A pediatra

A pediatra Andréa del Fuego




Resenhas - A pediatra


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Paulo.Ratz 28/12/2022

QUE DOIDEIRA!
Eu ameeeei a escrita da Andrea. É um fluxozão de consciência e tudo vai acontecendo muito rápido, mas peguei o ritmo e fiquei viciado. Queria muito saber até onde a protagonista chegaria. Queria maaaais barraco e confusão, mas não critico o final, só queria mais treta. Adorei a escrita mesmo!
Luizaaa 28/12/2022minha estante
Amo o Paulo descrevendo o tipo de escrita de discurso indireto livre como fluxo de consciência, eu nunca tinha conseguido descrever estudando e ele descreveu de forma incrível


Sarah 28/12/2022minha estante
Comprei esse, to doida para ler


Gabi 28/12/2022minha estante
Comprei esse livro porque vi em um vídeo seu que você leria durante o Natal, aí aproveitei pra ler junto, e olha? loucura esse livro! A escrita dessa mulher é genial e a personagem é tão complexa e doida ?? Amei a leitura.


luanabarcelosr 29/12/2022minha estante
tô doida para ler esse! agora fiquei mais ansiosa


Ray Delfino 16/05/2023minha estante
Li por indicação sua! Acabei de terminar ele e queria saber o que tinha depoisss kkk


Tutu Cavalieri 09/07/2023minha estante
Eu adorei!!!
É uma enxurrada de emocoes, pensamentos e tudo mais




Bookster Pedro Pacifico 11/04/2022

A pediatra, de Andrea Del Fuego
A pediatra, de Andréa del Fuego

Para quem vê de fora, Cecília é uma mulher bem sucedida e que ama o que faz. Trabalha como pediatra há muitos anos e possui uma boa rede de pacientes. No entanto, o que o novo romance de Andréa del Fuego deixa claro é como podemos nos enganar pelas aparências. O que se passa na cabeça daqueles com quem convivemos? Será que nos surpreenderíamos se acessássemos os pensamentos do outro, mesmo daqueles que achamos serem tão “normais”?

Em “A pediatra”, estamos lado a lado com Cecília, mergulhados em seus pensamentos. E é isso que choca o leitor desde o início do livro, já que a realidade da personagem é muito distinta do que parece ser. Para começar, Cecília é uma pediatra que não é muito afeita a crianças. Isso mesmo! Além disso, não tem uma paixão por seu trabalho e o enxerga como uma tarefa mecânica, de protocolos, em que basta fazer o que aprendeu e terminar logo com suas obrigações.

Contudo, apesar de ter um consultório sempre cheio, Cecília percebe que os obstretas do hospital em que costuma trabalham passam a deixar de indicá-la para os partos. O novo pediatra neonatal preferido parece ser alguém ligado a uma linha mais humanista, em que nem sempre a ciência parece sustentar suas decisões. Ao mesmo tempo, a protagonista vive uma relação amorosa extremamente conturbada, sobretudo quando descobre que a esposa de seu “parceiro” está grávida.

A partir disso, a vida de Cecília vira de ponta cabeça e a sua rotina aparentemente estável começa a despertar um lado compulsivo da personagem. Com uma escrita irônica e ácida, a autora constrói uma protagonista com pensamentos - e atitudes - polêmicas e que podem causar uma forte estranheza do leitor.

Não posso me arriscar a falar mais sem correr o risco de estragar a surpresa que é conhecer melhor Cecília. Mas, será possível sentir compaixão por uma pessoa com atitudes tão imorais? E o pior: será que nos identificamos com a personagem em alguns momentos? Vale muito a leitura!

"Não tinha filhos, como eu, mas queria ter, diferente de mim. Criança nem pensar, acabaria minha naturalidade, me obrigaria a ser outra pessoa.”

Nota 8,5/10


site: http://instagram.com/book.ster
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Flávia Menezes 22/04/2023

??O FILHO DE UMA MULHER QUE NASCEU DE OUTRA MULHER.
Andréa Fátima dos Santos, mais conhecida por seu pseudônimo Andréa del Fuego (uma referência à dançarina, naturista, atriz, escritora e feminista brasileira Luz del Fuego), é uma romancista e escritora brasileira formada em Filosofia pela Universidade de São Paulo, que ainda na adolescência se formou em técnica em publicidade, onde começou a escrever contos eróticos que lhe renderam um convite de um amigo jornalista para criar uma seção de perguntas e respostas sobre sexo como se fosse um personagem. Andréa também atuou como colunista do programa ?Entrelinhas? transmitido pela TV Cultura, produzindo matérias sobre autores, tais como Murilo Rubião, Roberto Bolaño, Ana Akhmatova, Julio Cortázar e Enrique Vila-Matas.

