68 contos

68 contos Raymond Carver




Resenhas - 68 Contos de Raymond Carver


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Alan Martins 14/09/2021

Arte inspirada numa vida
Raymond Carver foi um contista e poeta estadunidense. Nasceu no Oregon em 1938, vindo a falecer em Port Angeles, Washington, no ano de 1988, vítima de um câncer de pulmão. Apesar de sua carreira ter sido breve, conseguiu gravar seu nome nas Letras de seu país.

Ficou conhecido, sobretudo, pelo seu estilo de escrita minimalista, que sofreu grande influência de Ernest Hemingway. Vários outros fatores influenciaram a escrita de Carver, como veremos a seguir.

VIDA QUE SE TORNA ARTE
Quando jovem, Raymond Carver não dispunha de muito tempo livre para estudos ou diversão. Tornou-se pai com apenas vinte anos, logo após se casar com sua primeira esposa, Maryann Burk. A responsabilidade veio cedo.

Para sustentar a família, ambos trabalhavam. Carver teve inúmeros empregos, as dificuldades do casal eram numerosas, trocavam de cidade constantemente. Todavia, depois de vários anos e mudanças, alcançou seu objetivo de concluir uma faculdade.

Parecia que as coisas melhorariam. O futuro escritor aprendeu sobre literatura nos diversos campus pelos quais passou, e também conheceu pessoas notáveis. A mais importante delas talvez tenha sido o editor Gordon Lish, peça fundamental para seu estilo minimalista.

Seu primeiro livro de contos, "Você poderia ficar quieta, por favor?", publicado em 1976, recebeu críticas mistas. Um início animador, contudo, a vida de Carver nunca foi linear. Passou por problemas com o álcool, tabaco e outras drogas. Seu casamento declinou, principalmente após conhecer a poeta Tess Gallagher, com quem viveu de 1979 até sua morte.

Entre altos e baixos, a nova década começou bem. A antologia Catedral, de 1983, finalista do Prêmio Pulitzer do ano seguinte, é considerada o ápice de Raymond Carver. Infelizmente o autor faleceu em seu melhor momento, ainda jovem. Entretanto, seu legado é inegável.

Analisando os fatos, a razão de o autor ter se encontrado na ficção curta fica evidente: tinha um emprego fixo, filhos para cuidar e escassez de tempo para escrever. Um bom romance leva meses ou anos para ser composto; nesse mesmo intervalo ele poderia escrever vários contos.

OS 68 CONTOS
O livro reúne os contos presentes nas obras "Você poderia ficar quieta, por favor?", "Do que estamos falando quando falamos de amor", "Fogos" e "Catedral", assim como narrativas recolhidas individualmente, de nenhuma coletânea em específico. Os editores buscaram organizar a distribuição das histórias por ordem cronológica.

Aquilo que Raymond Carver aprendeu a respeito de literatura, o principal, foi na academia. E ele fez uso do mantra “escreva sobre aquilo que você conhece”. Seus personagens são pessoas da classe trabalhadora, que passam por dificuldades financeiras, problemas conjugais, levando uma vida comum. Temas com os quais qualquer leitor é capaz de se relacionar.

Falar em minimalismo literário é falar em escrever sem grandes detalhes, sem enrolar, sem rebuscar. O autor tinha essa visão, mas Gordon Lish possuía outra, ainda mais radical. Em muitos momentos Carver pesa no minimalismo, todavia, por influência de Lish. Ambos chegaram a se desentender, pois o editor cortava trechos enormes dos contos que recebia. Precisaram encontrar equilíbrio para manter a amizade.

Textos prolixos me cansam, porém, o minimalismo exagerado me desagrada. Várias das narrativas são secas, terminando de maneira abrupta, parecendo dizer nada. Não que sejam repletas de significados ocultos, porque não são. Simplesmente a maioria falhou em despertar sentimentos em mim.

Há alguns contos excelentes, poucos. Carver, além disso, costumava reescrever seus textos e publicá-los sob outros títulos, motivo de certos contos apresentarem semelhanças. São, afinal, versões diferentes da mesma obra.

Embora os assuntos abordados ao longo das sessenta e oito histórias sejam de fácil assimilação, o American way of life se faz presente. É uma percepção minha em vários autores estadunidenses da segunda metade do século XX, um tipo de literatura “americana” demais.

SOBRE A EDIÇÃO
Publicado em 2010, "68 contos de Raymond Carver" encontra-se esgotado. Trata-se de um escritor pouco difundido no Brasil, o que pode justificar a pequena quantidade de reimpressões desta antologia (reunião quase que completa de sua ficção curta). No momento só é possível encontrar a edição física em sebos, a preços estratosféricos. Adquirir a edição digital acaba sendo a opção mais viável. Li a versão Kindle, que, aliás, é ótima, bem editada e formatada.

Tradução de Rubens Figueiredo, profissional de prestígio e vencedor de diversos prêmios, que já verteu nomes renomados da literatura universal.

