Ana Júlia Coelho 11/11/2023A proposta é interessante, compilar em um volume vários crimes que marcaram o Brasil durante 5 décadas do Século XX, mas a execução...
O organizador do livro reuniu reportagens de diversos jornalistas que apuraram as informações de cada caso na época que ocorreram, a maioria em cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Todas as reportagens saíram em jornais e tiveram grande repercussão regional, algumas até impactando o país inteiro.
Comparado com livros sobre crimes nos Estados Unidos (que já li vários), o Brasil também fica atrás no quesito bandidos. Um ou outro crime relatado foi de um indivíduo ruim, exemplo do Bandido da Luz Vermelha, Chico Picadinho e até Mineirinho, mas o grosso do livro é sobre organizações criminosas, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção... e sério, isso é muito chato de ler. Salvo um caso ou outro (a caixinha dos carros roubados, tiroteio no Dona Marta e Faroeste Caboclo), o resto me deu tédio enquanto lia. É muito nome citado, pouco se fala sobre os crimes em si e se enchem páginas sobre investigação e quem foi acusado, as armas encontradas e várias coisas que só tornaram a narrativa bem monótona.
Cada caso inicia com um resumo antes de apresentar mais detalhes do ocorrido. Por se tratar de uma sequência de notícias sobre o mesmo caso (até pular para o próximo), os acontecimentos acabam se tornando repetitivos, porque precisa explicar, em cada edição do jornal onde foi publicado, o que já havia sido publicado antes, de forma resumida, para o leitor se inteirar do que tem ocorrido.
Uma parte interessante, ao analisar a obra como um todo, é notar a evolução da imprensa. Nas primeiras publicações, os jornalistas faziam muito juízo de valor, e quanto mais o tempo foi passando, mais imparciais eles se tornavam (não que deixaram os julgamentos 100% de lado), se atendo mais aos dados do que às próprias opiniões. Também é chocante perceber que Rio de Janeiro sempre foi um berço para todo tipo de criminoso, e que isso só piorou com o tempo (inclusive com a ajuda da polícia, né).
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