?A Pediatra? é o último romance escrito pela autora, e publicado em 4 de outubro de 2021, e muito embora seja relativamente um livro curto com apenas 160 páginas, seu conteúdo possui uma diversidade de temas sensíveis e profundos, tais como a indiferença emocional, a ausência de vínculos afetivos, maternidade e maternagem, parto tradicional x parto humanizado e as polêmicas (e dolorosas!) relações extraconjugais.

Essa é uma leitura que iniciei depois de ter minha curiosidade aguçada pela amiga Ana Sá, mas confesso que fiquei bastante receosa em iniciá-la, uma vez que não sou uma grande fã da literatura nacional, onde essa saída da minha zona de conforto é sempre repleta de um grande desconforto. Mas para a minha surpresa, ao final, fiquei fortemente impactada por essa história.

A escrita de Andréa del Fuego acontece em um gênero textual diário, onde vamos conhecendo esse universo através do olhar da sua protagonista, que nos conta sua história através de um relato íntimo do seu cotidiano, em uma sequência que nos revela tanto o que acontece ao seu redor (percepção), quanto do que vai se passando em seu interior (desejos, ações, emoções).

Preciso dizer que a forma como a autora desenvolve essa personagem complexa e de comportamentos polêmicos é impressionante, ao ponto de ficar tão plenamente conectada a essa anti-heroína, que seu final me deixou de coração partido. O que foi surpreendente, porque de tudo o que havia lido sobre essa história, me emocionar era a última coisa que eu esperava. Mas aí é que está a maestria dessa escrita da Andréa que, para mim, atingiu o nível da perfeição!

A protagonista desta história é Cecília Tomé Vilela, uma médica pediatra que apresenta um quadro de acentuada indiferença afetiva, o que faz com que sua narrativa seja bastante chocante, uma vez que, sendo médica de crianças, se espere que ela tenha mais conexão com seus pequenos pacientes, que seria, inclusive, despertada pelo seu instinto maternal. Porém, o que Cecília menos tem, é instinto materno!

Já quero iniciar essa resenha me debruçando sobre a questão da atuação dos médicos e profissionais da saúde, e desse conceito tão banalizado na atualidade que é o da empatia. Uma coisa que aprendi durante o estágio em Psicologia Hospitalar no meu último ano de faculdade, é que se esses profissionais, médicos ou da enfermagem, fossem tão sensíveis aos seus pacientes como esperamos que eles sejam, eu lhe pergunto: como eles poderiam estar aptos para realizar o seu trabalho?

Existe um conceito na psicologia que se chama ?distância psicológica? (também conhecida como ?distância ótima?), onde precisamos ter uma distância emocional suficiente para poder ver as coisas em uma perspectiva que nos permita ter clareza quanto a conduta que precisa ser tomada. Aliás, esse distanciamento psicológico (e consequentemente emocional) do profissional da área da saúde é de extrema importância para que ele possa manter seu psicológico equilibrado, e possa assim realizar seu trabalho de forma adequada.

Sendo assim, muitas vezes não vi apenas a ausência de conexão emocional da Cecília com seus pacientes, mas também desse tipo de comportamento que é próprio da área médica. E a autora foi tão perfeita em trazer essa questão, que em um dado momento, ela demonstra como o vínculo afetivo pode desestabilizar até o mais controlado dos médicos.

Além disso, o que também não me deixou tão desconfortável com a protagonista é que, muito embora ela tenha bem acentuada essa questão da indiferença emocional, em momento algum ela deixa de realizar o seu trabalho seguindo os princípios da ética profissional. Como ela mesma diz, muito embora ela possa fazer só o ?arroz com feijão?, ainda assim, ela jamais atua de forma que possa prejudicar seus pacientes. Sendo assim, muito do que vi na conduta e fala da personagem, confesso que também já ouvi de muitos médicos com os quais trabalhei em uma Cooperativa de Trabalho Médico.

Como digo acima, nem tudo é falta de empatia. Mas é certo que um médico possui um olhar mais clínico sobre as doenças, e essa fala carregada de jargões e termos técnicos, é parte inerente desse universo, e não um mero descaso.

