Ca Melo
11/08/2022Resenha | Uma rosa no concreto, de Angie ThomasEsse livro se passa no mesmo universo de “O ódio que você semeia” e conta a história de Maverick, o pai da Starr, quando ele tinha 17 anos. Como sempre, a narrativa da autora é envolvente e nos deixa entusiasmados a cada página. Ainda mais por ver as fragilidades de um homem que precisou ser forte e amadurecer rapidamente com a paternidade de dois filhos.
Não, não estou enaltecendo o papel do pai, visto que na maioria das vezes eles são omissos de suas responsabilidades. Mas, chamo a atenção para o contraste que Angie Thomas desenvolve desse personagem que é tão forte no futuro e como pai de Starr e Seven.
Em “Uma rosa no concreto” fica mais evidente o sistema de tráfico de drogas que a autora traz em “O ódio que você semeia”, mostrando que essa “vida fácil não é uma mera escolha”, mas que há todo um sistema patriarcal e racista que pouco dá oportunidade para os jovens negros. É um sistema que os coloca à margem, sem perspectiva de mudança, presos em um determinismo e estereótipos.
Apesar da trama focar em um homem (e sobretudo negro), a autora chama a atenção para o papel das mulheres negras: ambas tem uma presença marcante e personalidades fortes. Seja a mãe de Maverick para criar e educar o filho enquanto o marido está preso, Lisa e Iesha ao lidar com a gravidez na adolescência e responsabilidade de ser mãe, ao mesmo tempo em que não deixam ser capachos dos seus companheiros.
Apesar dos temas e da perspectiva da obra, fiquei sentindo falta de um maior desenvolvimento da história, comparando com o próprio peso emocional e psicológico das demais obras da autora “O ódio que você semeia” e “Na hora da virada”.