CONCLUSÃO
Nos Estados Unidos Raymond Carver é famoso e influente. Chegou a ser chamado de "o novo Tchekhov". A comparação, a meu ver, é muito mais pelo estilo suscinto do que pela genialidade. Inclusive o mestre russo lhe serviu de inspiração. Carver é bom, tem valor acadêmico e estilístico, mas Anton Tchekhov é monstro!

No meio de sessenta e oito histórias há algumas pérolas, pena que representam a menor parte. O exagero no minimalismo é prejudicial, deixando os textos secos, duros, sem graça. Não rolou uma conexão entre mim e os contos, nem vontade de relê-los.

Vale a pena? Por que não?! Talvez ler aos poucos seja melhor do que ler tudo direto de uma vez (o que eu acabei fazendo). De um jeito ou de outro, acredito que minha impressão continuaria a mesma.

Visite o blog para ler outras resenhas!

site: https://anatomiadapalavra.com/2021/09/14/resenha-livro-68-contos-de-raymond-carver/
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Maria Ferreira / @impressoesdemaria 10/06/2015

Mais do mesmo ou Carver é sempre bom
No começo nos deparamos com uma introdução muito digna e justa, do Rodrigo Lacerda. O livro em si, é basicamente a reunião de quatro livros do autor e outros contos que foram publicados em revistas. Desse modo, a divisão fica: "Contos reunidos", "Você poderia ficar quieta, por favor?", "Do que estamos falando quando falamos de amor", "Fogos", "Catedral" e "Contos recolhidos".

Os contos de "Do que estamos falando quando falamos de amor"são os que sofreram os cortes do editor Gordon Lish. A versão original desses contos foi publicada no livro Iniciantes, lançado em 2009 pela Companhia das Letras. Eu, que li tanta a versão integral quanto esta alterada, acredito que os originais são melhores. Lish cortou muita coisa, acrescentou outras,alterou títulos, mas percebi que no final de cada conto, a essência não se encontrava mais lá. Ele deixou os contos sem aquele baque de realidade, sem essência. Como foi o caso de um dos contos mais longos e tristes de Iniciantes, que é o conto "Uma coisinha boa". Na versão de Lish o título foi alterado para "O banho", foi extremamente compactado e com isso a essência, aquilo que fez com que fosse triste e tocante, se perdeu totalmente.

"Catedral" é um dos livros mais conhecidos do autor e eu confesso que estava ansiosa para chegar no conto de mesmo nome. Nele, um casal vai receber um cego, amigo da mulher e narração é feita pelo marido, que além de estar tomado pelo ciúmes, também não sabia como agir por ter uma visão um tanto preconceituosa dos cegos. Mas quando ele conhece Robert, o cego, passa por um processo de desconstrução muito grande. Robert é totalmente diferente do que ele esperava: é barbudo, fuma é simpático. E no final do conto, o marido fica encantado por ter sido capaz de desenhar uma catedral de olhos fechados. É um conto bastante tocante.

Todos os contos são narrados de forma a prezar pela economia de adjetivos e de cenas. Narram pequenos problemas da vida comum. Muitos deles retratam famílias desestruturadas e algo muito recorrente é personagens, na sua maioria homens, que apresentam algum tipo de problema com o álcool, alguns procuram tratamento, outros não, em algumas situação há o desgaste da vida familiar e relacionamentos desfeitos por conta desse vício. Acredito que isso, a constante presença do álcool, se deva ao fato do próprio Carver te tido problemas com ele ao longo da vida".

Este livro é um calhamaço. São um pouco mais de 700 páginas de contos que apresentam a mesma estrutura, os mesmo assuntos e chega uma hora que acaba ficando tudo muito repetitivo. Por causa disso é bom fazer a leitura de forma mais espaçada e não ler tudo de uma vez só.

site: http://minhassimpressoes.blogspot.com.br/
Túlio 26/03/2016minha estante
"Repetitivo"?... Puxa!... Acho injusto isso. Há uma variedade de repertórios... E além disso, o autor é extremamente fiel em expressar sentimentos que foram comuns durante sua vida real. O que na maioria das vezes é o oposto da nova ficção: expressar coisas que não tem nenhum eco na realidade. A história do Carver é praticamente idem a seus contos. Enfim...


Túlio 28/07/2016minha estante
Desculpa. Entendo que gosto são diferentes. Mas discordo no análise que diz vc fez. Carver não é repetitivo. Ele é um puta gênio!


Túlio 28/07/2016minha estante
Desculpa. Eu compreendo que gostos são diferentes. Mas discordo da sua análise. Carver não é repetitivo. Ele é um puta de um gênio!!




