Presença de Antígona

Presença de Antígona Helen Morales




Resenhas - PRESENÇA DE ANTÍGONA


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Coruja 07/11/2022

Esse livro me conquistou de cara pelo título e subtítulo - sério, adoro quando se fala no clássico subvertendo expectativas. É um volume curtinho, de leitura bem rápida e fluida, que costura referências modernas com mitologia, exploradas especialmente de um ponto de vista feminista.

Em certa medida, Presença de Antígona me lembrou o trabalho da Natalie Haynes em Pandora’s Jar. A diferença é que o foco de Haynes, embora traga muitas referências modernas, é a interpretação mesma dos mitos; já Morales utiliza os mitos para jogar luz em questões contemporâneas, sendo esse debate o ponto central do livro.

Assim é que Morales traz as Amazonas, Lisístrata e suas compatriotas, Hipócrates, Ovídio e suas Metamorfoses, Diana, e a própria Antígona (entre tantos outros) para reflexões sobre violência armada nas escolas, a liderança de figuras como Greta Thunberg, Malala Yousafzai e Beyoncé, apropriação cultural, imposição de padrões de beleza e dietas insanas, o movimento #MeToo, busca por identidades não binárias, e por aí afora.

Parte da ideia aqui é apresentar essas figuras dos mitos greco-romanos - tão imbuídas no tecido cultural ocidental, parte de uma herança latina que se tornou globalizada - como referências modernas de ativismo social. Mitos que, em sua origem, foram utilizados para reforçar padrões patriarcais, retomados sob uma nova forma de resistência.

Há muitos insights interessantes, e outras interpretações que me pareceram forçar a barra para se encaixar no tema de que a autora desejava tratar. Não é exatamente um problema, porque, no final das contas, o estilo informa, e a mistura de ensaístico e biográfico abrem espaço para como a autora decide definir seus textos-base. Como diria Eco, os limites da interpretação passam também pelas experiências que o leitor traz como bagagem ao fazer sua leitura.

De maneira geral, Presença de Antígona é uma abordagem criativa e surpreendente dos velhos mitos aplicados aos problemas de sempre. Vale a pena a leitura, especialmente como um texto introdutório para debates e reflexões sobre a intersecção dos mitos que são fundacionais de nossa sociedade e o uso que podemos fazer deles para subverter expectativas e abrir interpretações.


site: https://owlsroof.blogspot.com/2022/11/presenca-de-antigona-o-poder-subversivo.html
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rhana.condado 16/10/2022

Pra ler e reler sempre que possível
O que acontece quando questionamos mitos antigos? É isso que faz esse livro. Simplesmente genial, todas as comparações e reflexões de como os mitos misóginos estão presos e presentes na nossa sociedade.
O ponto alto é como a autora sempre cria conexões com acontecimentos atuais (seja falando do movimento #metoo, falas do Spike Lee, e clipes da Beyoncé), além claro, das muitas páginas de referências bibliográficas.
Recomendo para todas as mulheres, são páginas que te mostram um certo olhar e que é ótimo pra reunir amigos e discutir sobre.
Com certeza vou reler porque, apesar das poucas páginas, o conteúdo é riquíssimo!
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estante.da.gabi 04/12/2021

Presença de Antígona: o poder subversivo dos mitos
Imaginem estas seguintes situações: Beyoncé e seu videoclipe Apeshit; e uma autoproclamada Diana, a Caçadora de Motoristas de ônibus. O que elas têm em comum?

Todas remontam a uma tradição mais
antiga do que nós: os mitos. Cada um desses exemplos nos mostram uma característica muito importante do mitos: a de servirem como modelos subversivos. Quando pensamos em exemplos como o videoclipe de Beyoncé, percebemos como ela se apropriou dos mesmos mitos utilizados para legitimar a supremacia branca, mas como forma de trazer um protagonismo negro.

E é justamente de movimentos como estes que o livro trata. A professora Helen Morales seleciona algumas situações corriqueiras que vão desde o videoclipe de Apeshit e vão até o código de vestimenta de uma escola dos EUA, a fim de mostrar de a influência dos mitos antigos sobre isso.

