Leandro137 24/10/2023
[Nem] tudo está perdido
A autora, uma terapeuta, apresenta em cada capítulo um conflito narrado pelos pacientes que atendeu e aborda como a ansiedade afeta a vida de cada um deles. A terapia a qual Kathleen Smith desenvolve, está baseada nas teorias do psiquiatra Murray Bowen. Este observa a ansiedade que se apresenta nos fatos, mais precisamente, nas relações as quais as pessoas se inserem e destaca a necessidade de encontrar o que ele define como "diferenciação", a "capacidade que alguém tem de estar em contato com outras pessoas enquanto mantém a capacidade de pensar por si mesmo."
Está fortemente presente nesse tipo de teoria a ideia de que devemos construir um "eu sólido", verdadeiro, que nos defina da forma mais real possível. Segundo a autora, somos muitas vezes levados a agir de acordo com um "pseudoeu", um "eu" que desenvolvemos para agradar as pessoas e para nos enquadramos naquilo que as pessoas ao nosso redor aceitam e estimam. Esse "pseudoeu" acaba gerando muita ansiedade na forma de como nos relacionamos com as pessoas. Assim, aponta que devemos definir os princípios e valores que guiam nossas decisões a fim de que possamos melhorar a relação que temos com os outros e amenizar nossa ansiedade.
A autora, aponta algumas estratégias que a ansiedade nos obriga a adotar nas relações que temos com os outros, para que se "sintamos mais tranquilos". Dentre elas está: a distância (afastamento das pessoas que nos deixam ansiosos), os triângulo (fofocas e desabafos acerca das pessoas que nos deixam ansiosos) e super/subfuncionamento (fazer as coisas pelos outros ou deixar que os outros façam as coisas por nós). Essas estratégias que a ansiedade nos leva a adotar gera uma tranquilidade passageira, não resolve os conflitos e faz a ansiedade aumentar depois de um tempo.
Gostei muito desse livro por causa de quatro motivos:
1°) A autora mostra a ansiedade não como algo a ser combatido. Devemos, como ela diz, convidar nossa ansiedade para se sentar conosco e tomar um café. A chave é entender como lidar com ela, já que ela estará presente, quer ou não, em alguns momentos.
2°) O livro não pretende proporcionar a cura da ansiedade a nenhum leitor. Não há a presença de frases sencionalistas dizendo que é possível fazer o impossível.
3°) Os exemplos dos casos dos pacientes que a autora traz, demonstram a aplicabilidade da teoria na prática, de forma concreta, real e sem filtros.
4°) Pude me manter atento em praticamente todo o livro. A leitura é simples e cativante. Não tem partes cansativas ou muito confusas.
Achei o livro realmente muito bom. Ele aborda a ansiedade nas mais variadas situações cotidianas, como na família, com parceiros, amigos, no trabalho, em relação à carreira, redes sociais, liderança, entre outras.