Eu que nunca conheci os homens

Eu que nunca conheci os homens Jacqueline Harpman




Resenhas - Eu que nunca conheci os homens


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Paulo.Ratz 04/12/2022

QUE LIVRÃO!
Poucas vezes na vida fiquei tão envolvido numa história a ponto de ficar 3 horas e meia lendo sem parar até terminar o livro!

Já adianto que é muito cruel e que não dá pra vocês ficarem esperando que vai ser tudo lindo e que vai haver uma redenção, hein.
Kesia Ribeiro 04/12/2022minha estante
Minha indicação sendo 5 estrelas ???


Su 06/12/2022minha estante
Finalizando esse livro nesse exato momento, também não consegui parar até finalizar.


Tay 07/12/2022minha estante
Livro da Vida ?


Mariana 28/12/2022minha estante
Esse livro é maravilhoso!


Morgana65 06/01/2023minha estante
Realmente um livro que não da pra parar. Mas poderia nem ter começado kkkkkkk


Barbara 26/06/2023minha estante
Surreal, maravilhoso!


Laura 05/07/2023minha estante
Lendo por indicação sua ??


Janavisi 25/07/2023minha estante
Não consegui dormir pensando nesse livro? na pequena! Ô gente ?


Elaine Coimbra 22/08/2023minha estante
Eu li pela sua indicação, mas foi um parto pra eu terminar! Não curti muito não ?


Mariana 27/08/2023minha estante
Esperava tudo e não entregou nada...parece q a autora teve preguiça de pensar em todas as repostas pra td q aconteceu...se alguém souber de alguma explicação q eu não peguei me falem ?


Paola 28/11/2023minha estante
Foi um dos livros que mais me tocou, eu li por sua causa.


Barbara491 05/12/2023minha estante
Estou lendo por sua indicação e estou AMANDO, embora a cada página eu sinta muito pela pequena


Manu 06/03/2024minha estante
Obrigada pela indicação (vi num vídeo) acabei de terminar o livro e estou sem palavras. Fiquei achando que haveriam respostas e com 80% comecei a imaginar que não teriam e não teve, mas eu amei e amei e amei. Me cativou do início ao fim. 5estrelas




rfalessandra 09/04/2024

'Eu que nunca conheci os homens'
É um livro bem incomum, diferentes de todos que já li, e acho que daí vem toda a sua aura de quietude e mistério. Ele não propõe facilitar a mente confusa do leitor, mas você acaba a leitura com uma sensação estranha de entendimento. É, no final, mais um exemplo grandioso papel da literatura em nossas vidas.
Vania.Cristina 10/04/2024minha estante
Também achei, Alessandra




Paulo Henrique 06/01/2022

Eu não sei dizer se esse livro é bom
Mas ele mexeu muito comigo. Como é possível que a liberdade seja tão opressora? O não saber é dilacerante! Fazia tempo que eu não lia algo que mexia com sentimentos, que me colocava em uma expectativa tão grande, pra me frustrar na mesma medida logo em seguida. Acompanhar a protagonista é curioso porque ela não é, e nem tem como ser relacionável, mas é muito fácil querer segui-la, querer saber onde ela está indo e aprender com ela, mesmo que o resultado final seja o que foi... Admito que queria respostas, mas não consegui terminar esse livro com uma sensação ruim sobre a leitura.
Anne Gilmore 06/01/2022minha estante
Moça você escreve tão bonito


Renata 15/06/2022minha estante
Eu fiquei tão ansiosa e frustrada com essa falta de respostas que não consigo ter olhos críticos para os pontos positivos dele!

Mas é verdade que me despertou muitas emoções, mesmo que negativas.


Ana Cláudia 16/06/2022minha estante
me senti exatamente assim!


Mari Castelo Branco 16/08/2022minha estante
Aii, você traduziu o que senti. Obrigada ??




Daniel Moraes (Irmãos Livreiros) 28/03/2023

Eu que nunca conheci os homens, por Jacqueline Harpman
"Eu que nunca conheci os homens", escrito por Jacqueline Harpman, autora belga, publicado pela editora Dublinense, é um livro intrigante, distópico com um desfecho inesperado.

Narrado em primeira pessoa, por Pequena, nome dado a ela, desde seu nascimento, é a única pessoa em uma jaula onde 40 mulheres são mantidas aprisionadas sem explicação alguma. Simplesmente despertaram numa prisão de ferro com paredes de aço.