De fato, a autora me pareceu bastante cuidadosa nesse quesito, tentando trazer bastante da realidade da profissão, sem grandes exageros, inclusive fazendo um paralelo quanto à polêmica que vemos hoje em dia sobre parto tradicional e os partos humanizados, mostrando que nem tudo deve ser levado tão a ferro e fogo assim, pois cada caso é um caso, e o mais importante é a segurança e o bem-estar da mãe e do bebê.

Construir uma narrativa coerente com a realidade, parece ser algo que a Andréa leva bastante a sério, e a forma como ela traz o caso da indiferença emocional da Cecília foi devidamente construído.

Dificuldades em sentir e expressar emoções, assim como em estabelecer vínculos afetivos significativos nas nossas relações interpessoais, são provenientes de quebras de vínculos afetivos com a mãe logo no início de vida, que pode acontecer por questões de dificuldades na maternidade (até mesmo por uma depressão pós-parto, ou o pouco falado ?baby blues?), ou por necessidades da mãe em se ausentar (por conta de trabalho, por exemplo). E no caso da Cecília, essa não foi uma exceção à regra, e seu vínculo pobre na relação mãe-filha, resultou na sua dificuldade em estabelecer sólidos vínculos afetivos e até no desejo de ser mãe.

Aliás, algo que achei muito rico nessa leitura, foi a autora trazer a questão da diferença entre a maternidade e a maternagem. Nem toda mãe que gera um filho é capaz de ser maternal, porque uma coisa é ser mãe (maternidade) e a outra é a forma como essa mãe se comporta com o filho (maternagem) com seus cuidados e demonstração de afeto.

Foi exatamente nesse ponto que a autora me levou às lágrimas, e já me deixou certa de que não havia nenhuma outra possibilidade a não ser lhe dar 5 estrelas por uma história tão primorosa e bem construída.

Se iniciamos a leitura sentindo a frieza da indiferença da Cecília, ao longo do que vai acontecendo, vamos nos simpatizando mais com seu jeito de ser, respeitando suas dificuldades, acompanhando com muita comoção o momento exato em que algo dentro dela se agita, e sua primeira expressão de afetividade acontece.

Além de belíssima, essa é uma cena muito tocante, e acompanhada por um drama intenso que irá nos envolver até o final.

A verdade é que a ausência de uma relação parental adequada e saudável, nos deixa sem um referencial de como devemos nos portar como pais e mães, e para que esse ?gap? seja suprido, é preciso trabalhar essas questões em um profundo processo psicoterapêutico, para que possamos compreender como essas relações se dão.

Claro que também podemos fazê-los através de leituras, ou mesmo de filmes, seriados e documentários sobre o tema. Mas o mais importante é entender que precisamos de bons modelos parentais, quando os nossos (seja pelo motivo que for) falharam. Algo que faltou na vida da protagonista, resultando em comportamentos altamente inadequados e até nocivos, culminando em um final de nos deixar completamente sem palavras.

Mas, neste momento, eu já estava tão conectada aos problemas vivenciados pela protagonista, que tenho que confessar que não me senti chocada. O que eu realmente senti foi compaixão, por uma vida tão repleta de rejeição, abandono, indiferença, deslealdade, que não havia como esperar nada diferente do que aconteceu, especialmente depois de saber tudo o que ela vivenciou no lar desajustado no qual ela cresceu.

?A Pediatra? não é só uma história chocante sobre uma mulher, médica pediatra, que não gostava de crianças. É uma história sobre a ausência do amor e do olhar materno, que resulta na desnutrição das emoções dos filhos, que carentes e sedentos de amor não sabem nem como expressá-lo, nem mesmo como pedir. E assim, vão atropelando suas relações, construindo muros para que outros não entrem, agindo de forma inadequada, porque para eles é sempre melhor ferir do que ser ferido.

Digo isso porque existem muitas Cecílias por aí, nesse nosso mundo ocidental onde vivemos em que a necessidade de uma vida financeira satisfatória traz a falsa ideia de que isso irá gerar felicidade. Mas ao final, vemos por aí muitas pessoas que assim como essa protagonista estão sendo consumidas por esse vazio existencial, por não saber o que as preenche.

E por esse motivo eu acho até muito superficial olhar para a protagonista apenas como uma vilã sem coração. Porque penso que ela nos faz refletir sobre uma vida vivida no piloto automático, e quantas pessoas na atualidade se sentem assim. Sobre esse vazio interior que não se sabe como preencher? já ouvi muita gente dizer isso. Ele é real, e buscar ajuda para saber o que tanto lhe falta é imprescindível. Senão acabaremos como a Cecília, tomando a via errada e colidindo com a insanidade.