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Thaise.taylors 13/05/2023

Do que falamos quando falamos de amor é um dos melhores contos que já li, sem duvidas é o meu preferido. Mas me surpreendi com outros otimos, em especial o conto O Cabelo.
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Junior Rodrigues 18/07/2022

"O vazio é o começo de tudo"
Nessa coleção de contos de Raymond Carver é preciso parar e refletir assim que termina a leitura de cada conto, afinal o impacto que gera vai variar de leitor para leitor, mas é inegável que causa esse efeito nas pessoas.
Já havia lido Iniciantes e sentido isso devido a maneira nua e crua que o escritor tem para contar cada história e isso fica ainda mais nítido ao ler seus primeiros contos e percebendo o crescimento que ele desenvolve em seus derradeiros.
Seus contos possuem uma variação de estilos, principalmente no desfecho e isso pode afastar alguns leitores que gostam de histórias que tenham começo, meio e fim, mas com Raymond Carver não funciona desse jeito e em alguns contos, ele deixa em aberto justamente para que o leitor possa criar seu próprio final mediante ao que leu.
Acho complicado falar sobre pessoas comuns, sua rotina e como a vida é banal diariamente e principalmente como pode mudar rapidamente mediante alguma situação e o escritor consegue em cada conto trazer o cotidiano de uma maneira pura e tão despretensiosa que chama a atenção do leitor.
Com uma variedade de situações em seus contos, Raymond Carver consegue trafegar bem entre os gêneros e com isso trazer uma diversidade de eventos cotidianos que vai fazer o leitor se identificar com algum conto e refletir se tomaria a mesma atitude que o personagem em questão ou se faria algo diferente do descrito ali.
É interessante perceber a evolução do trabalho de Raymond Carver, pois os contos vão amadurecendo conforme os anos passam e mostram a visão apurada que o escritor tem sobre a vida e suas nuances.
Essa versatilidade demonstra a qualidade do trabalho do escritor e esse livro é o que evidencia todo o talento de Raymond Carver.
Recomendo!
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Lopes 16/03/2018

O átomo da vida
Raymond Carver possui uma das mais magníficas trajetórias literárias, seus contos possuem uma voltagem tão singular e inigualável, que produz uma visibilidade orgânica. Ao caracterizar sua escrita, estaremos lidando com o inefável. A leitura basta. O dizer do dito nem é preciso, mas possuo aquela premissa de compartilhamento e insegurança perante Carver, que faz girar os pensamentos até este comentário. O minimalismo de Raymond atravessa o leitor de uma forma tão saborosa e pungente, que parece estarmos lendo esse belo tabuleiro de palavras com situações de vergonhas alheias e desconcertantes risos e choros, sem entender ao certo qual rumo que estamos sendo jogados. Esse conjunto de contos contempla uma vida, dando mais força ao motim literário do autor. Tudo é seco, perpetua uma denúncia do estado de coisas que se insiste em enraizar, e Carver soube, como todo gênio, anunciar o sonho americano e de muitas outras nações. Diante da morte o que resta é morrer, perante o tempo o que se fixa é a permanência de algo que não muda em seu interior, apenas as vestes. O humano é esse amontoado de crises físicas e psíquicas que ameaçam um sistema de esperanças. O riso é solto, as cenas preferem deixar-se aliviar das tensões para entendermos que cada gargalhada, às vezes, é um desespero velado. Raymond Carver é um sincero autor das qualidades invisíveis de cada um, ressaltando sua periodicidade naquele vínculo moral das coisas negativas para sobreviver até o leitor e nos puxar pra realidade mínima da vida.
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Gláucia 02/04/2015

68 Contos - Raymond Carver
Essa edição é a que contem os contos editados por Gordon Lish, amigo e editor do autor que, segunda consta, cortava a expansão emocional de Carver. Em Os Iniciantes temos os contos originais, sem a interferência de Lish mas não sei a diferença pois só li essa coletânea.
Meu interesse por esse livro surgiu após eu ter visto o filme de Robert Altman de 1993: Short Cuts onde temos 9 de seus contos: Vizinhos, Eles Não São Seu marido, Vitaminas, Você Poderia Ficar Quieta Por Favor?, Tanta Água Perto de Casa, Uma Coisinha Boa, Jerry Molly e Sam, Cobradores e Diga às Mulheres Que a Gente Vai Dar Uma Volta.
Filme e livro retratam exatamente isso: pequenos retratos ou momentos da vida de pessoas mais que comuns, enfrentando problemas que são de todos: perdas familiares e financeiras, divórcios e separações, alcoolismos (problema enfrentado pelo próprio autor), frustrações, dificuldades de se relacionar, etc...
Gostei mais do filme, onde as histórias se conectam de alguma forma com as outras. Os contos são totalmente sem final mas nem foi isso que me incomodou. Na maioria deles não consegui alcançar o que Carver estava querendo dizer com aqueles pedaços de vida; talvez nada mesmo, porém tudo ficou meio sem sentido. E após um tempo, os contos começam a cansar por terem a mesma estrutura. Melhor fazer a leitura de forma mais espaçada.
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