Anos de chumbo

Anos de chumbo Chico Buarque




Resenhas - Anos de chumbo


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Bairral 04/01/2022

Primeira leitura de 2022
O livro apresenta oito contos, com estilos diferentes, mas ambos densos, poéticos e redação límpida e surpreendente.
Alguns me cativaram mais, e de fato Anos de Chumbo se destaca na obra.
O sítio é excitante, assim como Para Clarice Lispector... Meu tio e Os primos de Campos são realistas e perversos. Copacabana, O passaporte e Cida, destacam como viagens únicas.
Tays.Motta 06/08/2022minha estante
Tive a mesma percepção. O Sítio foi o que eu mais gostei também.


Pabliny1 02/03/2024minha estante
Não terminei o livros mas Cida tem um toque de delicadeza na descrição, eu fiquei realmente numa "viagem".
Estou amando a leitura.




caspaeletrica 07/03/2023

5/10: Continuo incrédulo que o Chico continua v1vo
Confesso que se não fosse pela UERJ, eu nunca teria conhecido nenhum trabalho escrito do Chico Buarque, pois sempre fui ignorante quanto aos "clássicos" da música brasileira e para mim ele era apenas um deles.

Chico traz aqui uma coletânea sutil de contos (ou crônicas) que não tem nada em comum. O delírio elitista é claro no livro, mas não como crítica, e sim como o Chico se mostra desesperado para se mostrar relevante com temas já passados e repetitivos por ele ao longo da história. Os finais são incisivos e marcantes, mas o grande problema é a execução de seus meios, que é bem arrastada e torna os contos sem propósito muitas vezes.

É um livro ok apenas.

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MELHORES CONTOS: CIDA, ANOS DE CHUMBO, OS PRIMOS DE CAMPOS & MEU TIO (polêmico, eu sei)

PIOR CONTO: O PASSAPORTE/COPACABANA

5/10
Portela 20/08/2023minha estante
pior conto ?




mawvnn 21/12/2023

OBRIGADA UERJ
Se não fosse pelo exame de classificação da uerj eu jamais teria me interessado em ler esse livro.
Não é o meu livro favorito, mas eu adorei a escrita, os contos, as críticas, me entreti demais nas histórias, e apesar dos temas pesados de alguns contos achei uma leitura bem leve e fluída.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 28/11/2021

O Brasil Atual
Ao pé da letra, sou fã do ?músico Chico Buarque? desde criancinha, ou seja, desde que em 1966, quando tinha 8 anos, ele apresentou ?A Banda? no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Contudo, reportando a sua obra literária, ?o romancista Chico Buarque? sempre foi uma pedra, ou melhor, um pedrisco no meu sapato, à medida que seus livros, com exceção de ?Budapeste?, sempre ficaram aquém de minhas expectativas, portanto minha leitura de sua estreia como contista, em ?Anos de Chumbo e Outros Contos?, pode ser comparada a uma acrobata na corda bamba, isto é, um exercício de equilíbrio e isenção de qualquer opinião pré-concebida, quer contra ou a favor.

Nos contos selecionados, Chico desponta original, imaginativo e sucinto, qualidades essenciais para o gênero. Aliás, não é por acaso que o título do livro alude ao período mais repressivo da ditadura militar. Tal escolha espelha uma nostalgia que marca indelevelmente Brasil atual e, se o passado aflora em parte das narrativas, o conjunto toma como epicentro a cidade do Rio de Janeiro, para retratar ?um país que perdeu a forma?.

Totalizando oito, eis as narrativas:
* Meu tio: Coloca em xeque uma família disfuncional, ao apresentar a filha envolvida com prostituição e incesto.
* O Passaporte: Pouco antes do embarque, o sumiço do passaporte de um ?grande artista? causa inesperadas consequências.
* Os Primos de Campos: Outra família disfuncional, desta vez à mercê do racismo, da polícia e das milícias.
* Cida: Loucura e indigência trazem à pauta o preconceito de classe e a invisibilidade social.
* Copacabana: Devaneios vêm à tona ao longo de um nostálgico passeio pelo icônico bairro carioca.
* Para Clarisse, Com Candura: Até que ponto pode chegar a idolatria de um jovem poeta por uma importante escritora?
* O Sítio: Durante a pandemia, um casal decide morar num sítio isolado, contando apenas com o auxílio de um caseiro e a visita esporádica de um bando de urubus.
* Anos De Chumbo: Retrocedendo a ditadura militar, um menino, vítima de pólio, relata como resolveu a precária convivência com os pais.