Referente ao final, quero destacar aqui a magnitude dessa autora que com uma única palavra (uma única palavra apenas!) foi capaz de abrir inúmeras possibilidades do que aconteceu depois do último ponto final. Ou seja, como se diz na atualidade, ela literalmente construiu um triplex na cabeça do leitor. Isso foi simplesmente genial!

Ah! Antes de terminar, uma última curiosidade que eu li sobre a Andréa del Fuego, é que assim como o grande Mestre do Terror, Stephen King, é o seu marido o primeiro a ler as suas histórias. Mais um escritor que tem no seu parceiro de vida o seu melhor editor e seu leitor mais fiel! ?
Cleber 23/04/2023minha estante
Adorei a resenha e agora fiquei ainda mais curioso para ler também.


Flávia Menezes 23/04/2023minha estante
Que bom que gostou, Cleber! Leia sim! É um livro curto, e com uma escrita que prende bastante, apesar de alguns desconfortos com a personalidade da protagonista. Vale muito à pena!


Ana Sá 23/04/2023minha estante
Flávia, modéstia à parte, se alguma vez eu acertei em alguma coisa aqui no Skoob, te influenciar a ler este livro foi uma dessas! rs Digo isso não necessariamente por você ter gostado dele, mas sobretudo pelo proveito que a gente tira da sua experiência de leitura!

Quando falei de certa verossimilhança que a gente talvez preferisse não notar no livro, eu pensei, sem saber, nisso que vc mencionou: é mais confortável cair na tentação de encarar Cecília como uma "vilã sem coração" do que reconhecer que ela é tão real que... até poderia sermos nós, né? Sua resenha vai nos detalhes da personagem para mostrar isso, eu adorei!

Bom, com você gostando ou não do livro, eu tinha certeza que a sua resenha me tornaria mais íntima da Cecília e me conduziria a novos olhares e aspectos! Agora eu quero só saber quando é que o Skoob vai habilitar a opção "curtir duas vezes" uma resenha!!!


Ana Sá 23/04/2023minha estante
Obs.: a questão da empatia no ramo da medicina, do modo como você trouxe, foi especialmente enriquecedora pra mim!


Flávia Menezes 23/04/2023minha estante
Ana, minha querida! Muito obrigada pela dica. Você me tirou o preconceito com a literatura brasileira, e ainda me fez conhecer uma maga das palavras. A Andréa del Fuego tem uma escrita invejável, porque no pouco?ela diz tudo!

Fico muito feliz de saber que sua empatia pela Cecília aumentou. Ela é complexa?inicialmente a achamos bem abominável? mas dentro dessa indiferença, a autora soube nos mostrar a sua humanidade e isso me conquistou. Ela é perfeitamente bem concebida, e a relação dela com a empregada é muito interessante, porque essa frieza dela? quantas pessoas não falam assim? Conheço várias!! ?

Mas de verdade?um livro riquíssimo para olharmos para além da fala dela, e ver o sofrimento, o vazio, o encontro com o Bruninho (essa parte me fez literalmente chorar, porque eu vivi isso com o meu afilhadinho!), a relação abusiva com o Celso? são tantos pequenos detalhes importantes, que é preciso olhar além do óbvio, porque é muito rico!

E sobre a relação com os pais? a autora foi perfeita, porque ela em momento algum precisa explicar demais, para mostrar o que causou esse prejuízo nas relações da Cecília com as pessoas que surgem em sua vida. Uma mãe narcisista, depressiva e ausente. E ela (autora) deixou isso bem claro. O pai é até carinhoso, muito admirado por ela, mas ele ainda a trata como criança. Ela não tem voz ma família. E foi abandonada por ambos, porque o pai sempre esteve voltado para os pacientes, mas assim como faz com eles (pacientes)? de ouvir a queixa (médica), prescrever a medicação e logo depois esquecê-los completamente?ele faz o mesmo com a filha. Que família desajustada! E isso mostra muito da ausência de assertividade dela nas relações. Sem falar que ela atrai a mãe para as relações dela (depressivos) com um pouquinho do pai (desatentos às necessidades dela).

Ficaria horas falando dela, Ana. Porque que personagem rica para brincar de análise!

Mas obrigada mesmo pela dica, viu? Amei essa leitura. Agora te espero ler Faulkner, hein? Nada de fugir do meu preferidinho! ?


Geovana 23/04/2023minha estante
Flávia, vi pessoas demonizando a protagonista desse livro em algumas resenhas, mas pelo que li na sua, parece que essa leitura nos mostra justamente que ninguém é o que é a toa, sempre há uma razão profunda por trás de certos comportamentos. Gostei do seu ponto de vista na resenha ??


