Matheus Felipe 21/05/2022
Era uma vez um anticorrupto... fim.
Este livro é, até certo ponto, uma autobiografia de Sergio Moro. E eu precisava lê-lo. Quando Moro se colocou como alternativa na política brasileira, seu discurso era totalmente clichê, com frases prontas que parecia tê-las adquirido por meio daqueles pseudointelectuais da internet. Por isso, eu precisava saber quem era, de fato, Sergio Moro. Durante a leitura, eu confirmei o que já suspeitava: Moro não é político. Mas isso não é um defeito. Pelo contrário. Moro tem uma carreira sólida, norteada por princípios e pelo enfrentamento ao sistema de corrupção. Navegou, ainda que contra a maré, em busca de justiça e fez um trabalho excepcional por onde passou. Apesar disso, é difícil lutar contra a corrupção e impunidade em um país em que o sistema judiciário é tão falho, garantindo a liberdade de agentes corruptos que ceifam, todos os dias, a nossa esperança. Afinal, corrupção mata. Notamos que Moro é um homem de honra, que, em um mundo perfeito, seria um ótimo governante. O problema, porém, é que o nosso mundo é imperfeito, e Moro parece desconhecer isso. Para ele, vivemos em um paraíso. Tanto que foi ingênuo o suficiente para embarcar no governo Bolsonaro e, em seguida, pedir exoneração, ao perceber que o mundo político é duro e que seus anseios não foram atendidos. Bem, ele era um excelente jurista, um excelente ser humano, mas não sabia nada de política. Isso lhe custou muito. Quem sabe com o tempo, com mais experiência e mais preparação, ele venha a ser uma alternativa viável para a presidência da república. Fala-se, enquanto escrevo essa resenha, que irá disputar o Senado. Torço para que dê certo. Um homem como ele certamente irá produzir bons frutos por onde passar. Resta saber se irá remar, mais uma vez, sozinho. Ademais, é uma leitura interessante, para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre como funciona a corrupção no Brasil, e sobre por que é tão difícil combatê-la. Engana-se quem acha que é por acaso que nossa justiça vai tão mal nesse aspecto. Pelo contrário, existe um esforço de todos os lados para que a impunidade prevaleça, e Moro nos mostra isso. Por fim, vale destacar que, embora eu não veja em Moro, no momento, a melhor opção para assumir um cargo tão importante como a presidência da república, não o vejo como um mau-caráter, como afirmam seus principais desafetos, Bolsonaro, Ciro e Lula. Eu o vejo como um juiz que largou a magistratura com o intuito de fazer algo maior pelo país e que, infelizmente, não deu certo. Ainda assim, torço para que, um dia, ele possa ter novamente a oportunidade de pôr em prática as suas ideias e, mais que isso, vê-las sendo concretizadas.