Hügø 04/07/2023
Uma cultura dissimulada
O livro resgata uma coletânea de escritores, que dialogam sobre invisibilização da cultura preta, literatura e identidade. Em seu capítulo, Zélia ressalta a importância de uma escrita ativa, tal que a hegemonia ocidental tem cada vez mais monopolizado um domínio que pertence a todos: a escrita - Zélia também introduz os outros escritores da coletânea.
Itamar nos traz a famigerada decodificação que nós havíamos criado: a leitura. Através de orações bem construídas (que somente lendo, você compreenderá), ele aborda um valor intrínseco à leitura, onde você possui liberdade, um ambiente onde você pode se resignificar e se visualizar há 100, 200, 300 anos.
O capítulo de Djamila Ribeiro deixou a desejar, creio que além do relato da sua vida, poderia ter-se explorado alguma de suas obras, pois boa parte do que é comentado no livro, está ligado a elas.
Edwige Danticat apresentou substancialmente a dificuldade que alguém passa quando imigra para outro país - ainda mais no quadro agravante social e político no Haiti - tal como a exploração salarial sofrida por estes, como também a identidade cultural que os imigrantes carregam.
Allan e Marcelo dialogam sobre a marginalização da cultura negra, refletindo sobre o presente e o passado de como essa realidade periférica e diaspórica se desenrolou.
Da mesma maneira que Edwidge, Alain trata de uma crise identitária, na qual a imigração afeta tanto o autor quanto sua obra.
O livro traz diversos autores, que abordam assuntos pertinentes e recorrentes. No entanto, devido à brevidade do livro, o aprofundamento se tornou suscetível ao fato de ser uma coletânea (gostaria que houvesse sido contado muito mais sobre cada um desses escritores - sou ignorante a partir do momento que sei que posso pesquisar sobre cada um deles e que a ideia de uma coletânea não está centrada no aprofundamento individual de cada escritor(a))