brusilvah 11/02/2024
Sensacional!
Nunca tinha lido uma história redigida em português de Moçambique. Confesso que tive certo receio com a linguagem, além do fato de ser uma escrita mais poética, mas a leitura fluiu de forma muito natural. A história toda é muito envolvente e bem contada, mesmo com as inúmeras metáforas. O que por sinal, gostei demais. De alguma forma a linguagem poética serviu pra suavizar o horror retratado nas lembranças do personagem principal. Os personagens todos são construídos riquíssimamente, sentimos amor, ódio, compaixão, descrença, tristeza, um pouco de tudo, por todos eles. A narrativa por meio das cartas também foi muito interessante (tudo bem que os diálogos presentes pareceram um pouco inverossímeis, pois não é muito usual transcrever diálogos de forma direta em cartas). Elas nos davam algumas pistas do que aconteceu no passado, ou do que alguém imaginou ter acontecido, mas sem revelar tudo. Inclusive, esse é o grande mistério do livro, que é um pouco autobiográfico, mas nem tudo. As memórias pertencem ao personagem principal, mas nem tudo. O que é memória ou o que é inventado, nunca saberemos, mas fica a interrogação.