Com mãos atadas e como quem pisa em ovos

Com mãos atadas e como quem pisa em ovos Esteban Rodrigues




Resenhas - Com mãos atadas e como quem pisa em ovos


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Gio 12/11/2021

Quando bolas de gude e a poesia nos atinge*
Não tenho como entender por completo os sentimentos de Esteban Rodrigues mas fui atravessado. Quando comecei a ler o livro ?com mãos atadas e como quem pisa em ovos? (editora paraLeLo13S, 2021), despretensiosamente, as bolas de gude dos sonhos do autor me atingiram e eu nem sei o porquê.

Percorrer cada poesia, cada palavra, cada verso do autor é sentir, nas 57 páginas do livro, as inúmeras sensações que ele tenta nos provocar: o corpo, a pele, o rosto, o choro nas tardes, o não-pertencer-sentir entre o caos interno. A cada poesia, dia. Agora estou participante de parte da rotina do autor. Rotina essa que, junto com ele, me faz olhar para o chão antirreflexo da vida.

A impressão que eu tenho é que a exaustão que permeia a escrita de Esteban Rodrigues não se desassocia do que a gente conhece como mundo, como vida, como tentativa de fuga, do que é não estar dentro do padrão, daquilo que entendemos como autoconhecimento. A impressão que tenho é que o autor escreve como forma de encontrar uma parte perdida de si. Aqui concordo e discordo de Hilário Zeferino: para ler ?com mãos atadas e como quem pisa em ovos? é preciso estar no lugar certo e de peito aberto, o dia é indiferente. Li na terça-feira, ele na quarta.

Eu completaria dizendo que para ler ?com mãos atadas e como quem pisa em ovos? é preciso estar atento às miudezas, ao mínimo detalhe, ter expertise para capturar a subjetividade do autor e sua complexa narrativa. Afinal, a subjetividade está intrínseca na escrita de Esteban Rodrigues, desde as descrições poéticas ao sentimento que o acompanha. Como acordar de madrugada para escrever, como rasgar papel por não conseguir transpor o que sente, como observar o pitbull cheirando as flores, como esperar um muito obrigado, um até logo e não o completo silêncio que não preenche espaços.

Em ?com mãos atadas e como quem pisa em ovos? a poesia se faz vida.


*Originalmente publicado na Feira Literária de Letras da UFBA.
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