spoiler visualizarAna Júlia Coelho 29/02/2024
Primeiro que precisamos debater o conceito de família. Aqui, eles se acham uma grande família cheia de amor e cuidado e festa, mas é um bando de parente que não se suporta e precisa se encontrar de tempos em tempos porque a abençoada da Jessie adora reunir todo mundo em algum lugar legal, bancado por ela mesma. Mas quem se importa com os problemas financeiros que podem vir com esses gestos extravagantes, não é meixmo?
Acompanhamos 3 casais e seus rebentos, além dos agregados da família. Johnny, Ed e Liam (irmãos) são casados com Jessie, Cara e Nell, respectivamente. Eles devem ter, ao todo, umas 10 crianças, onde 9 delas só servem pra dizer que existem muitos personagens na história. Cada casal tem suas particularidades, e cada mulher é perturbada de uma forma diferente. Jessie gasta dinheiro demais no início (depois a autora esqueceu de manter essa personalidade dela) e está prestes a ver seu negócio falir; Cara tem bulimia e se esforça ao máximo para negar seu problema; Nell não se encaixa na família por ser um bando de rico e ela ficar o tempo inteiro preocupada com o mundo, comprando roupa de brechó e não tendo filho por causa da superpopulação no planeta.
Uma história longa, com páginas e páginas e páginas vazias de conteúdo, mostrando o dia a dia desse povo todo sem o brilho do desenvolvimento de Fredrik Backman ou de TJ Klune. No prólogo é tanta gente citada que eu achei que não acompanharia quem é quem, mas até que isso não foi problema, foi fácil gravar cada pessoa sem noção. Pra mim, o auge é Nell, se apaixonando pelo sobrinho postiço do marido, e ficando nessa sinuca de bico com quem se relacionar no final. Tem uma hora que o podre de todo mundo é exposto, que até fica legal. Pena que só acontece isso depois de 80% da história, e, se eu soubesse disso, não teria perdido meu tempo lendo tanto para tão pouco entretenimento.
É uma história fraca, com várias linhas interessantes jogadas e depois abandonadas (fala sobre imigração e as dificuldades dessas pessoas em se estabelecer em um novo lugar, e depois nunca mais cita nada), com atitudes babacas vindas de todos os lados e relacionamentos fracassados sendo mantidos a troco de nada. A única que salva, e bem no final também, é Cara, mas até ela resgatar a história do fundo do poço também foi insuportável acompanhar sua negação a respeito de seu estado.
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