João Vitor 11/09/2021
Simplesmente um dos contos mais legais que já li!!!
Já pensou em ler uma fantasia queer, com protagonismo trans e com várias características da mitologia chinesa? É isso e mais um pouco que Lucas Vieira entrega em O homem, o Coelho e a Província Enevoada.
No conto vamos conhecer a província de Wu Sheng, que vive cercada por uma névoa densa que a cerca completamente e que dizem as lendas ser lar de vários monstros, demônios etc. Por isso, inclusive, a névoa é vigiada e protegida pelo exército da província.
É nesse contexto que Jin Wei, devoto do Deus Tu'er Shen, sonha em se alistar ao exército e trazer honra à sua família de mestiços. E é em uma noite em que estava treinando para isso que ele vê um homem com uma máscara de coelho bem próximo da névoa e uma onda de curiosidade e fascínio o abraça de maneira inexplicável. É a partir daí que a história se desenrola.
Começando pela escrita do Lucas: INCRÍVEL, PERFEITA!!! Sério, ele consegue desenvolver o personagem, toda as motivações e plano de fundo de maneira espetacular, ainda que curta, por se tratar de um conto, que nos deixa vidrados na leitura, só querendo ler mais. Consegui me conectar 100% com o personagem principal e ficar totalmente imerso em tudo o que acontecia. Até porque, um outro ponto que preciso destacar é como todas as cenas são extremamente gráficas, parecia demais que eu tava assistindo um filme, que as cenas todas estavam passando na minha frente e eu era um mero espectador, ao invés de um mero leitor. Isso me conquistou demais.
Além disso, como citei no início, temos protagonismo trans aqui. E, pra mim, foi super interessante porque o enredo principal não era necessariamente ao redor disso, deixando apenas como uma parte importante do personagem. E é isso que eu quero ler mais, personagens LGBTQIA+ vivendo histórias comuns ou fantasiosas que não girem em torno da sexualidade ou identidade deles, mas sim sendo protagonistas de histórias diversas.
Uma outra questão é como o Lucas abordou toda a questão da cultura e mitologia chinesa. Logo no início, há uma nota do autor explicando como foi todo o processo de construção do conto e como ele foi extremamente responsável de realizar diversas pesquisas e diálogos com outras pessoas para que lhe fossem apontados limites e cuidados na hora de escrever sobre uma cultura a qual ele não fazia parte. É muito importante que qualquer pessoa que escreve tome esse cuidado de pesquisar e conversar com pessoas que sejam ou entendem daquilo que você pretende escrever antes para que não seja passada uma representação errada de uma cultura, comunidade ou seja lá o que for.
Por fim, foi uma história tão diferente do que eu costumo ler mas tão bem escrita que, apesar de ter terminado de forma bem redondinha, eu fiquei louco por mais. Poderia fácil ler um livro de 300 páginas com esses personagens, nesse mundo, etc. Inclusive o final......... fiquei 100% boiolinha... amei demais. Pra quem quer ler uma fantasia rapidinha, de extrema qualidade e com elementos xianxia e wuxia, pare tudo o que estiver fazendo e vá ler esse conto porque é 10/10.