Letícia 05/01/2022Leitura necessária para nós mulheres!Publicado pela Editora Cassandra, o livro é de 1994 mas atual como nunca. Começa nos explicando o conceito da Síndrome de Estocolmo clássica, para que depois possamos aplicá-la como uma teoria universal do abuso interpessoal crônico. A síndrome de Estocolmo social aborda questões psicológicas sobre como, no patriarcado, as relações de gênero são hierárquicas e, portanto, desiguais. Sendo assim, os relacionamentos heterossexuais, por exemplo, não são nada saudáveis no patriarcado. Além da heterossexualidade ser compulsória, ou seja, não há real liberdade de escolha, existe sempre a violência e ameaça de violência. O que torna a vida de nós mulheres subjugada às visões dominantes masculinas.
Segundo a autora, existem 4 condições precursoras para a síndrome de Estocolmo: isolamento, percepção de bondade, de ameaça à sobrevivência e de impossibilidade de fuga. Todas essas condições se encaixam nas relações patriarcais!
O livro faz vários questionamentos interessantíssimos e essenciais... também propõe formas de acabarmos com a síndrome de Estocolmo social, nos livrando do isolamento através de redes de apoio e conexão.
É tudo muito louco sobre como nossas visões de mundo não são realmente nossas, e como aprendemos a tentar sobreviver diante de tanta dominação, abuso e violência.
Para o patriarcado, é ótimo que as mulheres se dividam cada vez mais e se fragmentem por causa das diferenças. Mas os "privilégios" que algumas mulheres obtêm, são sempre condicionados pelo próprio algoz e têm um preço! Uma gaiola pode ser de ouro, mas ainda é uma gaiola.
Os homens não vão salvar as mulheres da tirania deles próprios! Não adianta se apegar em homens "bonzinhos", eles nunca vão abrir mão dos próprios privilégios! E as mulheres que se privilegiam de alguma forma, precisam se questionar da onde esses privilégios vêm e a quem eles realmente servem.
É importante entendermos que amar os homens não nos livra de sermos mortas e/ou sofrermos violência sexista. Amar pode ser muitas vezes um recurso de sobrevivência, mas sobreviver é o suficiente?