Resenhas - Claroscuro

Ismael.Chaves 17/10/2023

Uma obra visceral e perturbadora
"Claroscuro" é o 2° livro da Coleção Dragão Negro, da Editora Draco. E, dentre os volumes dessa série, a história dos irmãos Dario e Lúcio simplesmente continua ocupando (e assombrando) os meus pensamentos!

Para quem ainda não leu essa obra fantástica (duplo sentido aqui!), temos a história dos jovens irmãos paulistanos Lúcio e Dário, que foram condenados a um castigo tão injusto quanto inexplicável: uma balança psicológica rege suas vidas. Ou seja, enquanto um deles está feliz e leve, quase a ponto de flutuar, o outro afunda na mesma medida. A existência de ambos é regida por alguma espécie de mecanismo compensatório de energia vital — ou, ainda, de pulsões de vida e de morte. Quanto mais impregnado de vida um dos irmãos se sente, mais esvaziado dela está o outro — e vice-versa. A história de horror psicológico concentra-se em Dário, o caçula. Mais sensível e propenso à melancolia, ele percebe logo cedo a estranha balança e decide agir para corrigir o desequilíbrio. Essas atitudes vão transformando-o ao longo de um assustador processo de formação — e de revelação.

A rivalidade entre irmãos é algo que remonta desde as narrativas bíblicas, de Caim e Abel, Ismael e Isaque, Esaú e Jacó, Leia e Raquel, Absalão e Amnon, e até mesmo Jesus e Lúcifer, os primeiros filhos de Deus.

Ao mesmo tempo em que também se apropria do mito folclórico do Duplo, amplamente reinterpretado na Literatura, "CLAROSCURO" abraça essa atmosfera mística para construir gradativamente uma história tão perturbadora que beira o profano, arremessando o leitor em um inferno psicológico e brutal, de onde ele não irá se recuperar tão cedo.

Sem dúvida, um dos grandes livros do horror nacional.

Berenice.Thais 20/02/2023

Caim e Abel
Esse livro leva essa clara alusão à h.istória bíblica em outro patamar de ligação onde a balança de sentimento não é linear,na relação desses dois irmãos.uma leitura que nos surpreende pelo final não pelo caminho tomado .

Ariadne 19/10/2022

Foram vários meses desde que li o primeiro livro da coleção Dragão Negro (focada em histórias de horror escritos por autores brasileiros), mas finalmente cheguei no volume dois.

E que livro incrível!! Embora trabalhe um clichê do gênero, o autor desenvolve a história de uma maneira que me prendeu até a última página.

A trama é desenvolvida a partir do ponto de vista de Dário, que percebe que ele e seu irmão mais velho, Lúcio, compartilham de uma estranha balança emocional: quando um está bem, o outro está terrivelmente miserável.

Dário é quem mais sofre com isso, já que ele é o que mais passa por intensos períodos depressivos. Quando ele descobre o que se passa entre eles, começa a tentar compensar melhor esses momentos.

A partir daí, a história mergulha em um horror psicológico, que incomoda e nos faz pensar se somos tão diferentes assim dele.

Os horrores que o caçula comete são dos mais incômodos possíveis (novamente, TE ODEIO OSCAR, SEU MALDOSO), mas será que eu manteria meus valores morais se estivesse em seu lugar?

Não é difícil imaginar o final a partir de certo ponto, mas é tudo tão provocativo, que fiquei curiosa sobre os passos de Dário e fascinada na mesma medida do meu horror.

Mesmo diante desses muitos momentos intensos, a escrita do autor é tão fluída e instigante, que não consegui deixar de parar a leitura um momento sequer.

É isso, eu devorei o livro. E se você procura uma leitura temática para esse mês de outubro, recomendo demais que incluía Claroscuro na sua TBR. Você não vai se arrepender.

site: https://www.instagram.com/p/Cj2wSm3LMmG/

Bruna Lima 24/09/2022

Esse é um livro que nos faz mergulhar numa história de terror psicológico, explorando o duplo, numa narrativa envolvente e incomoda.

Ao longo das páginas o leitor será levado pelo autor a conhecer a balança emocional bizarra que dois irmãos dividem, evocando em momentos um pêndulo de emoções, que a cada movimento faz ambos personagens vivenciarem experiências que despertam sentimentos profundos, que "cutucam" as diversas camadas da personalidade humana.

