Inventário de predadores domésticos

Inventário de predadores domésticos Verena Cavalcante




Resenhas - Inventário de Predadores Domésticos


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Evy 02/01/2022

"A infância é o molde dos monstros"
Inventário de Predadores Domésticos foi um desafio de leitura pra mim em vários sentidos. Primeiro que pelo título eu já imaginei que iria encontrar um inseto, inimigo de muitos anos: a barata e segundo que tenho fobia desse ser por causa de um trauma infantil causado por outra criança, assunto que é pano de fundo dos contos da autora.

Não foi uma leitura rápida, pois precisava parar para respirar a cada um ou dois contos e as vezes só conseguia retomar alguns dias depois. Cada conto traz uma "capa" com a ilustração de um animal que por sua natureza causa medo e repugnância: aranha, lagarta, verme, barata, enfim... Porém os contos nem sempre tem a ver com essas ilustrações, o que me fez demorar pra compreender que os predadores domésticos não eram esses animais, como inicialmente imaginei.

O que Verena vem expor e de uma forma cruel, abrupta e dolorosa, como um soco no estômago, são momentos da infância que muitas vezes — na maioria das vezes — queremos esquecer. Aquelas pequenas/grandes maldades infantis que nos marcam e podem moldar personalidades e a vida para sempre. Sem nos poupar de nenhum detalhe, sua narrativa feita através dos olhos das próprias crianças, nos conduzem a lugares sombrios e nos fazem encarar nossos piores medos.

"A gente nunca acha que vai acontecê coisa ruim com a gente, só cos otro, só que acontece, é triste mas acontece, a vida é assim".

Apesar do foco ser infantil, Verena não se esquece de que predadores evoluem e nos mostra também a maldade através de personagens adultos não menos impressionantes e assustadores. O livro choca, apavora, tortura porque mostra o que a gente não quer admitir que pode e está acontecendo a todo momento, em alguma esquina, na casa ao lado, na nossa memória.

"É bom ter um corpo quente para enfrentar a noite, ter uma cabeça apoiada no seio, ouvir um respirar tranquilo de quem dorme se sentindo acompanhado no medo".

De todos os contos, o que mais me tocou e impressionou a ponto de arrancar lágrimas, foi Açúcar Vermelho. Verena consegue exprimir uma dor que achava impossível colocar em palavras. Outros contos que não saem da memória são Transmutação, As Duas Bonecas e A voz de Minha Mãe, mas todos são muito bem escritos e abordam temas necessários.

Forte, terrível e essencial, talvez sejam as palavras para descrever essa leitura que eu super recomendo!
Nanda 01/03/2022minha estante
Oi, eu tenho gosto pelo terror, mas gosto mais quando
tem abordagem mais psicológica do que
gráfica (beirando ao gore).
Você diria que a escrita desse livro se encaixa no psicológico?


Evy 09/04/2022minha estante
Nanda, desculpe a demora em responder!
Sim, a narrativa se encaixa no psicológico e tenho certeza de que você irá gostar muito!!




Aniiiiii 31/05/2022

Esperei: tudo, recebi: nada
Esperei um espetáculo de horrores, todo mundo dizendo que chega dói ler, dói o bolso por comprar um livro ruim desse.
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Aldon 28/03/2023

Transparente e Tortuoso
Histórias que nos fazem pensar e imaginar qual perturbador e a maldade do homem, história que precisam de uma digestão mais lenta e comentada. Adorei a leitura, achei bizarro e medonho , mas foi incrível.
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ultravioletmarkey 10/07/2023

Ok, esse com certeza foi o livro mais pesado que já vi? as histórias são bem intensas e por serem tão detalhadas trazem aquele nó no estômago. foi um livro bem difícil de ler (justamente por ser pesado e olha que eu sou super de boa pra esse tipo de leitura) e no final achei alguns contos bem cansativos.

o que eu mais amei foram as ilustrações dos insetos em cada capítulo novo
xtina42 11/07/2023minha estante
Fiquei curiosa pra ler




Dani | @danireads 29/03/2023

O livro mais pesado que eu já li (porém MUITO bom)
A escrita da Verena nos prende, além de ser absurdamente imersiva, de forma que a impressão é a de que mergulhamos em cada conto, passando de pesadelo em pesadelo. Como dizer que gostei desse livro se ele é tão pesado? A magia dos livros aqui.