Conforme explica Leyla Perrone-Moisés: ?Profundamente pessimista, Estorvo ? primeiro romance do escritor ? foi profético. Chico retratou uma sociedade em dissolução, vítima da alienação, da corrupção e da violência criminosa. Na época, Roberto Schwarz observou que a narrativa era uma metáfora do Brasil daquele momento, e que a trama dava a sensação de que 'o futuro pode dar mais errado ainda'. Trinta anos depois, o Brasil está, de fato, pior e ?Anos de Chumbo e Outros Contos? consegue capturar e transmitir com humor e agudo senso de observação nossa decepção diante desta conjuntura.

Sem pedra nem pedrisco no sapato, o ?novo livro do Chico? trata-se uma coesa seleção de contos, com histórias bem urdidas, personagens relevantes e desfechos impecáveis. De fato, prova ser uma metáfora do Brasil atual e pedindo licença para Alejandro Chacoff: ?Anos de chumbo ?também? são estes nossos?.

Notas:
* ?Anos de chumbo são estes nossos? é a frase que encerra a resenha crítica de Alejandro Chacoff sobre ?Anos de Chumbo e Outros Contos? e ela pode ser encontrada na página do livro na Amazon.
* Adquiri o e-book de indiscutível qualidade e preço atrativo.
renatocaldas 13/12/2021minha estante
Poderia ter marcado o aviso de spoiler. A surpresa sobre o que cada conto retrata faz parte da satisfação do leitor. Sobretudo nos contos...


Leila de Carvalho e Gonçalves 14/12/2021minha estante
Não há spoiler, apenas uma breve pincelada do que trata cada conta. Se você gosta de surpresas, tera inúmeras pela frente.




João 12/01/2022

Contos do Chico
Cada conto do livro nos conduz a uma experiência cotidiana, com pessoas que você facilmente pode visualizar em sua vida, em sua rua ou em sua família. No entanto, as pitadas de peculiaridades e fatos estranhos me deixaram boquiaberto, retornei algumas páginas para saber se era aquilo mesmo que estava acontecendo, e era. O absurdo do cotidiano é a profundidade que une todos os contos apresentados!
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_antunescamilla 21/08/2023

Anos de chumbo
Li só por que é o livro do vestibular. Apesar de ser um livro com temáticas e críticas importantes eu não gostei.
@pedroliterario 21/08/2023minha estante
Mas não gostou por quê?




Paulo 02/02/2022

Chico sendo Chico quando escreve.
Que o Chico Buarque é um gênio reconhecido com letrista e um excelente romancista, todo mundo reconhece.
Agora descobri que ele tem amplo domínio dos contos, sabendo em poucas páginas, surpreender o leitor e fechar brilhantemente.
Dos oito contos, todos tendo alguma relação com o Rio de Janeiro (nem que seja apenas como ponto de partida), sete eu considero irretocáveis. Apenas um, o primeiro, é meio perturbador, mas sem deixar de ser muito bom também z
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jota 22/01/2023minha estante
Você não comentou nada sobre o quarto conto, CIDA. Não gostou ou foi mesmo um lapso na hora de escrever a resenha?




Léo 01/03/2024

Meu primeiro contato com a obra literária da Chico. Gostei muito da escrita, sempre fluída e cativante. As histórias, num primeiro momento, parecem simples, mas todas estão repletas de um humor ácido e, principalmente, de críticas sociais. Aqui, o autor abre os olhos do leitor para diversos problemas que assolam nosso país.
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Clarice Cardozo 19/08/2023

Anos de chumbo: já passou?
Antes de conhecer o livro mesmo, achava que o "Anos de chumbo" era todo sobre a ditadura militar de 64. Mas já no primeiro conto vemos uma história que se passa num cenário ainda com elementos da pandemia Covid 19, provavelmente em 2021. Então, por que "Anos de chumbo"? Por que o último conto dá nome ao livro? Por que ele é o principal?

Durante cada conto tive uma experiência diferente, mas teve um padrão presente na maioria: terminar de ler, dizer "não entendi porcaria nenhuma", e depois conversar com uma amiga e notar uma crítica tão profunda naquele conto que eu só conseguia pensar que Chico Buarque realmente é um gênio. De fato, esse é um livro que não apresenta a crítica mastigada: você precisa pensar, questionar, refletir. E isso é tão maravilhoso, isso faz com que a gente acorde, faz a gente abrir nossos olhos, ver realidades que pensamos estar distantes de nós, sair da bolha mesmo!