O livro pode ser lido por todos - até quem não está familiarizado com os mitos - porque ele tem a proposta de tornar o assunto acessível ao público. Essa é uma ótima postura da autora porque tiramos os mitos desse pedestal que muitos colocam e tiramos a ideia errônea de que ?são para poucos?.

Então, no livro, vemos que os mitos atuam na nossa atualidade por conta do poder de subversão aos valores impostos, ?justamente porque podem ser contados, e lidos, de várias maneiras.? (p.155).

Se encontramos hoje uma autoproclamada Diana, Caçadora de Motoristas de Ônibus, é porque vimos na deusa da caça um exemplo de insubmissão e de imposição de si em meio a um mundo que legitimava a violência contra a mulher. Se encontramos hoje novas releituras de mitos como o de Circe - que é o que eu pesquiso - é porque autoras como Madeline Miller viram na Circe um exemplo de mulher independente que encontra sua identidade através de sua própria magia. Assim, encontramos nos mitos novas formas de ler a sociedade em que nos encontramos e, por isso, recorremos sempre a eles, porque ?os mitos antigos não somente ampliam as histórias humanas, mas figuras e eventos atuais também nos convidam a ver os mitos antigos de novas maneiras?. (p.14)

Finalizo minha falar com o meu trecho favorito: ?Deve-se também à reimaginação criativa de mitos por artistas modernos (...). Essas novas adaptações modificam não só as tramas dos contos antigos, mas também o que eles têm a dizer sobre as mulheres, raça e relações humanas. Em outras palavras, ao modificar os mitos (histórias), os artistas subvertem os mitos, no sentido de falsas ideias e crenças, também.? (p.155)
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raissa 06/11/2021

Maravilhoso
O livro é incrível, cheio de análises e referências simplesmente impecáveis. A abordagem feminista não me frustou e a abordagem da mitologia grega me despertou ainda mais curiosidade sobre o assunto. As conexões feitas pela autora são muito boas. Recomendo demais o livro
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Karini.Couto 31/10/2021

Um livro com temática super interessante e necessária. Em Presença de Antígona - O poder subversivo dos mitos antigos de Helen Morales, temos algo que eu nunca tinha visto antes em livros com mitos clássicos falando sobre a resistência feminista na antiguidade clássica. Aprendemos e lemos sobre isso geralmente na escola, mas não fala sobre esse lado da resistência feminista e eu não fazia ideia da existência desse livro, que foi uma grata surpresa, sem dúvidas!

Incrível como Helen consegue trazer histórias onde fala sobre violência e misoginia, mas também solidariedade e empoderamento de maneira clara e até atual. São oito capítulos curtos e interessantes, além do prefácio e notas da autora..

"O que faz de um mito um mito, e não simplesmente uma história, é que foi contado e recontado ao longo dos séculos, tornando-se signifivativo para uma cultura ou uma comunidade."

Um dos mitos mais significativos contados por Sófocles, "é um dos mais conhecidos e significativos para o feminismo e para as políticas revolucionárias" e que abre essa obra, quem ainda não conhece, recomendo! A história resumida é sobre uma jovem (entre 13 ou 15 anos), que enfrenta seu tio adulto e poderoso para que possa enterrar seu irmão morto em combate contra a cidade dela, e por conta disso, seu tio, que é governante, proíbe e a condena a morte por seu desafio. Antígona, apenas uma menina e já empoderada, desafiando a autoridade masculina e indo contra tudo à dia época! Mesmo sendo vulnerável, intimidada, mulher considerada inferior, infringe a lei...

Através dessa história podemos refletir sobre como desde a antiguidade as mulheres já resistiam e clamavam por liberdade, entre outros..

Não vou me aprofundar nos mitos e histórias que Helena trás em seu enredo, para não acabar dando spoilers, já que são capítulos curtos, maa saibam que todos os capítulos são interessantes.

Resenha continua no meu Instagram @alempaginas

site: www.alemdaspaginas.com.br
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