Flávia Menezes 23/04/2023minha estante
Muito obrigada, Geovana. Mas eu realmente não achei tudo isso que vi não. Ela tem seu lado complicado, de mulher mais amarga e na defensiva, mas é interessante o caminho que a autora nos propõe para compreendê-la. Vale a pena ler e olhar para além da superfície. ?


David 24/04/2023minha estante
Só agradecer e parabenizar pela resenha!


Flávia Menezes 25/04/2023minha estante
Obrigada, David! Eu que agradeço pela sua leitura à minha resenha.




Ana Sá 19/04/2023

Fluxo de (falta de) consciência
[EDIT.: aumentei a nota para 4 estrelas porque aqueles 0.5 (de algo que eu inicialmente sentia falta no livro) eu acabei encontrando na resenha primorosa da Flávia Menezes! ?? Um viva às boas trocas aqui do Skoob!]

???????

"Amiga, bota a mão na consciência!"... Eu não sei dizer quantas vezes pensei isso enquanto acompanhava o fluxo da falta de consciência da nossa pediatra protagonista Cecília!

Basicamente acompanhamos a narrativa sem filtros e em primeira pessoa de uma médica de classe média alta, sem saber, portanto, o que é fato e o que é fake naquilo que ela tem a dizer sobre seus colegas de profissão, sobre seu namorado-amante, sobre sua empregada doméstica... Ironia, deboche, acidez, delírio... Del Fuego constrói uma novela a partir da mente de uma personagem complexa e disposta a tirar as leitoras de sua zona de conforto!

Eu poderia dizer que o fio narrativo é o dia a dia de uma pediatra que desromantiza essa profissão, ou que a relação de Cecília com Celso, pai de um de seus pacientes, conduz a história... Eu poderia dizer que estamos diante das confissões mais íntimas, e "politicamente incorretas", de uma mulher recém-divorciada que vive os dramas do século XXI. Eu poderia, poderia... Mas o que eu vou dizer é que, para mim, o livro se resume totalmente a Cecília e a seu mundo interior, o resto é quase adereço! É um livro que mostra a boa construção de uma personagem "má" dos nossos tempos (e coloco "má" entre aspas porque perdemos muito se caímos na tentação de reduzir a leitura a juízos morais; Cecília é instigante justamente por trazer aquela verossimilhança que preferiríamos não notar!).

Minha melhor leitura de 2022 foi de autoria de Del Fuego, o romance "Os Malaquias". E é muito impressionante perceber a versatilidade da escritora, pois aquele livro não tem NADA a ver com este! Um é rural, fantástico, conciso; o outro é urbano, realista, prolixo. Pode ser que a minha experiência espetacular com "Os Malaquias" tenha gerado muitas expectativas em mim, mas admito facilmente que é desonesto comparar os dois. São duas propostas completamente diferentes, e que bom ser assim, mérito da autora! ... Então por que eu dei nota 3.5 para "A pediatra"?

Eu resisti a dar uma merecida nota 4 porque os 0.5 descontados vão me ajudar a lembrar do incômodo que senti com o final do livro. Passei dias sentindo falta de algo... Até agora eu não sei do que é, então... sim, talvez, quem sabe, o problema possa estar em mim, e não na Cecília. Pro bem ou pro mal, minha única convicção até aqui é: seja a partir do campo ou da cidade, Del Fuego sabe como passar bem percebida por essa leitora aqui!
Flávia Menezes 19/04/2023minha estante
Arrasou na resenha, amiga. E tenho que dizer que me deixou curiosa, e com aquele vontade de ler só pra depois voltar aqui e ficarmos falando do livro. ?


Ana Sá 19/04/2023minha estante
ahhh Flávia, esse é curtinho e eu adoraria acompanhar um histórico seu!! gosto mto qdo vc comenta algo sobre a composição psicológica de personagens...E este livro aqui é um prato cheio! pode passar na frente do bolaño ?


Flávia Menezes 19/04/2023minha estante
Ai, Ana!!!! Pronto!!! Já baixei esse pra ler!!! Agora você me deixou muuuuito curiosa! Já quero ler!! ?


Ana Sá 19/04/2023minha estante
ahh haha confesso que essa foi uma indicação muito egoísta, pois talvez eu vá ganhar mais com os seus históricos do que vc com a leitura!! ?

agora falando sério: não tem chance de ser o livro da sua vida, mas considero instigante! rs


Flávia Menezes 19/04/2023minha estante
Ana?eu já estou 100% convencida!! A curiosidade da pessoinha aqui foi aguçada! Logo logo falaremos sobre ele!!!! ??