Em 'Meu tio', a narrativa da criança traz um problema que acontece COM FREQUÊNCIA, mas escolhemos fechar os olhos e não falar sobre isso, porque é desagradável. Em 'passaporte', vemos um artista tão focado em si mesmo, tão apegado ao seu ego, que se acha tão certo e faz seus julgamentos como bem entende, a quem bem entende. Em 'Os primos de Campos', é escancarada a REALIDADE de muitos, MUITOS jovens por aí, marginalizados, longe da educação, afetados por múltiplos problemas sociais que não nos preocupamos porque está muito longe de nós. 'Cida' faz com que enxerguemos uma personagem tão invisibilizada aqui fora! Passamos por dezenas de pessoas como ela todos os dias, mas fazemos questão de virar o rosto pro outro lado. 'Copacabana' mostra do lado de dentro a mente de um torturado em alucinação. E em 'Para Clarice Lispector, com candura' a de um obcecado. 'O Sítio' talvez seja o que mais se aproxime de todos nós, se não por vivência, por observação: a pandemia em que, enquanto uns não podiam cumprir a quarentena de forma correta, outros podiam simplesmente alugar um sítio no meio do nada e "ficar em isolamento" postando '#fiqueemcasa'. A quarentena escancarou as desigualdades sociais, e vidas foram perdidas por isso. E por fim, 'Anos de Chumbo', novamente na narrativa de uma criança cujo pai é um torturador na época da ditadura, mostrando de perto a opressão dos militares.

Tendo dito isso, concluo, respondendo as perguntas do início: os anos de chumbo não acabaram. Ainda vivemos anos de chumbo, mesmo sem ditadura militar. Acontece que nem sempre notamos isso porque nos conformamos e escolhemos não ver. Somos incapazes de olhar para o lado e nos preocupar com qualquer problema que não nos atinja. Somos cegos e egoístas, alienados sociais, completamente tolos.
Por isso digo: ESTUDE! Não estou falando só de escola e notas e boletim, não. Tô falando de cidadania! Enquanto não formos RESPONSÁVEIS com nossa cidadania, continuaremos a ser cegos. E Irmão, com isso eu tô falando de POLÍTICA! Se você acha que falar de política é brigar pra ver que candidato é melhor, cara, muda de vida! A política abrange nossas vidas, somos seres políticos, não tem como separar nossa vida da política. E digo mais: pra quem quer manipular, enganar e se aproveitar do cidadão, é muito conveniente que você seja um alienado político, desses que se orgulha ao falar "não gosto de política".
Não se conforme, se incomode, busque saber, ESTUDE A HISTÓRIA DESSE PAÍS! Não deixe nada cair no esquecimento e jamais, jamais negligencie sua cidadania!
Isabeli.Francioni 21/08/2023minha estante
resenha impecável




maria18434 05/09/2023

Arrepiante
Li esse livro por causa da uerj e achei sensacional a forma como todos os contos apresentam um tema revoltante e crítico, além de todos os finais serem meio em aberto (o que deixa o leitor mais reflexivo a respeito da crítica e do assunto abordado).
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vivovini 08/08/2023

Anos de chumbo e outros contos
Tive que ler esse livro pra um vestibular e me pergunto, por quê?
chico estava chapadissimo escrevendo esses contos, essa é a minha definição.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 14/11/2021

Chico Buarque - Anos de chumbo e outros contos
Editora Companhia das Letras - 168 Páginas - Capa e Projeto Gráfico de Raul Loureiro - Imagem de capa: Solange Pessoa, 2008 - Lançamento: 2021

Chico Buarque faz a sua estreia no gênero de contos com uma antologia que reúne, em sua maioria, narrativas ambientadas na cidade do Rio de Janeiro, sempre com base no olhar irônico e bem-humorado do autor, tão característico do carioca e do brasileiro em geral. O bom humor é um elemento que tem estado ausente da crônica e da literatura contemporânea por motivos óbvios, exigindo cada vez mais técnica, imaginação e originalidade dos escritores para refletir sobre as nossas mazelas políticas, sociais e pessoais de forma leve. Este objetivo é alcançado com sucesso, mesmo ao descrever temas incômodos e que preferimos esquecer, como na estratégia de utilizar um narrador-protagonista ingênuo no conto que empresta o título ao livro.

