Dani @oslivrosdadani 31/12/2021O dom da fúriaQuando um dos nossos é assassinado, parte de nós morre junto .
Há seis anos o pai de Moss Jefferies foi covardemente assassinado por um policial de Oakland. Desde então, por muitas vezes Moss gostaria de ser alguém diferente: um garoto sem ansiedade ou crises de pânico. Um garoto que não se sente aprisionado as lembranças dessa crueldade que lhe tirou parte do seu ser. Um garoto que gostaria de focar nas partes boas da vida, em sua mãe afetuosa, meus amigos leais e aproveitar ainda mais a descoberta do primeiro amor ao lado de Javier.
Mas tudo se agrava quando as novas regras do seu colégio fazem com que ele e seus colegas sintam-se como criminosos. Apesar da juventude, os estudantes decidem se organizar e se opor à administração. E quando as tensões atingem um nível febril e a tragédia acontece, Moss enfrentará uma escolha difícil: ceder ao medo e ao ódio ou perceber que a fúria pode realmente ser um dom.
Esse livro realmente me quebrou ao meio.
Me emocionar em decorrência de uma leitura não é algo incomum, no entanto, Oshiro foi capaz de criar uma história que me tirou o fôlego. Considerando que está intimamente relacionada a fatos tão atuais e tão próximos, a minha conectividade com toda a história foi instantânea, intimista e real.
Oshiro retratou a vida de muitos. E de forma inteligente, descreveu o quanto a resistência e a persistência fazem parte do nosso ser. Isso transcendeu através dos personagens que por sinal, foram belamente escritos e, a apresentação e a importância dada a cada um deles foi surpreendente. Sem contar a pluralidade deste elenco e, essa diversidade racial, sexual e de gênero, tornou este livro mais agradável. Entretanto, o que mais gostei em toda essa diversidade, foi a naturalidade que foi inserida no contexto e, o quanto os relacionamentos construídos são reais e honestos, que fazem dessa leitura algo singelo e impactante na mesma medida.
Uma história de brutalidade policial, racismo e protestos. É um romance extremamente detalhado, violento e extremamente necessário. Que mostra que apesar da sociedade insistir em nos marginalizar, somos muito mais FORTES que isso.
SOMOS A RESISTÊNCIA!