Ana Sá 19/04/2023minha estante
ebaaaa ?


A Leitora Compulsiva 22/04/2023minha estante
Olha lá que esse livro tá aparecendo na minha timeline com frequência.

Mesmo sabendo que pode não ser o livro da minha vida, mas adoro livros com personagens complexos. Vou definitivamente ler!


Flávia Menezes 23/04/2023minha estante
4 estrelas! Merecido! ??


DIRCE 23/04/2023minha estante
MARAVILHA! Se eu tivesse me deparado com essa resenha antes de ter lido o livro, talvez meu entendimento fosse outro. Enriquecedora.




MissMel 06/05/2023

A pediatra
A história gira em torno de Cecília, uma pediatra que, diferente das outras, não gosta de criança. Mas se vê ameaçada quando um pediatra vai pegando o seu lugar e aos poucos os outros preferirem ele ao invés dela.
Também vemos a cecília e seu relacionamento com um homem casado com um filho, no qual esse menino vai começar a despertar sentimentos do qual ela nunca teve com nenhuma criança ou pessoa.
A leitura não foi fácil para mim, confesso, senti que foi arrastado, como se estivesse lendo um livro de 500 páginas do que 160.
Personagens chatos, principalmente a protagonista.
Não foi um livro ruim, só não acho que valeu todo esse hype.
Caroline 06/05/2023minha estante
Acredito que isso aconteça porque a personagem é insuportável ? amei a leitura


MissMel 06/05/2023minha estante
Pra mim não rolou ? mas que bom que vc gostou amiga!!




Isadora1232 11/10/2021

Cecília é tudo o que não se espera de uma pediatra. Insensível às apreensões maternas e indiferente às crianças em seu serviço executado de modo quase burocrático, ela é arqui-inimiga das doulas e dos neonatologistas favoráveis ao parto humanizado.

Na vida pessoal, é indiferente aos problemas de todos a sua volta, da empregada, do relacionamento dos pais, da esposa grávida do amante... A exceção a essa regra é quando o delírio e a obsessão tomam a personagem numa jornada absurda e com um tom meio cômico pra ser lida em um só fôlego.

Em resumo, Cecília é um ser detestável. É representante de toda sorte de preconceitos, da falta de ética e da medicina nada humanizada. Mas o livro não é só isso. Só alguém extremamente habilidoso conseguiria transformar essa perspectiva em um livro tão delicioso de ler, com um tom crítico, irônico e de humor mordaz..

Foi meu primeiro contato com a autora, e me deixou curiosa a ler seus outros trabalhos, em especial "Os Malaquias", vencedor do Prêmio Saramago de 2011.

Recomendo!
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Rodrigo 29/08/2022minha estante
Uaaaau ! excelente resenha ....


Letícia 29/08/2022minha estante
Obrigada, Rodrigo! ?




Yee 23/02/2023

Devolva minha geleia
A história não é tão surpreendente a protagonista não gosta de ser médica e nem de sua especialização,a pediatria,afinal ela nem gosta de crianças sua profissão é fruto da conveniência de seu pai também ser médico.Contudo,ela gosta de Bruninho o filho de seu amante Celso ela ajudou no parto,ela ás vezes cuida dele como uma ?babá?,um misto de melancolia porque ela é separada e não teve filhos do seu antigo casamento.Ela precisa de terapia porque é quase o roteiro da traição da Shakira a mulher se apossa da vida da outra num nível absurdo.
Isis243 23/02/2023minha estante
Oi ? vc já terminou ?
vc gostou do final ? Vale a pena ler ?


Yee 23/02/2023minha estante
Oi Isis,terminei sim,o final tem as suas camadas acho super válido a leitura,além de ser nacional a Andréa escreve de uma forma digamos que cativante


Isis243 23/02/2023minha estante
Obrigada. Nunca li nada dela. Vou começar por este. Graças a vc!


samantha 24/02/2023minha estante
Eu sinto que ia amar esse livro kkkk




beatriz 21/01/2023

leitura fluída e interessante.
"Eu costumo atrair deprimidos e piorar o quadro deles. Com eles ou você fica plenamente a superfície, impávida, ou eles usarão sua cabeça como platô."

