spoiler visualizar@vaisetratarleitora 17/03/2022
Interessante e histórico
Eu estava bem ansiosa pra ler a continuação da Trilogia das Almas, afinal, ficamos com um final um pouco aberto e com muita curiosidade sobre como as coisas seriam após tantas mudanças. Fiquei feliz ao descobrir que a Deborah tinha lançado um quarto livro e pretende lançar mais 3, sendo que ela está terminando o 5, o 6 já está pronto (pelo que eu entendi, posso estar errada) e o 7 ainda não foi iniciado.
Infelizmente no último ano ela foi diagnosticada com câncer de ovário e está em tratamento, o que com certeza deve ter atrasado seus planos de lançamento desses livros (e tudo bem, porque agora o importante é ela focar na sua saúde, em descansar e se restabelecer, afinal, o tratamento não é fácil). Deixo aqui meus desejos de que o tratamento seja efetivo e que ela possa vencer essa batalha contra o câncer e ter sua saúde restabelecida.
Voltando a esse livro, infelizmente ainda não há previsão do lançamento dele em português brasileiro, então acabei lendo em português de Portugal e foi bem interessante. As diferenças na linguagem não foram suficientes pra dificultar a leitura, muitas coisas dá pra deduzir o significado pelo contexto (eu não sou o tipo de pessoa que pára a leitura pra pesquisar o significado das palavras no dicionário/Google) e pouquíssimas coisas não dá pra saber exatamente o que é, mas dá pra ter uma ideia geral do que se trata, o que é suficiente pra leitura. Foi meu primeiro livro em outra língua e foi uma experiência bem legal.
Sobre a história, eu gostei, embora não seja uma história com grandes pontos altos, plots twists nem nada assim.
O livro se alterna entre 3 focos, Diana e Matthew com seus filhos e a sua dinâmica familiar, que é narrado pela própria Diana. O segundo foco é na Phoebe, a namorada humana de Marcus que passa pela transformação pra se tornar vampira e essa parte é narrada pelo ponto de vista dela mas em terceira pessoa. E o terceiro foco e o maior do livro, é o Marcus, relembrando seu tempo como humano e o que o levou a ser transformado em vampiro até a criação da sua família em Nova Orleans que Matthew foi obrigado a exterminar e que eles fizeram as pazes no terceiro livro da trilogia.
Eu particularmente amo História, então ver o Marcus contar toda sua vida a partir dos anos 1770, a guerra da independência nos Estados de Unidos (onde ele lutou, se tornou médico e morreu de tifo logo no fim da guerra), a democracia surgindo na França com a revolução francesa e a morte de Maria Antonieta e do Rei, depois a volta dele aos Estados Unidos e vendo que os ideais de liberdade que motivaram a guerra ainda não tinham sido alcançados, é muito legal! Amo esse tipo de romance histórico que literalmente conta a História como ela aconteceu, mas de uma forma mais imersiva. Porém ao mesmo tempo é uma narrativa linear, sem altos e baixos, porque sabemos que o personagem sobreviveu, sabemos que ele está bem e estamos apenas conhecendo os fatos. É interessante e legal pra mim, mas talvez outras pessoas possam achar chato.
Já as partes que mostram a vida da Diana e da Phoebe são bem mais interessantes, com mais surpresas e acontecimentos inesperados. Diana e Matthew aprendendo a lidar com seus filhos especiais, metade bruxos e metade vampiros, algo nunca visto antes. Eles não sabem o que esperar e é bem divertido ver a dinâmica familiar deles.
Ver a Phoebe se transformando em vampira e ter essa visão de como é esse processo é muito interessante e algo que quase nunca as histórias sobre vampiros abordam. Ver a essência animal, a ferocidade, a mudança de pensamento, o instinto, a alimentação. A maior parte das histórias sobre vampiros romantiza muito, mostrando eles como sensuais e etc (não julgo, eu gosto shauahauah), mas ver pelo prisma deles, a ferocidade da fome, a caça, a violência inerente, faz a gente ter até uma certa aversão. Mostrou de uma forma bem crua como é isso e que não é tudo lindo e sensual como normalmente aparece nos livros.
(Sim, cada autor cria seu próprio universo de vampiros e coloca neles as características que quer, mas confesso que essa característica é algo que fez muito sentido pra mim e que eu não vejo ser tão mostrado, em geral ou os vampiros são pessoas lindas e sexys e você termina a leitura querendo ser um deles, ou mostram eles como monstros sanguinários sem consciência. Poucas histórias mostram o ponto de vista de um humano sendo transformado e menos ainda mostram como é descobrir esse lado animal e assassino.)
Eu achei esse livro muito bom, mas entendo que nem todos vão gostar. Já estou ansiosa pelos próximos e principalmente ver mais do desenvolvimento das crianças e da dinâmica do clã Bishop-Clermont.
Obs: tem cenas com descrições sexuais (não muitas, mas tem). Sei que tem pessoas que não gostam de livro assim (eu mesma sou uma, mas abro excessão pra essa saga e pulo as partes dessas cenas), então já deixo o aviso.