@pelospontos 19/02/2023
GAROTA, 11
Em “Garota, 11”, acompanhamos Elle Castillo, apresentadora do podcast Justiça Tardia e investigadora independente, na busca pelo Assassino da Contagem Regressiva. O assassino, há muito fora do radar, volta à ativa e, de repente, Elle se vê protagonista de uma caçada digna de ser narrada em seu podcast.
Host do podcast Justiça Tardia, Elle Castillo fala sobre crimes não resolvidos. Já na quinta temporada, aborda os casos cometidos por um serial killer conhecido como Assassino da Contagem Regressiva (ACR).
O assassino atuou nos anos 1990 e, desde então, por 20 anos, não foram atribuídos mais crimes a ele. Os números 3, 7 e 21 parecem ter significado importante nos crimes que comete: após 3 dias que sequestra a primeira vítima, uma segunda é sequestrada; as vítimas são encontradas mortas após 7 dias do desaparecimento e apresentam lesões compatíveis com 21 chicotadas no dorso. Além disso, uma vítima tem sempre 1 ano a menos que a anterior, daí vem o nome pelo qual é conhecido, e a causa da morte sempre é envenenamento por rícino. Outro aspecto importante é que as vítimas são encontradas com sinais de que fizeram trabalho pesado de limpeza nos dias antes de sua morte.
Tem-se conhecimento das vítimas de 20, 19, 18, 17, 16, 15, 14, 13 e 12 anos. Sempre foi intrigante o fato de a primeira vítima não ter 21 anos, visto que é um número importante para o assassino. Sabe-se que a última vítima, a de 12 anos, Nora, conseguiu fugir do cativeiro e, então, os crimes cessaram.
Até que Amanda Jordan, uma garota de 11 anos, é sequestrada. Informações de testemunhas deixam Elle imediatamente interessada pois o modus operandi se assemelha ao do ACR. Seu grande interesse pelo caso, entretanto, a prejudica: ao conversar com Ayaan Bishar, a comandante da Divisão de Crimes Infantis e sua colega pessoal, é dispensada pelo seu ponto de vista enviesado.
Em seguida, Natalie, a filha de 10 anos de Shash, sua melhor amiga, desaparece quando Elle se atrasa para buscá-la depois da aula de piano, fazendo com que se sinta muito culpada. A menina é sequestrada 3 dias após a garota desaparecida anteriormente e tem a idade certa. Elle imediatamente se convence de que o responsável pelo crime é mesmo o ACR. Entretanto, é dispensada novamente por Ayaan. O que não a impede de continuar investigando o caso.
Então, o corpo de Amanda Jordan é encontrado na porta da frente da casa de Elle no quinto dia após seu desaparecimento.
Seria Elle o motivo de os crimes terem reiniciado? Seria o culpado um imitador?
Elle então, em um episódio do podcast, confessa que seu nome verdadeiro é Eleanor Watson (Nora) e ela é a vítima sobrevivente do ACR.
Com a investigação concentrada no veículo envolvido no crime de sequestro de Amanda, suspeitam de que o culpado seja funcionário de uma universidade: um professor, Douglas Stevens.
Em certo ponto, a narração muda de perspectiva: agora conhecemos a história de DJ, um homem que tem em acontecimentos de sua infância explicações para a importância que dá para alguns números. Vemos também sua relação com a religião, com a obsessão por limpeza e com as sementes de mamona (das quais provém o rícino). Além de tudo isso, DJ era doutorando e narra como assassinou sua primeira vítima: um garoto de 21 anos. Sem dúvidas, estamos conhecendo o Assassino da Contagem Regressiva.
Elle vai até a casa do professor e ninguém atende a porta. Chama a polícia e logo chega Ayaan, que pede desculpas por não ter acreditado nela antes.
A policial informa que, durante a investigação, tiveram acesso fotos de uma cabana. Por fim descobrem onde a casa fica e que pertencia ao pai de DJ, Douglas Josiah Stevens.
Elle vai até a cabana com Ayaan, conseguem entrar na casa, mas nada encontram lá dentro. Lá fora, no quintal, o professor está com Natalie que tem uma arma apontada para sua cabeça.
Douglas e Elle discutem e, por fim, Ayaan consegue matar o ACR e salvam Natalie.
No fim, Elle percebe que estava dando mais atenção ao assassino do que às vítimas e decide excluir todos os episódios do podcast.
“Garota, 11”, o romance de estreia de Amy Suiter Clarke, é um mistério que conversa com a atualidade dos podcasters interessados em true crime. Tem uma trama bem construída e ganha pontos pela preocupação com a criação de um perfil psicológico verossímil para o serial killer do ponto de vista da narrativa. Entretanto, a presença de clichês em excesso e situações forçadas dificultam a fluidez da leitura.
Quem leu Eu Terei Sumido na Escuridão, perceberá que a autora escreveu seu livro baseado nas experiências de Michelle McNamara. A autora, inclusive, usa uma de suas frases na abertura do livro, sem deixar dúvidas de que a teve (talvez até demais) como inspiração.
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