spoiler visualizarYanne0 27/08/2022
Hook, Line, and Sinker
Em Hook, Line, and Sinker, o segundo livro da duologia das irmãs Bellinger, os protagonistas da vez são Hannah Bellinger, irmã caçula de Piper, e Fox Thornton, que trabalha no barco pesqueiro de Brendan. A estória se passa sete meses depois do final de "Aconteceu naquele verão" e durante esse tempo, vemos que Hannah e Fox não perderam contato e estabeleceram uma relação de amizade à distância.
A estória realmente começa com Hannah trabalhando na equipe de filmagens de Sergei, o diretor de cinema por quem ela tinha interesse no primeiro livro, e, depois de uma sugestão dela, o diretor resolve mudar o set de filmagens para Westport e Hannah acaba se hospedando na casa de Fox. Como Fox aparentemente não tem nenhum interesse amoroso por ela e Hannah gosta do diretor, os dois embarcam em um fake-dating para que Hannah possa chamar a atenção de Sergei.
Se por um lado, Tessa desenvolve melhor seus dois protagonistas, por outro ela peca por excesso. Eu não esperava ver um Fox com uma autoestima tão baixa e talvez, se a autora tivesse trabalhado essa característica nele desde o primeiro livro, eu teria ficado mais convencida da existência dela. Não foi o que aconteceu. Senti como se tivesse lendo sobre um personagem totalmente diferente do que nos é apresentado em "Aconteceu naquele verão", o que foi um balde de água fria para quem estava animada com um livro de Hannah e Fox. Sim, eu entendo que o pov do primeiro livro é baseado nas perspectivas de Brendan e Piper, mas esse Fox do segundo livro não me desceu.
A narrativa e o slow burn do casal é construída a partir da eterna lenga-lenga de Fox. Infelizmente, com isso, o personagem caiu num círculo vicioso. Eu sei que ninguém acredita que ele consiga levar um relacionamento sério adiante, mas Fox não é nenhuma vítima. Ele escolheu o estilo de vida que gostaria de seguir, ele é um pegador assumido; eu sinceramente não entendi porque todo esse drama em cima dele. E também não entendi porque isso o impediria de tomar uma decisão de ficar com a Hannah e pronto. Sim, a autora critica a masculinidade tóxica na sociedade, mas não tinha uma maneira melhor de abordar isso em vez de focar somente na repetição de pensamentos que já foram mostrados no capítulo anterior, ainda mais quando o protagonista não acompanha a evolução da estória? O pov do Fox é cansativo. Ele decide uma coisa e dois parágrafos depois volta atrás e é assim o livro inteiro. Fox diz que não é o homem certo para Hannah. Fox se convence que pode ser o homem certo para Hannah. Fox consegue trabalhar os seus traumas e se abrir com Hannah. Fox se fecha e afirma que o romance com Hannah não vai funcionar. Repita isso a narrativa toda e temos o pseudodesenvolvimento do nosso protagonista.
Gosto bastante da personalidade da Hannah e da forma que a Tessa constrói as relações familiares. Os diálogos são leves e totalmente palpáveis. A interação entre as irmãs foi um ponto positivo no livro anterior. Neste, não temos muito de Piper e Hannah ou de Hannah e Opal, porque o foco é exclusivamente Hannah e a sua evolução, tanto no aspecto do romance quanto nas suas descobertas pessoais, e Fox ? que deveria ter sido melhor trabalhado.
Um ponto que me desagradou bastante neste livro foi os pensamentos excessivos de ambos. Não temos muitos diálogos aqui e os que têm não são aprofundados, porque a gente passa mais tempo na cabeça dos personagens do que lendo as interações deles. Por outro lado, eu gostei da química e da amizade dos dois. Infelizmente os rápidos diálogos não fluem e deixam o texto exaustivo .
Sobre o fake-dating, ele é rapidamente resolvido e descartado na narrativa. Talvez se a autora tivesse insistido um pouco nele, teria tido mais leveza e situações engraçadas na estória. Elas até existem, mas são mínimas. Outro ponto que poderia ter sido melhor inserido à estória é a questão de Fox assumir o comando do barco pesqueiro. É um problema de confiança que o personagem tem e que é discutido com Hannah, porém é levemente esquecido na narração e solucionado rápido demais.
Por sua vez, a evolução da Hannah é boa de acompanhar. Para quem leu o primeiro livro sabe que ela não se sente conectada com as lembranças do seu falecido pai, porque ele morreu quando ela era praticamente um bebê. Nesse volume, ela percebe que tem mais em comum com o seu pai do que imagina ? os dois dividem a paixão pela música. A forma como Hannah é trabalhada dentro do ambiente de trabalho também me agradou. Ela aos poucos vai conquistando o espaço e se redescobrindo. Ela é mais centrada do que a Piper, portanto era o lado mais racional da estória e continua não decepcionando. Desde que percebe que não está apaixonada pelo diretor de cinema, com quem ela trabalha, e sim pelo Fox, ela concentra seus sentimentos nele e não enfrenta a mesma carga emocional (forçada) que Fox carrega durante o livro.
Eu achei muitas páginas para tratar de um background que não convence tanto assim. E o eterno looping de Fox em se autossabotar é entediante. Hannah passa a maior parte do tempo servindo de terapeuta para ele. E ele não prodige ao longo da estória até o penúltimo capítulo ? onde o personagem tem um diálogo raso com sua mãe (a respeito de TUDO que ele já falou com a Hannah) e, magicamente, ele fica curado. Não há um crescendo aqui, não há um desenvolvimento natural.
O epílogo é muito fofo e achei os hots melhor do que o volume anterior, mas eles não salvam o livro.