A narrativa é feita através dos olhos das próprias crianças, e sem nos poupar detalhes, somos levados a lugares sombrios, e a histórias de violência em todas as suas vertentes que muitas vezes ocorrem na infância.

(Vale pesquisar os gatilhos antes!)
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Irka Barrios 04/03/2022

Monstros que vivem dentro de nós
Ler "Inventário de predadores domésticos" é como se aproximar de um escorpião: você sabe que em algum momento ele te atacará. Mas não sabe quando. E é irresistível observar a dança de seu ferrão.

Verena nos apresenta contos duros que exploram nossas baixezas, nossas sujeiras internas sem colocar as personagens mulheres (ou meninas ou moças) em situação de vítimas. Explico: a forma com que ela descreve, um olhar ingênuo, infantil, proporciona outras cores ao que há de mais horrendo no ser humano. Mais um parêntese: a simulação da voz do personagem, com os prováveis erros de fala, em geral não me empolgam muito. Mas Verena consegue contornar muito bem esse problema, o que demonstra seu talento.

Um olhar interessante, original.
"Inventário de predadores domésticos" não é um livro estático. Ele pulsa, como um coração. E te acerta em cheio. Estrelinha para o conto "Tijolo", que chegou a causar reações físicas nesta leitora tão acostumada com o horror.

Verena Cavalcante segue a linha de Maria Fernanda Ampuero e Silvina Ocampo.
Uma beleza de edição da Dark Side Books.
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Déia Madden 09/12/2021

Violento e intrigante
Realmente ela não nos poupa da violência das selvas urbanas. Vários contos que nos cortam, nos dilaceram por dentro. Ao final, em seus agradecimentos, ela nos pede desculpas diz que sabe que doeu. E realmente me doeu muitoooo.
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Leonardo 16/05/2022

Brutal
Cada conto do livro é uma facada, algumas doem mais como nos contos "Shopping" e "Açúcar Vermelho", que foram as mais impactantes pra mim. Muito bem escrito, só não dou 5 estrelas porque alguns contos eu achei meio confusos.

Gostei muito do jeito dela escrever e é muito bom ver mais um nome brasileiro no cenário literário de terror.
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Ismael.Chaves 17/10/2023

Uma das principais vozes do "novo horror" nacional
Entre as vozes do "novo horror" nacional da literatura, talvez, nenhuma grite tão alto e seja tão corajosa quanto a de Verena Cavalcanti. Não dá para negar: ela é muito corajosa. Sua escrita é ácida e sua prosa feroz. Dificilmente um leitor de seus contos passará incólume sem retorcer a cara de nojo ou arregalar os olhos durante o correr das páginas.

Há muito tempo, por indicação da amiga e escritora Irka Barrios, eu queria conhecer o trabalho da Verena, mas infelizmente seus dois livros de contos, "O Berro do Bode" e "Larva", estavam esgotados. Para nossa alegria, a editora DarkSide publicou uma belíssima edição reunindo esses trabalhos. Eu tenho um pé atrás com vários projetos gráficos da Caveira, mas esse realmente ficou primoroso. Recheado de ilustrações e pequenos epígrafes de insetos, o leitor tem uma pequena pista, antes de cada conto, da desgraça que irá encontrar pela frente.

A seguir, meus contos favoritos:

FUNERAL - A grande maioria dos contos retrata ou é narrado por protagonistas infantis, e aqui temos o primeiro encontro de uma criança com a morte, no caso um fé seus avós. Delicado e ao mesmo tempo inquietante, o conto trata naturalmente um medo infantil que logo se transforma num ato desesperador.

SHOPPING - Quem nunca se perdeu dos pais num shopping ou supermercado? A sensação é desesperadora, não é? Bem, aqui tudo pode ficar pior, já que a protagonista é encontrada por um gentil cidadão que promete levá-la para casa. O final desse conto é um verdadeiro soco no estômago e não estranharei se alguns leitores abandonarem o livro aqui!