Sendo bem sincera, eu tenho um certo fascínio por personagens polêmicas e não convencionais como Cecília, e por se tratar de um fluxo de consciência foi uma experiência muito interessante ler os seus pensamentos contínuos e suas muitas opiniões sem filtro. Acredito que para uma parte dos leitores ela deva passar a imagem de uma personalidade cínica e inescrupulosa (e ela é, de fato), mas que também tem uma complexidade que torna difícil não se interessar pela personagem e até mesmo se divertir com o seu humor ácido, de modo que a imersão na narrativa se torna algo natural e instantâneo.
hed-f 21/01/2023minha estante
sua resenha me convenceu a colocar ele em próximos pra ler!!


beatriz 21/01/2023minha estante
amg eu recomendo!! mt bom




Marlonbsan 09/04/2024

A Pediatra
Cecíllia não é nada do que se espera de uma pediatra, já que o espírito maternal passa longe de sua essência. Porém, a medicina foi o caminho natural ao seguir os passos de seu pai.

O livro é narrado em primeira pessoa por Cecíllia, tem uma linguagem relativamente simples e flui bem.

Esse é um livro peculiar, tanto pela personagem, quanto pelos acontecimentos em si. A profissão fica muito no centro da trama e questões que a envolvem.

Mas o que prende a leitura é a capacidade de escrita e desprendimento, já que a personagem é inteiramente fora dos padrões e fugir do senso comum faz com que a história tenha camadas e mais camadas, mesmo sendo um livro curto.

Porém, existe alguns pontos que podem incomodar, como é o caso de tantas referências médicas, nomes, procedimentos, remédios, que podem não ser do conhecimento ou do interesse de todos e tornar algumas partes menos acolhedoras.

Há várias questões que são levantadas também, sobre trabalho, relacionamentos e maternidade que fazem refletir sobre as cobranças, interesses e o que se busca de cada uma desses eixos.

A abordagem mais crua sobre vários fatos, sentimentos e relacionamentos, faz com que seja uma leitura muito interessante, claro, vai depender da capacidade de cada leitor de se conectar com que está sendo contado. Por isso, não é uma leitura que recomendaria para todo mundo.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 18/11/2022

A Pediatra Canalha
Semifinalista do Prêmio Oceanos e Finalista do Jabuti em 2022, A Pediatra é o mais novo romance de Andréia del Fuego, pseudônimo de Andréia Fátima dos Santos, uma paulistana que há onze anos, em sua estreia no gênero com Os Malaquias, surpreendeu ao vencer o Prêmio José Saramago.

Aliás, desde 2013 que a escritora não lançava um livro. Um longo hiato marcado pela chegado do primeiro filho, experiência que lhe serviu de inspiração, resultando numa narrativa que tangencia temas como sociopatia, ética médica, idealização da maternidade e o chamado ?parto humanizado? que, a despeito da atualidade e a polêmica que desperta, jamais vira abordado numa ficção.

Sua protagonista, Cecília, é uma neonatologista com claros sinais de sociopatia e que precisa de ajuda psiquiátrica, em especial, se levar em conta os problemas que vem enfrentando ultimamente, isto é, o fim do casamento, a concorrência de um novo profissional, que é o seu oposto ? simpático e empático ? e a descoberta de um súbito amor maternal pelo filho do amante, criança que ajudou a nascer. A bem da verdade, um sentimento que a surpreendeu, pois jamais pretendera ser mãe.

Todos a sua volta ? do pai que idolatra, um endocrinologista de sucesso, ao ex-marido e o amante casado ? ignoram a gravidade da situação. A bem da verdade, se por um lado, Cecília é uma hábil mentirosa, por outro, cresceu sem afeto, relegada ao segundo plano, o que a fez criar um escudo protetor e é bem provável que o reconhecimento da mesma conjuntura na vida de Bruninho, a criança que mudou sua vida, seja responsável por sua transformação.

Com 180 páginas e capítulos curtos, o livro prende a atenção do leitor do começo ao fim. Com um estilo ágil, uma boa dose de sarcasmo e uma linguagem sintética que se ajusta a maneira de Cecília, Andréia demonstra ser uma escritora versátil e desapegada a rótulos, ao abrir mão lirismo e do fantástico de seus outros romances.

Também comprova ser uma hábil contadora de histórias, capaz de criar uma anti-heroína esférica, vil mas também fascinante, aliás, características peculiares a todo portador da síndrome de comportamento antissocial. Ouso dizer que é impossível esquecer a ?pediatra canalha?, como bem definiu Fernanda Torres na orelha do livro.
Hannah Bastos 18/11/2022minha estante
Fiquei com muito vontade de ler!




