego. Sério, a narração no clímax da história é simplesmente surreal.
Portanto, a obra não é em um todo ruim. Na verdade, ela segue bem o padrão de histórias para adolescentes e jovens adultos, com um quê a mais no final. Tem seus pontos negativos, mas que graças aos positivos acabam se equilibrando na balança. Eu recomendo, mas já vou logo dizendo que pode ser um enredo que não vá agradar a todos da mesma forma.