A MÃE DAS FERAS - O ser humano em seu estado mais primitivo e animalesco! Esse é um conto que choca, que horroriza, e que termina de uma forma fantástica.

TRANSMUTAÇÃO - Uma seita sequestra meninas e as submete aos rituais mais bizarros e macabros que nossa imaginação só pode imaginar. Um festival de nojeira, sangue, violência e um final de explodir a cabeça!

O BERRO DO BODE - Bruxaria, rituais e um final de revirar o estômago! Excelente.
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Isadora.Secol 03/01/2022

fragmentos de um porão sujo e assombrado
?Inventário de predadores domésticos? é uma porta aberta para fragmentos de um porão sujo e assombrado - uma dicotomia apresentada em forma de ralo: a inocência interrompida, atravessada por flechas doloridas da realidade amundiçada.

?A infância é o molde dos monstros?

No livro, a maioria das narrativas é expressa por crianças. Somo abordados com aviso prévio sobre as perversidades que estão por vir. Ainda assim, a placa não nos poupa dos tombos. Cada conto possui seu bosque individual, uma memória espinhosa e aveludada, acontecimentos densos e violentos em diversas traduções.

Verena Cavalcante garante o que propõe: desconforto e crueza.

As histórias não são fáceis de serem lidas, muito pelo contrário - são de difícil digestão.
A cada linha lida senti uma mistura de
sensações: repulsa, agonia, curiosidade, condolência.

Fiquei impressionada com o estilo de escrita da autora. É como se fosse possível ler escutando sua voz interna como a de uma criança de fato. A naturalidade sem filtro em relatar assuntos pesados, característica de uma fala pueril. O fluxo de consciência ao emendar uma memória junto a outra enquanto se conta algo a alguém. A fala simples e ao mesmo tempo concisa. São pequenos detalhes que no todo nos garantem uma experiência literária única.

Com o desenvolvimento dos contos, percebemos também um movimento de evolução. Arquitetura de um lar com esconderijos sombrios. A lagarta em transformação para mariposa- uma mariposa cinza, corrompida, enfeitiçada.

Definitivamente é um livro que ressuscitou muitas coisas em mim. Não é uma leitura pra qualquer um, mas sem dúvidas é uma leitura que recomendo pra todo mundo. Já no aguardo dos próximos títulos dessa autora maravilhosa.

(@phenomena.oculta)
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Gigi.the.reader 17/05/2023

Indigesto e excruciante
Esse livro é apocalíptico, meus camaradas!

Essa edição da Darkside está muito linda. Eu sou estudante de Biologia, e sou perdidamente apaixonada por todas as referências - apesar de algumas estarem distorcidas (pesquisem sobre os animais citados) - e as ilustrações são muito bonitas. Não me alongarei na descrição para não estragar a experiência de vocês. Só saibam que vale cada centavo.

São vários contos, cada um bem isolado, com narradores, situações e desfechos muito diferentes.

E que desfechos!!!

Muitos narradores são crianças, mas há tambem adultos e idosos. Eu achei excelente observar a vida e a morte de pontos de vista e mentalidades tão distintos.

Alguns contos, confesso, estavam meio nem lá nem cá. Mas a grande e esmagadora maioria é excelente, os plot twists podem deixar a maioria dos leitores mal.

Dois pontos negativos:

1°: é bem isolado, não acho que todo mundo vá passar por isso, mas o fitilho do livro veio descolado, eu tentei colar, mas não deu certo. Então precisei usar marcadores de papel para marcar a página.

2°: o mais importante: não há nenhum aviso de gatilho, e eu achei isso um tanto irresponsável. Claro que os leitores precisam estabelecer e reconhecer seus próprios limites. Mas e quanto a quem ainda não os conhece?

Na falta de aviso da autora e da editora, aqui está: há menção a abandono, 3stupr0, 4bus0 s3xu4l, m0rt3, t0rtur4, c4n1b4l1sm0, 4b0rt0 e quaisquer outros atos de crueldade que vocês possam imaginar. O aviso está aqui. Cuidem do seu psicológico.

