Lusia.Nicolino 31/03/2022
É preciso conhecer os dois lados da história
Um navio. Um mundo estilizado da dinâmica do capitalismo moderno e dos raios de conscientização dos trabalhadores explorados. Os trabalhadores, enfrentando um dia a dia de privações, doenças, tarefas exaustivas e comida ruim, conseguem se organizar em uma espécie de sindicato para, mais do que tomar o controle do navio, sobreviver.
Kanikōsen é considerado um marco na literatura proletária no Japão. A história que se descortina traz à tona os bastidores de um dos famigerados navios-fábrica – embarcações pesqueiras que contavam com instalações para conserva e embalagem de alimentos enlatados. Saiam do norte do Japão para o gelado mar de Okhotsk (na Rússia) em busca de caranguejos — entre quem pesca e embala e quem come o produto na costa, uma fenda enorme, capaz de engolir sem dó qualquer vida.
Quote: "Cinzas subiam formando uma nuvem densa na frente da caldeira, como se brasas de carvão tivessem sido puxadas para fora e banhadas com água. Ao lado, os foguistas com o peito nu estavam fumando enquanto conversavam, sentados no chão, abraçando os joelhos. Na semiescuridão, eles eram justamente como gorilas agachados. A boca do depósito de carvão estava entreaberta, permitindo que espiassem, de maneira agourenta, o seu interior frio e escuro como breu."
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