Um bom exemplo desta abordagem leve que norteia todo o livro, está no conto O passaporte, no qual é muito fácil identificarmos o próprio Chico Buarque como personagem, nomeado ironicamente como "grande artista", ele está prestes a embarcar em um voo para Paris no Aeroporto Tom Jobim quando perde o seu passaporte e o cartão de embarque. Sempre um alvo predileto da antipatia de setores da extrema-direita política, o compositor e escritor se torna vítima de um ataque à sua identidade quando um estranho descobre a documentação esquecida no banheiro público e a atira na lixeira, provocando assim uma sequência de ações de consequências imprevisíveis e que evidenciarão o que existe de pior na condição humana.

"Ele não podia adivinhar que naquele instante um curioso abria um passaporte abandonado junto com o cartão de embarque na bancada da pia do banheiro. O indivíduo mal acreditou ao ver no documento o nome e as fuças do grande artista que ele mais detestava. De imediato detestou a ideia de que a celebridade fosse tomar champanhe em Paris, viajando no mesmo avião que ele. Pressentindo que o canalha voltaria ao banheiro a qualquer momento, num reflexo atirou passaporte e cartão na lixeira embutida na pia. As outras três ou quatro pessoas que estavam por perto não haveriam de ter notado seu gesto, pois num banheiro masculino ninguém se olha. Então o indivíduo puxou do toalheiro uma folha de papel-toalha para se assoar com força e a enfiou na lixeira. Não contente, arrancou mais um bocado de papel, protegeu a mão, arregaçou a manga e atochou o lixo no intuito de afundar mais e mais o passaporte. Não se privou de escarrar em cima da maçaroca." - Trecho do conto O passaporte (pp. 27-8)

Em Cida, encontramos uma situação comum na zona sul do Rio de Janeiro, uma moradora de rua com problemas mentais que sobrevive às custas das sobras dos moradores do bairro. O narrador acaba desenvolvendo um contato superficial com ela: "Nem bem eu despontava na praça, ela saltava do banco determinada a me acompanhar nas minhas andanças. Confesso que me dava um pouco de vergonha, porque no calçadão eu sempre topava com conhecidos [...]" Este contato superficial, mas recorrente, avança na medida em que se estabelece uma relação de confiança a partir de Cida, mas os delírios que a mantém isolada em um mundo particular se mostrarão como uma barreira intransponível para a inserção dela na sociedade.

"A Cida morava na praça Antônio Callado, endereço bacana a poucos passos do mar do Leblon. Na época em que eu caminhava no calçadão da praia, me habituei a vê-la duas vezes por dia, na ida e na volta para casa. Era uma mulher até bonita, apesar da pele rude e dos dentes maltratados; tinha entre trinta e quarenta anos e usava roupas de grife ao sol do meio-dia. Eram longos, tailleurs, pantalonas e até uma estola de lebre que as moradoras dos prédios ricos lhe doavam por caridade e por deboche. Também graças à vizinhança ela aproveitava sobras de refeições e tinha um travesseiro para deitar a cabeça no banco de cimento. Em noites de chuva dormia numa guarita abandonada na calçada do canal do Leblon, bem em frente ao seu jardim. E nas águas não muito limpas desse canal fazia suas necessidades, se lavava e lavava suas roupas finas, conforme ouvi dos prédios no entorno. [...]" - Trecho do conto Cida (pp. 75-6)

Em Anos de chumbo, um menino que sofre os efeitos da paralisia decorrente da poliomielite é o narrador-protagonista deste conto ambientado na década de 1970, durante a ditadura militar. É por meio da visão ingênua de uma criança deficiente, brincando com seus soldadinhos de chumbo, que presenciamos detalhes da violência doméstica e também institucional exercida pelo pai, militar de carreira na época. Uma forma diferente para contar a mesma história que, talvez, preferíssimos esquecer por conveniência ou medo, mas isso seria muito perigoso.

