Ana Júlia Coelho 18/09/2022O tráfico de negros já era proibido, mas em 1860 o navio negreiro Clotilda partiu em direção à África para buscar 125 escravizados. Desses, apenas 110 embarcaram. E, entre eles, encontava-se Olualê Kossola. Chegando na América, teve seu nome alterado para Cudjo Lewis, mais fácil de pronunciar, e permaneceu escravizado por cinco anos e seis meses. Após a Guerra Civil, viu sua liberdade ser restabelecida.
Cudjo nos leva para sua cidade na África e narra um pouco sobre os costumes e os conflitos com cidades vizinhas. E foi por conta de um desses conflitos que ele foi capturado, vendido e transportado para os Estados Unidos. Também narra rapidamente o período em que ficou confinado no navio negreiro e que trabalhou forçadamente para seu dono já em solo americano.
Após ser libertado depois da guerra, se viu impossibilitado pelo alto custo para retornar para sua terra natal e, junto de outros ex-cativos, fundou Africatown. Cudjo conta como foi casar e ter uma família, e a tristeza que se abateu após perder filho por filho, e por fim sua esposa, restando-lhe apenas uma existência solitária.
Esse livro foi só decepção. A história narrada pelo próprio Cudjo vai da página 73 até a 183. Em um livro com 240 páginas, achei pouco aproveitado para falar da figura principal e muito espaço gasto com ladainha, nota disso, nota daquilo, introdução de tal e do outro também. Além do ritmo de leitura ser um pouco prejudicado porque a autora quis deixar o mais fiel possível às palavras do Cudjo, com todos os erros gramaticais, e a edição brasileira optou por seguir o mesmo critério. A história é triste, pouco aprofundada a respeito dos cinco anos em que Cudjo permaneceu cativo (foca mais nos conflitos na África e no período pós libertação), mesmo assim é muito interessante e dolorido ler o relato de alguém que sentiu a escravidão na pele.
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