Victória de Castro 01/03/2023
Demonstre hoje e agora porque depois é Nunca.
Quando a pandemia se instalou, Carpinejar se viu assombrado pela urgência do tema, a ponto de começar a elaborar os primeiros rascunhos da obra.
?Então, entra o luto, quando você perde alguém e tem que lidar com aquela ausência. E o paradoxo é: ?quem está ausente é você?, porque é você quem morre na partida de quem ama. A outra pessoa não vai mais te ligar ou abraçar. Você não sente saudade do outro, mas de si mesmo com o outro?.
O livro compara o luto a uma panela de pressão, em que não se tem como abrir a tampa, mas ainda precisa soltar o vapor aos poucos. Num resgate à realidade, "as pessoas não se despedem sumariamente de alguém, a despedida física pode até ser rápida, mas a interior é lenta".
?Depois é nunca? também anuncia uma abordagem em torno dos adiamentos. Para Carpinejar, as chances de se concretizar algo adiado é pequena, pois tudo o que é lançado para depois faz parte de uma idealização, um perfeccionismo, um momento mais adequado para tudo, inclusive para se demonstrar afeto.
?Darei prioridade à carreira, porque quem me ama já me conhece, já serei perdoado. No entanto, nossa rotina é feita de momentos imperfeitos. Não existe essa presença sem rascunhos. Não enrole, trate todo mundo como se fosse uma criança querendo brincar ou um idoso querendo passear?, aconselha. A urgência de viver os momentos é mesmo um apelo imponderável nas páginas, numa espécie de convite subjetivo a se fazer presente.
Lembrando sempre que o Depois.. é Nunca!