gabrielle392 31/08/2020
ler sol da meia noite foi uma jornada...interessante. voltar ao universo literário de crepúsculo depois de tantos anos foi uma experiência muito nostálgica, e fiz essa leitura de +700 páginas em mais ou menos 25 dias, revezando com outros livros. em partes por ser um livro grande então eu já demoraria um pouco mesmo, mas por outro lado eu também queria prolongar um tantinho a experiência de leitura rs.
em primeiro lugar, a gente pode criticar a stephenie meyer de várias formas né, mas a escrita não é uma delas, a mulher sabe envolver a gente pela escrita, mesmo que seja uma história que a gente já saiba o final. nesse livro, ela conseguiu fazer do edward um narrador muito interessante (às vezes chato, admito), mas na maior parte do tempo ela soube usar ele pra contar coisas que não puderam ser exploradas antes, e aprofundar a relação entre os cullen como uma família, e principalmente (o que eu considero a melhor parte desse livro), ela conseguiu nos fazer ver o edward como ele realmente é: um vampiro velho (risos).
é difícil imaginar como é a mente de um ser de 104 anos (eu acho que é essa a idade que ele menciona ok), ainda mais se tratando do edward que é um tanto ridicularizado (haushau ai o filme......), por outro lado, a gente só tinha o ponto de vista romantizado da bella, então confesso que misturando as duas visões eu não botava muita fé nele não, e mesmo depois da leitura ainda acho ele um tanto engraçado.
edward se vê muito como um monstro (aquela cena do filme Eu TeNhO a PeLe De Um AsSaSsInO hsuahsua), mas de verdade, a primeira coisa que ele pensou quando viu a bella pela primeira vez foi em matar ela. a gente tem muito do instinto dele como vampiro nesse livro. além disso, muitas coisas são explicadas: o porquê da bella ter aquele cheiro tão bom para ele, o porquê de alguns vampiros terem habilidades especiais, e assim por diante.
mas, além dos instintos vampirescos que aqui foram aprofundados, uma coisa que eu achei particularmente chata é a autodepreciação do edward. o tempo todo, sério. é algo que me deixou até triste no final (não é spoiler eu hein todo mundo sabe que acontece) por ele já pensar em deixar a bella por representar um perigo pra ela. eu me incomodo (e sempre me incomodei) com a recusa total dele de fazer da bella um ser imortal.
outra coisa que a autora soube explorar foi o fato de dizerem que a bella não tem personalidade. uma coisa que eu odeio muito, porque falam isso por ela simplesmente ser uma pessoa normal? que tipo de malabarismo a pessoa tem que fazer pra ser considerada interessante? mas novamente, muito da visão que as pessoas tem de crepúsculo é do filme...a gente sabe. de qualquer forma, não é como se a bella fosse viver se exaltando no livro dela né (coisa que não faz parte da personalidade que ela tem rs). mas o edward (e outras pessoas ao redor dela, as quais ele lê a mente) ressaltam que ela é inteligente pra caramba, altruísta, corajosa, um tanto teimosa e etc etc. uma garota de 17 anos vivendo sua vida, afinal.
porém, o edward prolonga muitas coisas na narrativa dele. eu enrolei um pouco pra ler a cena da campina, por exemplo, o cara pensa demais meu deus? e falando de pensamento, uma questão que eu acredito que merece muito ser levantada é: será que o edward teria se envolvido com a bella se ele conseguisse acessar os pensamentos dela? tendo em vista que ele só começou a falar com ela pra conhecer e descobrir o que ela pensava, eu acho muito que ele só teria se afastado e ido embora se a situação fosse outra.
eu tinha esquecido de muita coisa com o passar dos anos, reler tudo pela visão do edward também me ajudou a tirar aquela ideia que foi plantada na minha cabeça com o passar dos anos de que tudo é extremamente tosco. na realidade tudo ocorre de forma muito mais natural nos livros. não sou cega também ao ponto de não enxergar algumas problemáticas, como a relação dos quileutes com os cullen, a obsessão do edward pela bella, e etc. mas de qualquer forma, esse livro nunca teve a proposta de mudar isso. eu poderia passar horas analisando e discutindo alguns pontos da história, ideias conservadoras, certos estereótipos e etc, mas deixo isso pra lá por agora.
por fim, acho interessante como o edward não odeia o jacob, nem o contrário, pelo menos no primeiro livro. o edward até elogia a mente do jacob por ser muito aberta, organizada e interessante de se ler. me fez voltar a simpatizar com o menino jake, e lamento muito que a stephenie tenha estragado o personagem nos livros seguintes. acho que isso é tudo que tenho a dizer, e já deu pra ver que foi uma experiência gostosa né? tô aqui lutando diariamente pelo fim do preconceito literário com livros que tem mesmo o único objetivo de nos oferecer um romance sobrenatural água com açúcar (e sangue, nesse caso).