Em um certo ponto, o leitor poderá prever qual será o destino dos personagens, mas mesmo isso não tira o mérito da narrativa, pois, Nestarez irá conduzir os fatos de forma que nos envolve, nos intriga. No final, sua cabeça pode "explodir" de êxtase, devido à descrição, sendo algo visual e visceral.

Para aqueles que já leu "Bile Negra", outro trabalho do autor (vale a pena conferir também), perceberá uma referência.

Com uma escrita fluida, a cada virada de página entendemos o sentido do título, além disso, o autor fecha o livro com uma "cereja" que desperta ainda mais sentimentos profundos, nos fazendo em certo ponto entrar na cabeça dos personagens devido à contemporaneidade da narrativa.

lexsouza 15/08/2022

Bom suspense, mas previsível
Essa pequena narrativa bebe muito dos filmes de terror dos anos 1970/1980 principalmente das produtoras inglesas de baixo orçamento, vale uma conferida.

V_______ 31/03/2022

Claroscuro
Claroscuro é o segundo livro da Coleção Dragão Negro da editora Draco, de autoria do paulistano Oscar Nestarez. Um terror psicológico intenso.
Os irmãos Lúcio e Dário dividem mais do que os laços sanguíneos, de alguma forma têm de dividir suas emoções inversamente, enquanto um vive momentos felizes o outro ficará triste, enquanto um ficará frenético o outro estará em extrema inércia. Lúcio leva vantagem nessa divisão, naturalmente é o filho ativo, quanto a Dário cabe o marasmo quase que continuamente, o que lhe causa muito sofrimento, até que ele começa a vê com clareza essa associação macabra que há com as emoções de ambos.
O livro flui muito bem, o desenrolar da história prende a leitura, mesmo com algumas coisas sendo óbvias até para os leitores menos atentos, não deixa de interessante cada virar de página. Além da história principal, há um conto no fim do livro, bem atual, no contexto da pandemia. Se essa coleção seguir o padrão do primeiro e segundo livro vou adorar.

Irka Barrios 18/03/2022

Irmãos
Oscar Nestarez explora, nesta narrativa de horror, um tema bastante caro ao gênero: o duplo. Lúcio e Dário são irmãos com características opostas mas não só isso. As energias de ambos também obedecem um trânsito que oscila como um pêndulo: enquanto um vive experiências de alegria e prazer, o outro experimenta as piores dores da alma. Quando o pêndulo atinge o lado oposto, Dario, o irmão que sofria, passa a se tornar eufórico enquanto situações horríveis atingem Lúcio. Dário percebe essa condição e tenta utilizar o poder em seu favor.
O romance vai além e explora a psicologia. Ponto super positivo para a força narrativa do autor no momento da primeira experiência sexual de um dos irmãos, bem como os reflexos negativos no outro. Um belo exemplar do horror produzido no Brasil.

Jaime.Azevedo 04/08/2021

Deprimente e genial
Dizem que um escritor é movido pelas próprias obsessões; Oscar Nestarez encontrou a dele: a depressão. Claroscuro, seu livro da coleção Dragão Negro da @editoradraco , dialoga sinistramente bem com outra obra nestareziana, Bile Negra (que traz uma epidemia de depressão).

Acompanhamos dois irmãos, Lúcio e Dário, que parecem possuir temperamentos opostos: Lúcio é solar e vivaz, enquanto Dário é melancólico e desanimado. Com o tempo o irmão mais novo e mais triste percebe que sua melancolia é diretamente proporcional à alegria do irmão, como se dividissem a vitalidade. Daí em diante pequenas fatalidades pontuam a trama, desequilibrando os pratos da balança pra lá e pra cá de formas cruéis e criativas enquanto Oscar explora o ritmo com habilidade, imprimindo uma atmosfera de tragédia iminente a cada parágrafo (quase dá para ouvir as engrenagens do texto se mexendo).
A linguagem é exata e refinada e a ambientação em um bairro de classe média baixa de São Paulo é expressiva e sensorial.
A coisa toda perturba pelo mergulho psicológico intenso na cabeça de Dário, atormentado e resignado até certo ponto.

Claroscuro é claramente um livro de anti auto-ajuda: nele aprendemos que a nossa felicidade, ao contrário do que ensinam os coaches, está nos outros...

🖤 Atenção para a citação esperta e escondidinha de "Bile Negra"