Andresa Calil 18/12/2023

Diferente de tudo que já li
Nem sei ao certo como começar a descrever esse livro. Estaria mentindo se dissesse que no início dele eu estava super empolgada; não estava colocando muita fé que me prenderia tanto. A começar pela escrita dele que pode parecer meio confusa no início por não ter a sinalização de uma conversa, por exemplo. O texto é descrito de forma contínua, sem travessão ou observações separadas. Simplesmente vem escrito tudo junto, uma coisa só. Mas a medida que a leitura vai sendo desenvolvida essa forma de escrita permite que o leitor pense como a própria personagem. Lembro de ter ficado desconfiada de determinadas pessoas e cenários igual a doida da Cecília kkk me senti uma louca como ela. Credo!!

Vinha imaginando um possível final para essa história mas fui pega totalmente de surpresa por não ser o que eu estava imaginando e pelo livro, simplesmente, ter acabado do nada!!! DO NADA MESMO!!! Fui para o próximo capítulo crente que teria continuação e me deparei com a foto da escritora? Só ali percebi que o livro realmente tinha acabado e que a a Cecília é uma baita de uma doidona!

O livro é de fácil compreensão, leitura fluida e capítulos curtinhos que fazem a gente querer ler ?só mais um capítulo? mas no final acabar lendo mais uns 3, no mínimo ?
Del Matos 18/12/2023minha estante
Terminei exatamente assim


Andresa Calil 18/12/2023minha estante
Não estou sozinha kkk ?


Del Matos 18/12/2023minha estante
Não kkkk
Esperava tudo desse livro, menos esse final


Andresa Calil 18/12/2023minha estante
Minha amiga deduziu esse final. Eu tava esperando algo diferente, tipo ela engravidar kkk


Del Matos 18/12/2023minha estante
Eu esperava que ela fosse ficar sozinha, que todas a abandonassem


Manuella 18/12/2023minha estante
Você é muito rígida nas estrelas ???


Andresa Calil 19/12/2023minha estante
Hahahahaha ? sou mesmo! Meta pra 2024: ser mais generosa com as estrelas kkkkkkk




Josie 14/01/2024

Com um estilo de escrita cativante e ácido, num texto sem floreios e de capítulos curtos, o livro nos propõe uma incursão sem filtros pelos pensamentos e atitudes da protagonista, nos mantendo envolvidos, página após página, em uma trama descompassada e desenfreada, que poderia nos levar a inúmeros desfechos possíveis - já que, a partir da referência desenhada ao longo da o obra, qualquer coisa sem muito escrúpulo parece perfeitamente cabível.
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Natasha 22/07/2022

Uma loucura
O livro relata sobre a vida de Cecília, uma pediatra que fez medicina por pressão do pai e que detesta crianças.
É cômico, pois mostra sua vida totalmente uma bagunça devido a seu amante, que ela não gosta, mas também não consegue se desprender.
Jheinis.Duarte 22/07/2022minha estante
Meu deus kkj


Natasha 22/07/2022minha estante
Esse é aquele tipo de vida que se você acha que sua vida tá ruim, é porque não a desta mulher kkkkkkk


Jheinis.Duarte 22/07/2022minha estante
Kkkkkkk tenso




trizisreading 03/11/2023

Um livro de mulher doida
Cecília é uma pediatra que não gosta de crianças, mas é ótima em seguir os protocolos de sua profissão, além disso, também é neonatologista. Trabalha em um consultório, no mesmo prédio de seu pai. Mora com Deise, que trabalha para ela. Tudo isso vai se revelando com a escrita da autora, como um fluxo de consciência, o que torna o livro muito gostoso de ler.

É nesse fluxo de pensamentos da autora, em que ela critica, tenta se justificar, inventa uma narrativa para tudo que ela não sabe de fato, que acabamos nutrindo uma grande antipatia pela personagem. Notei que ela é uma pessoa extremamente narcisista, muitas vezes não leva em consideração os sentimentos alheios, fora os momentos em que age como uma perseguidora.

Esse é um daqueles livros de "mulher doida" que te deixa pensando muito nas coisas que acontecem no decorrer da história, eu mesma não entendia o porquê ela insistia tanto no Celso, que era um insuportável, mas depois ela vai além e fica obsecada pelo menino que ela, como neonatologista, ajudou sua mãe a pari-lo. Aparentamente, não existe uma razão para ela gostar dele e não gostar de todas as outras crianças no mundo, ela simplesmente sente um instinto maternal quando a criança em questão é ele.
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