Resenhas -

Ricardo 07/12/2021

Informações interessantes, conclusões nem tanto
Fiquei um pouco dividido entre dar 2 ou 4 estrelas ao livro, então optei pela opção intermediária.
O livro é bom de ler e interessante, com bastante informação e até algumas conclusões bem suportadas por argumentação.

Entretanto, a oposição à responsabilidade social das empresas não se sustenta se usarmos os próprios argumentos do autor. No fim das contas, cheguei a ficar com a impressão de que o livro é quase uma pegadinha preparada pra seduzir tanto as pessoas da direita, que se sentem à vontade com a ideia de empresas visando apenas o lucro e ponto final (à la Milton Friedman), quanto as da esquerda, ao enfatizar o caráter perverso das empresas, que seria suficiente para concluirmos que se uma empresa está promovendo sustentabilidade, boa coisa não é.

A análise do mérito da questão Woke passa completamente batida, bem como a questão de que é muito difícil sustentar que tudo o que uma empresa tocar fica moralmente poluído (uma espécie de toque de Midas ao contrário).
Sim: é verdade que há uma pressão que precisa ser combatida e que tende a fazer as pessoas que compõem as empresas deixarem que outras pensem na ética enquanto cada uma pensa no seu papel imediato (e no lucro/salário dele decorrente), mas isso vale também para qualquer produto que a empresa produz, afinal, se é pra termos medo porque a empresa quer lucro acima de tudo, qualquer coisa que ela me oferece (incluindo os bens produzidos) não deve valer a pena pra mim (afinal, ela está pensando apenas no lucro).

O livro está tendo um efeito super curioso em um espectro da esquerda brasileira, que talvez sempre tenha desconfiado dos excessos da cultura Woke, mas só agora se sente confortável pra criticá-la, afinal, a culpa seria do capital.
Uma coisa é a empresa fundar (criar) um movimento com o objetivos, digamos, sórdidos. Outra é tentar se apropriar de um movimento para obter o mesmo fim. Em ambos os casos o mérito do movimento importa, mesmo que a intenção do financiador seja perversa, mas no segundo caso (que é a hipótese que o livro suporta) não deveríamos desconfiar da cultura Woke de maneira tão intensa quando no primeiro.

Wellington.Pimente 05/05/2023

Relato pessoal sobre a pauta Woke.
A agenda Woke é algo bem contemporâneo e portanto, lidamos com a questão no nosso cotidiano. Recentemente, em Abril/2023, houve o caso da garota trans Dylan Mulvaney, na propaganda da cerveja norte-americana Bud Light em que fez a empresa perder US$ 5 bilhões de dólares na bolsa de valores, por seus clientes serem majoritariamente contra essa pauta empresarial.

O autor Vivek Ramaswamy é filho de imigrantes indianos, nasceu e viveu no sudoeste americano e além de se tornar um CEO e empresário bem sucedido no ramo da biotecnologia, defende nessa obra sua visão de que a política não deve entrar nos negócios e principalmente, se declara traidor da sua classe empresarial, da qual fazia parte de forma direta e portanto afastou da pessoa jurídica para falar como pessoa física e assim, nos revelar os bastidores das salas de reuniões corporativas, conferências cinco estrelas e organizações sem fins lucrativos secretas para escancarar o fingimento que define o nosso século. Como no trecho: "Por que estou desertando? Estou farto do jogo corporativo americano de fingir que se importa com a justiça para ganhar dinheiro."
Uma revelação muito impactante e de como surge essa nova força invisível que está em ação em nossas vidas econômicas e culturais e que afetam os anúncios que somos convencidos, assim como os produtos que compramos.

Portanto, denunciando o "capitalismo das partes interessadas" que promete um mundo melhor, com mais diversidade e com ações para a ecologia, mas podem estar criando um sistema, em que líderes empresariais dedicam suas ações sobre questões morais entre outros e ao fazer isso abrem portas para que todos os empresários inescrupulosos abusem desse poder recém adquirido.

É um relato de quem possui um posicionamento muito claro e descreve fatos através da sua própria experiência, alertando sobre estarmos sendo manipulados e coagidos por empresas, para que assim elas ganhem em troca, favores no governo, como um tratamento legislativo favorável, entre outros tipos de favorecimento.

Vivek Ramaswamy finaliza de forma muito sincera e pessoal, e aponta um caminho acreditando que surgirá o DESPERTAR americano, como enfatizado no seu conceito de que América não é só um lugar, mas principalmente uma ideia, em que todos os americanos carregam em si.