Por não conhecer a vida antes da prisão, Pequena acredita que a vida de todos é idêntica à dela: manter-se presa sem contato físico, carinho ou alguma referência de afeto.

Privadas de contato com o mundo exterior e ainda mais, impedidas de se tocarem, vivem como se o destino determinasse viver somente naquele lugar para sempre. Sem questionar.

E assim sendo, enquanto as outras 39 mulheres sofrem de saudade e se distraem com as memórias de suas vidas, a inocente Pequena se permite viver em uma alegoria que altera todo o rumo do livro. Um grande acontecimento ocorreu.

"O vigia largou seu molho de chaves, abandonado na fechadura, e se virou para os outros. Eles se entreolharam por um instante e então num mesmo movimento, tomaram fôlego e correram em direção à porta principal, empurraram as folhas duplas, as deixando completamente abertas, coisa que nunca tinha acontecido, e saíram."

Tudo o que foi idealizado para Pequena, neste momento em que saiu da jaula e conheceu o céu azul, as árvores, areia, flores, frutas, tudo que jamais vira, agora estava ao seu alcance. Seu mundo como conhecia foi desconstruído.

Em suma, os passos adiante desafiam nossa mente e o que é um tanto quanto disruptivo quanto o que se espera de uma narrativa fluida e concebida a partir de uma crença. É incrível!

A cada página, é possível sentir a latência na vida de Pequena. A cada descoberta, seja ela prazerosa, alegre ou que lhe traga tristeza, torna-se uma aventura para ela e ainda mais para o leitor. Um deleite.

"De repente, me vi lá em cima. Eu estava naquilo que nós, mais tarde, chamamos de guarita: três paredes e uma porta, também aberta, a planície diante dos meus olhos. Eu pulei, eu olhei. Era o mundo."

Entretanto, além da literatura, a obra tem como intuito, questionar as relações sociais e a visão de quem é levado a uma nova condição de vida, semelhante ao holocausto, que sem nenhuma justificativa privou milhões de judeus de sua dignidade e os dizimou pelo simples fato de acreditarem em uma crença, sua fé.

"Tive a impressão de que havia mulheres por toda parte, atravessadas sobre os colchões, jogadas uma sobre as outras, agarradas nas grades, amontoadas, espalhadas numa desordem assustadora. Algumas estavam nuas, outras com vestidos em farrapos, todas estavam em poses terríveis, atormentadas, as bocas e o olhos abertos, os punhos cerrados como se tivessem lutado e matado uma as outras no delírio do qual a morte as libertara."

"Eu que nunca conheci os homens", é uma obra que vai além da perspectiva de uma obra linear, bela. Apresenta a dor da solidão, a sutileza da inocência, a beleza da alegria. Intriga ao ler desde o início e o faz não querer fechar o livro após o desfecho.

Altamente recomendado.


Confira a resenha completa no blog Irmãos Livreiros

site: https://irmaoslivreiros.com.br/eu-que-nunca-conheci-os-homens/
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Victoria (Vic) 08/02/2023

SENSACIONAL!! Adoro livros assim!! Escrita perfeita e envolvente, história interessante. Confesso que eu queria muuuuito uma explicação porque fiquei muito curiosa. Nunca li nada igual!!
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Vania.Cristina 28/02/2024

Instigante exercício filosófico
Pequena é uma garota sem nome que vive com outras 39 mulheres, todas mais velhas que ela, numa jaula, no centro de uma sala, num porão sem janelas.

Guardas vigiam a jaula, revezando em grupos de três. Eles nunca olham diretamente para as mulheres, muito menos falam com elas. Só reagem se elas desobedecerem com atitudes proibidas, como gritar, chorar ou tocar as outras. A reação é uma chicotada à distância. As mulheres mais velhas trazem cicatrizes das chicotadas. Pequena nunca as sentiu, mas cresceu naquela cela sabendo que nunca deveria desafiar as regras.

Os guardas levam comida e outros gêneros de primeira necessidade até as mulheres. Elas cozinham e costuram juntas, conversam e fazem suas necessidades e higiene sem nenhuma privacidade.

Pequena não tem recordação do mundo externo, só conhece o que tem lá dentro e o que vem das lembranças compartilhadas das outras mulheres. Mas nem tudo elas querem compartilhar com a menina e isso vai gerando um descontentamento crescente nela, que acaba se sentindo discriminada dentro do grupo.