"[...] Assim eu soube que era ele, o major, quem delegava ao capitão, meu pai, missões especiais que deveriam nos orgulhar, à minha mãe e a mim. Era uma tarefa dura e perigosa, porque ele enfrentava um inimigo traiçoeiro, e aqui não estávamos falando de soldados de chumbo. Pelo que pude depreender, meu pai lidava com prisioneiros de guerra, criminosos que tinham sangue de verdade nas mãos. Tamanha tensão devia mexer com seus nervos, pois ele voltava para casa com a mandíbula travada e sem mais nem menos pegava a bater na minha mãe. Acho que batia com mais força por lhe dar razão, pois assumia aos berros ser de fato um grande otário. Nesses rompantes, também me parecia que ele tinha alguma bronca do pai do Luiz Haroldo, seu colega de academia e de caserna, que era condecorado sem disparar um tiro, era destacado para missões secretas no exterior e em breve seria promovido a tenente-coronel, enquanto ele marcava passo na carreira, fazendo o serviço sujo nos porões. Quando o major chegava para o uísque, porém, ele lhe trazia o balde de gelo, lhe oferecia a poltrona de veludo e um pufe para esticar as pernas." - Trecho do conto Anos de chumbo (pp. 160-1)

Nas oito narrativas breves que constituem a antologia, Chico Buarque demonstra segurança e domínio do gênero, seja nos contos de inspiração contemporânea (Meu tio, O passaporte, Cida, O sítio) ou naqueles que revisitam o passado (Os primos de Campos, Copacabana, Para Clarice Lispector com candura, Anos de chumbo). Uma obra recomendada porque demonstra como a habilidade inata dos nossos escritores para escrever com bom humor e inteligência sobre temas difíceis permanece, mesmo em tempos sombrios, ponto para a literatura nacional.

Sobre o autor: Compositor, cantor e ficcionista, Chico Buarque é autor das peças Roda viva (1968), Calabar, escrita em parceria com Ruy Guerra (1973), Gota d'água, com Paulo Pontes (1975), e Ópera do malandro (1979). Sua estreia na literatura foi com a novela Fazenda Modelo (1974), seguida do livro infantil Chapeuzinho Amarelo (1979). Ao publicar Estorvo (1991), seu primeiro romance, Chico se consagrou como um dos grandes prosadores brasileiros. Dele, além de Estorvo, a Companhia das Letras lançou Benjamim (1995), Budapeste (2003), Leite derramado (2009), O irmão alemão (2014) e Essa gente (2019). Em 2019, Chico Buarque venceu o prêmio Camões pelo conjunto da obra.
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jessica.guabiraba 11/06/2022

Estou de Chico
"Anos de Chumbo e outros contos" reúne 8 contos do autor Chico Buarque que são de perturbar o leitor. Quem me conhece sabe que sou completamente apaixonada pelo mais lindo do Brasil, como diria Maria Bethânia, e mais uma vez ele me surpreendeu como escritor. Esse seu livro de contos é realmente impactante, a começar pelo primeiro conto que me deixou de ressaca literária por horas, o nome de tal texto é "Meu tio" e começa de forma despretensiosa, no entanto dá umas pontadas no estômago ao longo do enredo trazendo um teor crítico com uma temática super atual. E para fechar com chave de ouro, o último conto de nome "Anos de Chumbo" tem uma reviravolta que me lembra filmes de Tarantino.
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Renata (@renatac.arruda) 15/12/2021

Eu sou da geração que cresceu admirando e respeitando o Chico Buarque por suas composições geniais e pela importância que tem na cultura brasileira. No entanto, ainda não tinha parado para conferir a literatura dele pois, por algum motivo, eu pensava que seria lenta e sisuda.

Não foi o caso de "Anos de Chumbo", primeiro livro de contos do Chico, que me surpreendeu pela leveza e pelo humor, apesar de tratar de assuntos muito sérios. Ao contrário do que o título sugere, não são todas as histórias que se passam durante os anos de ditadura militar, inclusive muitas delas são bastante atuais e refletem como é viver no Brasil da era Bolsonaro, o que torna o título apropriado -- será que a realidade brasileira de hoje também não pode ser entendida como uma espécie de "anos de chumbo" do século XXI?

De qualquer modo, como o artista criativo que é, Chico procura tecer histórias engenhosas, algumas com viradas de enredo surpreendentes, sem escorregar na panfletagem política mas acaba se tornando um mero espectador dos fatos, muitas vezes sem conseguir desvencilhar sua história ou sua voz pessoal da narração. Enquanto isso funciona em alguns contos, como no bom "Para Clarice Lispector, com candura", outros acabam deixam a desejar. O resultado é um livro bom, mas que não chega a ser memorável.
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