Lethycia Dias 13/06/2020Política de vidaEstou tentando fazer uma avaliação deste ensaio, mas ainda me faltam palavras para descrever o que li. Nos últimos tempos, tenho me interessado cada vez mais em ler sobre necropolítica, por estar atenta e revoltada com o descaso do governo brasileiro em relação à pandemia de COVID-19, e por ter lido, recentemente, o ensaio "O amanhã não está à venda", de Ailton Krenak. Foi em boa hora que "Encantamento" foi lançado. Esta semana, arranjei um tempo para ler e fiquei muito satisfeita.
A partir de uma metáfora muito interessante, os autores propõem a necessidade de voltarmos a nos encantar com a vida, em oposição aos estilos de vida que o capitalismo nos impõe, com ideias sobre uma vida que deve girar em torno de utilidade, geração de renda e aquisição de bens, que nos dizem que somos úteis apenas enquanto podemos trabalhar e "colaborar com a sociedade". A ideia de encantamento que o livro nos traz - e que eu nem ouso dizer que compreendi por inteiro - nos diz que a vida por si só vale muito mais do que isso.
Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino trazem, com esse texto rápido, uma filosofia diferente do que estou acostumada a ler, que nos instiga a descolonizar o nosso olhar e o nosso pensamento, a fim de podermos perceber as potencialidades que a vida e que nós, enquanto humanos, podemos atingir. E também nos mostram o projeto sombrio, autoritário, violento, repressor e cruel que se impõem no Brasil há séculos e contra o qual, segundo os autores, apenas o Encantamento pode persistir.
Foi uma leitura muita interessante, cujas nuances eu sei que não consegui perceber por completo, mas que me despertou uma vontade de ler e conhecer mais obras semelhantes. É um texto rápido, conciso e direto, porém bastante denso e carregado de significados.
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