Quando a história começa, Pequena é uma adolescente revoltada, que sente que seu corpo pede mais do que encontra. Ela quer respostas mas as mulheres dizem que não sabem como foram parar ali nem o motivo daquilo tudo. Não querem compartilhar com Pequena informações sobre sexo e amor porque não acreditam que um dia vão conseguir sair daquele lugar, então seria inútil.

Um dia uma sirene toca , os guardas fogem e desaparecem, e o grupo de mulheres consegue sair, mas... a prisão era somente a cela em que viviam? O que irão encontrar no mundo?

O livro é uma distopia, mas acho bom avisar que nele não encontramos praticamente explicações e respostas. Além de trazer uma boa história, é um instigante exercício filosófico, com inúmeras questões do tipo... "e se?":

E se uma mulher tivesse acesso à linguagem e a outras pessoas, mas fosse um acesso limitado?

E se fosse bastante reduzido o contato com práticas culturais, individuais e coletivas?

Essa mulher seria humana por causa do exercício da linguagem, mas o quanto seria diferente de outras?

Sem contato com homens, com sexo, ou com qualquer tipo de toque físico e afeto, uma mulher menstruaria?

O que move uma pessoa a buscar conhecimento? E se não houver a quem deixar o conhecimento acumulado?

O que define nossa humanidade? Como se constroem conceitos como tempo, memória, beleza, arte?

Como funciona a mente e a capacidade de imaginar nessas condições limitadas?

Esse é um livro diferente e potente, para fazer sentir e pensar. Sua linguagem é fluida e a história é única e prende a atenção.

Fiquei curiosa em conhecer outros trabalhos de Jacqueline Harpman, mas esse é o único lançado no Brasil até agora. E não é um livro novo, foi lançado originalmente em 1995, em língua francesa. A autora judia, nascida na Bélgica, conheceu a Europa nazista e teve que fugir com a família. Voltou para casa ao final da segunda guerra mundial. Sabendo disso, olhamos com outros olhos para essa história. Harpman faleceu em 2012.
Vania.Cristina 28/02/2024minha estante
Gente, @librioteca fez uma resenha bem legal desse livro. Publicou hoje também.


Thayná Krueger 28/02/2024minha estante
Estou na lista de espera da BibliOn para pegar esse livro.


Monique @librioteca 28/02/2024minha estante
Vânia, essa é mesmo uma leitura potente. É impossível passar indiferente, principalmente para nós, mulheres. Com certeza vamos levar um bom tempo com essa história no pensamento. Beijão


Vania.Cristina 29/02/2024minha estante
Thayná depois comente o que achou. Das minhas últimas leituras foi a que mais despertou o interesse dos meus amigos daqui. Pelo visto tem muita gente que está com ele no radar.


Vania.Cristina 29/02/2024minha estante
Monique, com certeza. ??


Thayná Krueger 29/02/2024minha estante
Pode deixar que conto sim. ?




Jose151 16/07/2023

Eu que nunca conheci os homens
Gostei da sinopse desse livro, a execução é muito bem feita, achei alguns momentos um pouco parados demais, mas acredito que essa tenha sido a intenção da autora.

Meu problema é o final, acho que eu queria mais, mas na situação que a história se encontrava não tinha como evoluir pra mais.

Não sei o que pensar, esse é daqueles livros que vc termina e depois fica parado, olhando pra parede e refletindo sobre a vida. Recomendo.
Gabi1509 16/07/2023minha estante
O final é bem frustrante




