O Conceito Calvinista de Cultura

O Conceito Calvinista de Cultura Henry R. Van Til




Resenhas - O Conceito Calvinista de Cultura


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Marcos Danilo 12/06/2021

Contraponto a abordagens seculares de cultura
A obra sem dúvida merece o destaque que possui no meio reformado, especialmente
pelo fato de deixar claro que “o empreendimento cultural inteiro do homem deve receber seu
significado de Deus, que deve revelar esse significado ao homem. […] É tarefa cultural do
homem pensar os pensamentos de Deus (p. 194)”.
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Geolê 04/11/2016

Só a cosmovisão calvinista é coerente e bíblica ao lidar com a cultura
Na obra é possível observar um interesse cristão de se entender o que é cultura e a forma mais eficaz e coerente de envolver-se com ela é através de uma cosmovisão calvinista.

A obra do Van Til se divide em três partes, sendo a primeira trabalhando mais com aspectos básicos e pressupostos necessários para se entender a visão calvinista, a segunda mostrando exemplos históricos de visões do relacionamento do cristão com a cultura, e a terceira parte apresenta a visão do autor e a conclusão do que ele desenvolve em todo o livro.

A primeira parte, Definindo a questão, Van Til apresenta uma introdução com o propósito do livro, no capítulo seguinte desenvolve um conceito de cultura:
“Cultura [...] é todo e qualquer esforço e trabalho humano feito no cosmos, para descobrir suas riquezas e fazê-las assistirem ao homem para o enriquecimento da existência humana, para a Glória de Deus.”
Já adiantando possíveis questionamentos do leitor, no capítulo seguinte Van Til mostra como religião e cultura estão intimamente ligados (e como a cultura nasce de uma religião, ao invés do oposto), no outro capítulo é apresentada uma definição de Calvinismo onde o autor responde àqueles que supõe que o Calvinismo tem ênfases erradas, quando a verdade é que a ênfase do Calvinismo é a Soberania de Deus e seu governo sobre todas as coisas, e no último capítulo dessa parte ele fala dos efeitos do pecado no mundo afetando a relação cultural. Apesar de haver uma grande mudança, o homem ainda tem os mesmos deveres e obrigações, provindos do Mandato Cultural, mas não tem as mesmas capacidades que teve Adão.

Na segunda parte, Orientação histórica, o autor começa abordando Agostinho e como ele se destacou por buscar entender a diferença entre uma cultura que é santa e uma cultura que é pagã, depois apresenta João Calvino que se destaca por saber envolver-se de maneira eficaz com a cultura em aspectos sociais, econômicos e educacionais, no capítulo que se segue é trabalhada a visão de Abraham Kuyper e seu entendimento de que somente a graça comum de Deus, graça de Deus para todo ser humano, torna possível a existência desse mundo com todos seus aspectos culturais, e por fim é apresentada a visão de Klass Schilder, que desenvolveu um pouco mais a ideia de Kuyper, porém entendia que a base do cristão para o envolvimento na cultura não era a graça comum, mas sim o mandato cultural dando continuidade à obra de Cristo na criação.

A parte três do livro, Considerações básicas a respeito de uma definição, finaliza a obra com ponderações de aplicação do autor. Primeiro estabelecendo que acima de tudo que a cultura calvinista tem como base a Escritura, depois mostrando que tal Escritura é aceita pelo cristão por meio da fé e por ela deve-se viver constantemente, depois entendendo também que há uma distinção entre o que é para a glória de Deus e o que provém do pecado, depois mostrando a relação do cristão e o mundo onde o cristão está no mundo mas não é do mundo, o estabelecimento da cultura calvinista tendo o senhorio de Cristo como autoridade suprema, mostrando também o dever - não uma opção – do cristão envolver-se com a cultura, e no último capítulo o autor discute as visões de Kuyper e Schilder a respeito de graça comum discordando de ambos e baseando-se em Calvino como um bom exemplo de base bíblica.


O livro atende ao propósito de mostrar como a cosmovisão calvinista lida com a cultura de maneira coerente com a realidade e com base nas Escrituras. É bastante louvável tal trabalho. Porém, a primeira parte definindo as questões básicas o autor repete bastante em alguns capítulos o que já foi falado anteriormente. Exemplos dessa repetição é o conceito de cultura ter a ver com o envolvimento com a criação, cultura ser um dever de todo homem, e que há efeitos da queda na criação. Provavelmente ele assim o faz para fixar bem os conceitos calvinistas necessários para se entender o todo do livro, porém se o leitor entendeu bem os capítulos 1 e 2, os capítulos 3 a 5 podem causar enfado na leitura por ser tão repetitivo.

Ao trabalhar com outros autores há uma preocupação em citar fontes (originais e secundárias) de quase tudo o que é dito. Infelizmente isso não acontece nos momentos citando Calvino dizendo que ele “não hesita em deixar paradoxos não resolvidos”, que “reconhecia que a mente finita não é capaz de compreender os caminhos de Deus” e ainda que “a soberania de Deus era a única resposta a esses paradoxos”. Não há uma fonte sequer. Não sei se o autor entendeu que isto já estava claro por causa de outras citações, ou se já tinha sido entendido com base outros pontos, porém sendo o único lugar que isso é citado de maneira tão específica e atributiva, espera-se no mínimo uma citação de fonte da qual ele entende que Calvino assim o diz.

Em linhas mais gerais, a conclusão do último capítulo e o lidar com Kuyper, Schilder e Calvino, dá a entender que todo o livro caminhava para aquele momento, sendo mesmo um capítulo de conclusão, e não tanto uma peça fazendo parte do conjunto da terceira parte.

Posso dizer que O Conceito Calvinista de Cultura do Henry Van Til é uma introdução robusta e coerente de cosmovisão calvinista com boas referências históricas e aplicações práticas instigantes.
Fernando 06/01/2017minha estante
Esta resenha me garantiu a vontade que tenho de ler este livro! Obrigado por escrever e deixar suas impressões.


Geolê 07/01/2017minha estante
Por nada. Em breve postarei em vídeo tb




Pedro H CrisS 26/01/2023

Abordagem histórica e análise bíblica
Uma das melhores obras sobre a tradição calvinista e sua relação com a cultura/sociedade.
Com uma abordagem histórica e análise bíblica, Henry Van Til compara as diferentes perspectivas sobre a teologia e a cultura e traça um diálogo crítico com Paul Tilich, Emil Brunner, Richard Niebuhr, T.S. Eliot, Abraham Kuyper, Herman Bavinck, Klaas Schilder, entre outros. Além de explorar as contribuições teológicas de Agostinho e Calvino.

No primeiro capítulo Van Til define "Cultura" e "Calvinismo". No segundo capítulo aborda as contribuições teóricas e práticas de Agostinho, Calvino, Kuyper e Schilder para pensar a relação da fé cristã com a cultura. No terceiro capítulo traz algumas considerações e críticas sobre a relação de "diálogo e antítese", o Senhorio de Cristo, mandato cultural e missionário, e por fim, graça comum.
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