Resenhas - Lords of Chaos

Thalles 28/09/2022

Uma história bizarramente interessante do, talvez, gênero musical mais infame de todos os tempos. Esse livro é, com o perdão do trocadilho, uma verdadeira bíblia sobre o Black Metal. Desde seu "velho testamento", com as origens e influências, até todo o desdobramento que se gerou com a escalada insanidade de seus integrantes e ouvintes.
Definitivamente não é um material para qualquer, muito menos para pessoas sensíveis. Mas mesmo assim, o arquivo documentado nessa obra é extremamente rico e curioso, pra dizer o mínimo.

O ser humano, sem dúvida, é o mais perigoso dos animais.

Marcelo 05/12/2021

Polêmico, para dizer o mínimo!
Todo mundo que gosta de metal conhece ou ao menos já ouviu falar da cena norueguesa de Black Metal do começo doa anos 90. O True Norwegian Black Metal já é controverso por si só, mas este livro (que posteriormente serviria de inspiração par um filme, também muito criticado, de mesmo nome) ajudou a criar um mito em torno da cena.
Para começar, vou falar de coisas boas. Primeiro e, como já é costumeiro, o capricho da Editora Estética Torta é incrível, livro com capa dura, poster e um detalhe inusitado que são lustrações que brilham no escuro, de pentagramas, cruzes invertidas e um Baphomet na frente e na contracapa. Além disso, a nota à edição brasileira faz uma excelente contextualização da obra e das dificuldades em se lidar com diversas declarações e termos de conotação abertamente racistas entre outros. E aí começa a parte nada legal do livro.
Feito quase como um colcha de retalhos de matérias de franzines da época, entrevistas diversas e até artigos acadêmicos, o livro por diversas vezes é cansativo. Mas o maior problema não é este. Se você gosta de Balck Metal Norueguês e tem um mínimo de humanidade nas veias, é muito provável que não consiga mais ouvir certas bandas. Ainda que no começo da história haja um pequeno ensaio sobre a origem do estilo e suas influências, a maioria do que se lê aqui é dividido entre um tipo "estudo antropológico" e descrição jornalística tendo a música apenas como pano de fundo para todo tipo de declaração e ato supremacia racial, assassinatos e crimes dos mais diversos tipos.
É uma leitura interessante por conta da inegável importância musical do estilo, mas diversas vezes o satanismo (que no decorrer do livro, parece ser na absoluta maioria dos casos apenas "justificativa" para o injustificável) é o menos maléfico dos ingredientes existentes nesta receita de ódio. É fácil de entender porque tantos envolvidos que na época foram entrevistados odeiam este livro, pois tirando alguns músicos são mencionados apenas por conta da obra, a maioria daqueles que se expressam aqui deram declarações e/ou cometeram atos bárbaros.
Se você tiver estômago forte, vá em frente, caso contrário será uma experiência bastante difícil esta leitura. Vale como documento de uma época e, principalmente, de como um ser humano NÃO deve agir.