A.Paula.Sz 13/10/2021

Acredito que por já gostar muito de distopias, eu não comecei essa leitura esperando por explicações, e por isso gostei tanto do livro como um todo.
No começo eu fiquei bem perdida, as emoções da narradora eram realmente muito voláteis e havia aquele ímpeto da adolescência, e isso deixou a narrativa um pouco confusa, mas ao longo da história as coisas vão se esclarecendo na medida do possível e era como se eu fizesse parte daquele grupo, estivesse entre as 40 mulheres que tiveram a sorte ou o azar de poder escapar naquele dia.
Foram muitas as vezes em q senti um nó na garganta, principalmente por conhecer a capacidade humana de realizar esse tipo de coisa.
A autora foi muito feliz na descrição das emoções, em retratar o desespero de se ver "preso pela liberdade".
Confesso que a a cada guarita q elas encontravam eu nutria uma pontinha de esperança de que houvesse outras pessoas, de que ela não fosse a última, a "única".
E foi muito intenso enxergar as emoções das outras mulheres através dos olhos da "pequena", pois ela não conhecia o mundo como nós conhecemos e a autora conseguiu demonstrar essa "falta" com muita propriedade.
Obviamente, fiquei curiosa em saber qual era o "experimento" q estavam fazendo nas guaritas, e qual seria o resultado esperado dessas experiências, assim como o motivo da sirene q gerou a debandada dos guardas e ainda o q aconteceu aos guardas do ônibus, mas como disse no início não esperava por respostas, a jornada delas já foi suficiente pra mim como leitora.
Foi interessante ver como a tão sonhada liberdade aprisionou cada uma delas dr a forma diferente, e até mesmo a narradora, quando se viu "livre" das obrigações com suas companheiras, se sentiu aprisionada em muitas ocasiões.

Gostei muito, recomendo a leitura para aqueles que são fãs de distopia, mas deixo um aviso: leia sem esperar por respostas, apenas aprecie a jornada.
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Isabella658 20/11/2023

Não espere por respostas ao ler esse livro.
Esse foi mais um dos livros que li por indicação, pois a sinopse me deixava um pouco hesitante em ler. É bem interessante, na verdade. 40 mulheres vivendo em cativeiro, uma delas uma garota que não conhece outra vida além daquela, até que finalmente conseguem sair. É o tipo de livro que espero muita filosofia e debates sobre humanidade, muito questionamento sobre nós, sobre a sociedade e conceitos que são normais pra gente, até alguém questionar.

O livro é exatamente isso, mas sem resposta nenhuma. E pra muita gente isso é algo frustrante, pra mim também foi, porém consegui ver o propósito disso. É muito angustiante ver elas saírem de uma prisão, apenas pra se encontrarem em outra maior. Sem conseguir resposta nenhuma dos porquês que é levantado durante a vida delas. A única esperança que temos de saber qualquer coisa, é pela protagonista, que é jovem e está sempre procurando por respostas. E eu absolutamente amei como o livro consegue passar bem os sentimentos que ela tem. O medo durante as cenas na prisão, a curiosidade, a confusão, a ânsia por encontrar alguém ou algo? o sentimento de curiosidade durante o livro todo é tão grande, que até a gente sofre com ela. É o livro todo sentindo a esperança delas de finalmente chegar a um lugar, sentindo essa esperança ir diminuindo aos poucos ou voltando, conforme a protagonista também vai sentido isso.

É por causa disso tudo, que mesmo o final do jeito que ele é, que mesmo a frustração enorme e todos os sentimentos agonizantes, que eu amei. Eu amo quando um livro consegue me fazer sentir exatamente o que a protagonista sente, que consegue me fazer sentir na pele como é ser ela. É totalmente imersivo, um livro pra ler numa sentada só. Fora isso, tem todo o desenvolvimento de personagens, como todas vão mudando, as coisas que vão acontecendo, os questionamentos sobre coisas que fazemos e o que nos torna humanos. Apesar da falta de respostas, tem sim descobertas que contribui mais pro nosso sofrimento. O sentimento final da protagonista eu pude e estou sentindo nesse exato momento. É BIZARRO como pude sentir tantas coisas assim. Por isso alguns não vão gostar, porque não são sentimentos bons e agradáveis, é desconfortável mesmo. Porém, é uma experiência maluca de boa.

Fica aqui também a minha recomendação, pra quem gosta de histórias imersivas, não importa o quão desagradáveis possam ser.
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Cixie 06/07/2023

Eu que nunca conheci o porquê
Esse livro me levou pra uma viagem mental.
Não consigo mais parar de pensar quão maluco é que mesmo depois de livres elas continuaram tão presas quanto antes, e é isso que é doido, porque é o que acontece muitas vezes na nossa vida

Nos sempre pensamos que a felicidade é quando acontecer x coisa, ou quando conquistar y coisas... Mas enquanto isso não acontece nos ficamos presos, rodando numa rotina cansativa, sem aproveitar, esperando chegar algo que talvez nunca vá chegar.

