Vania.Cristina 05/10/2023
Humor e melancolia. Juventude e sabedoria.
Livro aconchego cujo narrador principal é uma casa que fica na Rua Girassol, número 8, na cidade de Lagoa Pequena, no interior de São Paulo. Leve e bem humorado, o livro conta três histórias que aos poucos vão se entrelaçando: a da jovem estudante Ana, que mora na casa nos anos 2000, a do jovem estudante Greg, que se passa em 2010, e a do jovem fotógrafo Beto, que vive na rua Girassol em plena pandemia de covid, em 2020. Os três personagens se descobriram gays e estão tentando entender o que isso significa e como se expressar para a família e para o mundo. Sem malícia e sem cenas picantes, os personagens vão descobrindo o amor, a sexualidade e o auto conhecimento, de uma forma natural, saudável, com aceitação e acolhimento. A família é presente nas três histórias, nem que seja na figura de uma tia e, assim como os amigos, é fundamental para o processo de autodescoberta vivido pelos jovens. O humor na obra é sutil, e a gente se pega dando um sorrisinho aqui outro acolá. A narração da casa e a de um outro narrador atípico reforçam o humor, mas dão um tom mais infantil para a obra, e esse tom não me agradou tanto. Tem uma certa melancolia nas entrelinhas, por causa da passagem do tempo, dos momentos de mudanças e perdas, dificuldades de relacionamento e inseguranças. A abordagem apresenta um olhar jovem mas que tem sabedoria, aberto à aprendizagem e ao crescimento. Recomendo a leitura para adolescentes, pais, avós e professores. Ou seja, leia sem medo e com disposição para abandonar seus preconceitos.