Faby31 12/11/2021
Bom, mas poderia ser melhor
Primeiramente, quero deixar claro que o que me fez ter vontade de ler esse livro foi a capa, que é maravilhosa! Principalmente quando soube que foi a própria Andresa quem a ilustrou. Segundamente, Andresa conseguiu escrever uma sinopse que chama a atenção dos leitores, que também foi essencial pra eu ter o ímpeto de começar a lê-lo (ressaca literária é complicado skkss).
Agora, ao livro: como diz o título da resenha, ele é bom, mas poderia ser melhor. A ideia é maravilhosa: uma mulher, vítima de um relacionamento abusivo e de um assassinato pelo próprio namorado, volta do inferno em busca de vingança (não considero isso um spoiler, já que a Elisa nunca escondeu o que aconteceu e a autora também não, então vou considerar que a intenção era de construir um plot twist). Antes de comentar sobre o enredo, personagens e etc., gostaria de pontuar algo: algumas coisas passaram despercebidas na revisão, em especial a pontuação de diálogos e frases. A autora publicou de forma independente, e eu sei o quanto contratar um revisor pode ser caro, porém, os deslizes que percebi podem ser corrigidos facilmente em uma revisão mais atenta.
Vou dividir minha crítica em dois aspectos, primeiramente sobre a construção dos personagens e depois sobre o enredo em si.
Considerações sobre os personagens:
Não consegui gostar verdadeiramente de nenhum personagem, o que me deixou triste. Eu queria gostar da Elisa, mas no final eu não consegui sentir nada. Entendo que o propósito do livro fosse contar a vingança e o acontecido, mas senti muita falta de um pouco mais de Elisa sem Silas. A construção da personagem dela passou a impressão daquelas heroínas que são fodas apenas por serem fodas e é isso aí. Resumindo, achei a personagem forçada. Apesar disso, eu senti pena dela e raiva do Silas nos momentos de escrotisse dele, mas só isso.
Sobre o Silas agora: que ódio desse [*****]. E eu sentir ódio dele é bom, indica construção de personagem. Porém, eu só senti ódio, nada mais. Nos momentos em que tecnicamente era pra eu sentir pena, empatia ou nojo, eu não senti nada. Nem senti satisfação com a morte dele, pelo contrário, fiquei muito mais interessada no Daniel e no inferno do que no Silas.
Falando em Daniel, ele foi, pra mim, o personagem mais cativante da história. Não sei o exatamente me fez gostar tanto dele, foi natural. De repente eu estava shippando ele e a Elisa kjkjkj
Considerações sobre o enredo:
1 - Não sei se eu perdi essa parte, mas não vi o desfecho do assassinato da Valquíria. Apesar de ter ficado subentendido que o pai do Silas iria encobrir tudo, não houve menção ao caso por parte do pai dele. Silas poderia, sei lá, ter ficado nervoso ao descobrir que encontraram o sêmen dele, ou algo assim. Acho que ver ele todo nervoso seria muito mais satisfatório do que a Elisa simplesmente ter torturado ele;
2 - Senti falta de explorar mais o que aconteceu no inferno e os motivos pela Elisa ter voltado. O inferno poderia ter sido um cenário muito melhor explorado, assim como o personagem do Daniel. Afinal, por que ele é um demônio diferente? Por que ele ignorou o que o diabo ordena por uma mulher aleatória? E qual o sentido dela ter ido torturar ele na terra, sendo que de todo jeito ela voltaria pro inferno e iria torturá-lo pro resto a vida? Mesmo que fosse pra aproveitar ele vivo, de todo jeito, na primeira versão de final, ela mata ele.
Talvez eu mude de opinião em uma segunda leitura, mas é o que penso no momento. Agora, vamos aos elogios:
1 - A narrativa é fluída e se desenvolve de modo a não cansar o leitor, uma vez que os capítulos são intercalados entre presente, passado e futuro;
2 - A escrita da autora é muito gostosa de ler e fácil de entender;
3 - As artes dos banners de capítulos estão maravilhosas, e deram um charme. Adoraria ver o que a Andresa faria em um livro físico!
4 - Há uma ótima intercalação entre diálogos e narração;
5 - O desenvolver do relacionamento abusivo de Silas e Elisa é muito bem construído e sutil;
6 - As ações e motivações dos personagens, em sua maioria, têm boas justificativas e são mostradas muito sutilmente na história, como o ódio de Diana por Elisa;
7 - A ideia é maravilhosa, um novo modo de mostrar e falar sobre relacionamentos abusivos (tanto de pais, mães e filhos(as), quanto namorados), além de dar um gostinho de vingança que sempre quisemos ter nesses casos de injustiças.
Acredito que 99% das coisas que apontei seriam resolvidas com um acréscimo de alguns capítulos ou cenas. Apesar da intenção da autora possivelmente ter sido focar somente no relacionamento do Silas e da Elisa, como demonstra a divisão temporal do livro, acrescentar informações daria mais riqueza aos personagens e à história.
PS: nos gatilhos informados na sinopse, deveria ter sido colocado "canibalismo" também, já que é um tema que eu considero meio difícil de engolir. Ok, piada inapropriada, mas fica o aviso.