Viver uma vida sem planos, sem objetivos é tão ruim quanto andar por anos sem saber onde quer chegar. Realmente esse livro alugou um quartinho no meu cérebro.

Não é 5 estrelas porque não me conformo de nao ter um final. (eu sei que tem gnt que vai dizer " AAAH mas não precisa de final e bla bla bla...) mas eu queria saber e não soube então é isso.

Recomendo mesmo assim. Muito bom.
Nanda 04/09/2023minha estante
Isso bate muito com a minha opinião!!!!




Simony. 10/04/2023

Vc não vai ter reviravoltas, mas foi um desfecho perfeito. O que esperar qd vc nem sabe o que aguardar???? É sobre isso que o livro nos faz refletir durante toda a jornada da protagonista.
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Queria Estar Lendo 19/09/2022

Resenha: Eu que nunca conheci os homens
Como é que explico a experiência que foi a leitura de Eu que nunca conheci os homens? O romance de Jacqueline Harpman é uma bordoada na cara. Só consigo definir assim. Uma espécie de drama existencial com distopia com suspense que funciona bem do começo ao fim.

Quarenta mulheres estão presas em uma jaula, num porão isolado. Três guardas fazem ronda, sem interagir com elas. Há uma porta que se abre e se fecha na troca dos turnos, e para a entrega de alimentos. Elas não devem se tocar e nem tentar fugir, ou serão punidas com um chicote. Elas estão presas ali há tanto tempo que não se lembram mais.

Entre as mulheres, há uma garota. Ela cresceu entre as barras da jaula e não se lembra do mundo lá fora. Diferente das mulheres ao seu redor, essa garota não tem nome, e nem uma história. Ela só conhece essa prisão.

Até que, um dia, uma sirene soa. Os guardas deixam a chave na fechadura da jaula, e disparam para fora, abandonando as mulheres ali. Eles desaparecem, e essa é a chance delas. De fugir, de descobrir o que há lá fora, de tentar seguir em frente. E é a garota sem nome quem vai guiá-las nessa jornada.

Eu que nunca conheci os homens é um livro muito difícil de explicar. É aquele tipo de experiência de leitura que você tem que viver, porque só assim vai entender. A história que Jacqueline Harpman conta aqui é de um impacto emocional inestimável. É uma história sobre recomeços, sobre a humanidade e abandono.

É também uma história sobre conhecimento, medo e a vivência feminina (dentro de um contexto cisgênero, que fique bem claro. Não há conversas sobre mulheres trans, mas há espaço para imaginar que elas possam estar vivendo essa realidade). Não é um livro feminista, mas traz muitas passagens sobre a força das mulheres que estamos acompanhando. Da ânsia por continuar sobrevivendo nesse mundo que as manteve em cárcere por tanto tempo.

"Então percebi que, sozinha e assustada, a fúria era meu único recurso contra o homem."

A jornada dessas quarenta mulheres, narrada pela garota sem nome, arranca seu coração do peito. Desde a perda da liberdade abrupta que elas viveram, até a peregrinação em busca de um propósito. Tudo é muito devastador. Não é uma história sobre esperança, ainda que a mostre no decorrer da trama.

Eu que nunca conheci os homens vai te perturbar. Não é um livro violento ou pesado, mas é emocionalmente exaustivo. Os dramas existenciais são imensos, e fazem um turbilhão com as suas emoções e pensamentos. Quando termina, deixa uma sensação agridoce. Não é um final feliz, mas poderia ser muito pior. É um final irônico, como a própria situação comenta.

O desenrolar da história acompanha os percalços pelos quais as mulheres passam. A garota está sempre à frente, uma energia curiosa e intensa em comparação à melancolia das outras prisioneiras. Ela, que nunca conheceu o mundo, quer saber mais dele. As outras, que conheceram tanto, não o reconhecem lá fora.

Se você gosta de histórias com muitas explicações e motivos, esse não é um livro para você. Eu que nunca conheci os homens não te dá a mão e te conta timtim por timtim do que aconteceu; é uma história misteriosa e assim ela acontece. O que houve com o mundo, com as pessoas, com a humanidade? Por que essas mulheres estavam aprisionadas? Há teorias em cada canto do livro, e você escolhe no que acreditar.

"- E é isso que é extraordinário: nessa nossa vida absurda, eu inventei algo inesperado."

O final é um baque, como eu comentei, mas é o final mais perfeito para a história que foi contada aqui.