Como a sinopse diz, os contos retratam traumas, e não de um modo fácil, implícito, sutil. A autora escreve - impecavelmente, diga-se de passagem - a fim de nos transportar àquelas situações. Eu acho que nenhuma outra coisa me deixaria mais decidida a não ter filhos quanto esse livro (deixo aqui claro que eu já não pretendo ser mãe há muito).

No entanto, para ler este livro, esteja ciente de que você precisa, sim, adentrar essas histórias, sentir essas dores, apanhar todos os ensinamentos possíveis. Mas não permita que as lembranças o assombrem, nem que o afetem negativamente.

A maldade nasceu com o ser humano. E provavelmente morrerá com ele. Agarre-se à ideia de que ela existe, e de que a bondade coexiste com ela. Exercite essa bondade. Seja a oposição.
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Ivan 16/05/2023

Terror, terror!
Muitos contos com assuntos bem pesados, não segue os clichês dos típicos livros de terror, que associam sempre ao sobrenatural, aqui é em grande parte ao natural mesmo, "terror familiar", terror humano, de uma crueldade infinita, que ativa nosso medo primordial. Não vai agradar a todos, mas com certeza aterrorizar vai sim.
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Felipe Zamoran 17/02/2023

Um soco no estômago e um orgulho da literatura nacional!
Extremamente bem escrito. Denso, tão forte quanto uma bofetada inesperada. Ganhei esse livro (até então, não o conhecia) e não sabia o que esperar, entrei em suas páginas sem saber de absolutamente nada. Fui pego pelo pescoço e jogado contra a parede. Contos de terror cotidianos, de terrores reais, que acontecem na vida real. As primeiras 100 páginas do livros são as melhores, confesso que lá pelo meio alguns contos dão uma quebrada de ritmo e na proposta do livro (em minha visão), contudo, ainda assim, é espetacular! Literatura nacional que merece ganhar o mundo.
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Mariana 30/12/2022

Horripilante
Esse não é um livro que traz felicidade quando acabamos, ele traz horror, angústia e, no meu caso, trouxe reflexão também para além do choque.
Quantos horrores não vemos todos os dias e fingimos não ver por aí quando passamos pelas ruas? Aqui somos obrigamos a deglutir os horrores humanos mais brutais, esse livro pra mim é uma planta carnívora, e eu adoro ele por isso.
Tem muitos gatilhos, muitos mesmo, não é pra leitores sensíveis e eu não aconselho a ler com pressa, se permita ir em doses homeopáticas, o sangue é muito espesso para mergulhar de cabeça.
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Gabi 28/05/2022

Amarga Infância
"Não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento." - Albert Camus
Definição de infância: "período do desenvolvimento do ser humano, que vai do nascimento ao início da adolescência; meninice, puerícia."
Se você chegou aqui pensando em um livro sobre insetos ou assassinos, você está perdidamente errado. Esse doloroso retrado brasileiro mostra como a realidade é diferente da nossa, o quanto episódios terríveis compactam e moldam mente de uma criança, como elas não entendem nada mas entendem tudo. O pior acontece com qualquer um, é eminente e calculista, assim como arruinar a infância de uma criança.
Os contos apresentados pela autora tem 2 variações: terríveis e terrivelmente terríveis. São duros e opacos, assim como carne podre do lixo, dão-lhe uma bofetada seca e dolorida que deixam marcas nojentas, vertendo sangue. Não são histórias bonitas, não são contos de fadas, são a mais pura e desprezível realidade que vivemos no nosso país e, principalmente, pelas classes mais baixas. Não tem como não se sentir aturdido com a escrita da autora, crua, verdadeira e limpa, mostra tudo que há de pior para acontecer na infância, o que deveria ser a fase mais importante da vida de um ser, torna-se entrada para um mundo horrível e dá uma passagem de graça para uma vida cheia de monstros.
Já deixo de aviso que a critica social no livro é dor e sofrimento, arrisque-se se quiser, e lembre-se: não são só insetos que são nojentos, humanos conseguem ser as piores pragas da vida.
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