Tem muitas reflexões a fazer a respeito do que a história passa. Os sentimentos que Eu que nunca conheci os homens traz no decorrer da leitura são inúmeros. E falar sobre eles, acredito eu, tira um pouco do peso do que é a experiência dessa leitura. Chegar de surpresa nela é muito melhor do que saber tudo; cada momento terrível, esperançoso, querido ou trágico que aparece na trama é importante para ela.

Essa é minha primeira edição da Dublinense e gostei bastante do trabalho gráfico. A revisão que acabou pecando um pouco - tem alguns trechos com conjugações verbais estranhas que não se encaixam no resto da narrativa. Mas não atrapalham nem um pouco a experiência.

"E de que importa eu ficar muda num mundo onde não há ninguém com quem conversar?"

Eu que nunca conheci os homens foi uma das leituras mais surpreendentes, reflexivas e melancólicas que já fiz. A história de uma garota, em meio a tantas mulheres, que se sente distante de toda a dor delas, mas que compartilha de cada sentimento. A história de uma jornada em busca de alguma coisa que elas nem sabem se ainda está lá.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2022/09/resenha-eu-que-nunca-conheci-os-homens.html
Ricardo.Borges 25/09/2022minha estante
Sua resenha é muito boa.
Acabei de ler este livro - que me perturbou tanto - e vim procurar algum esclarecimento sobre minhas impressões, pois perdi o chão!
Valeu!


Queria Estar Lendo 25/09/2022minha estante
Que bom que curtiu, Ricardo! Também fiquei sem conseguir pensar direito quando acabei, bom demais.




Deise 01/01/2023

Tinha tudo para ser 5 estrelas. A sinopse entrega tudo, mas o final deixa a desejar. Se tem uma coisa que odeio é final aberto e história não explicada. Tem tantas perguntas que ficaram sem resposta que acabei ficando revoltada. Entendo que é um livro mais para refletir sobre a humanidade e solidão. Mas não rolou pra mim, acho que esse livro não vai agradar todo tipo de leitor. Quem ama refletir, recomendo. Mas quem gosta de uma história completa, essa vai acabar decepcionando. A história foi boa, mas sem explicação, sem estrelas! Paulo Ratz dessa vez você não acertou na indicação. 2,5 estrelas!
Luana 01/01/2023minha estante
Que pena ? estava ansiosa para ler esse!!


Bellesbooks 01/01/2023minha estante
Aí final aberto já desanimei




Julia Manjko 19/09/2023

Diferentão
Foi a experiência de leitura mais diferente que tive nos últimos tempos.

Um livro muito bem escrito, que a todo momento me trouxe elementos que eu não esperava e que me intrigava mais a cada página . Ele me fez pensar sobre muitas coisas e por muito tempo. Muitas pessoas enxergaram nele visões do ponto de vista feminista, contudo minha experiência não foi assim, na minha opinião o livro fala sobre questões puramente humanas, não importando muito no fim das contas a qual gênero pertence.

A partir de uns 70% o livro fica um pouco repetitivo, mas como ele é curtinho não chegou a ficar chato

Eu já imaginava que o livro não teria exatamente uma explicação e confesso que isso me deixa um pouquinho frustrada, mas ainda assim foi um desfecho natural.

Vou pensar sobre esse livro durante muito tempo. Recomendo.
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Nilsonln 02/04/2023

O sentido da vida
PODERÁ TER ALGUM SPOILLER.

Cada um de nós, ao nascer, passa a fazer parte de uma família, de uma sociedade e nela aprendemos a viver, somos educados e passamos a considerar isso tudo totalmente normal e aceitável.

O tempo passa e, em determinado momento, passamos a nos fazer perguntas sobre de onde viemos, porquê estamos aqui e
os motivos de tudo ser como é. Perguntas que, quase certamente, iremos viver e morrer sem saber as respostas.

É sobre estas reflexões que o livro se estrutura, mas vai muito além. Aqui temos também uma história tocante, angustiante, intrigante e misteriosa.

A escrita é perfeita, prende e faz querer ler o capítulo único (proposital no meu entender) de uma sentada só.

O fato de não ter tido as respostas que eu tanto queria não me incomodou no final da leitura. Tudo fez sentido para mim por ir de encontro com a intenção da autora.

Maravilhoso! Recomendo muito a leitura!
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