Resenhas -

Vanessa602 09/02/2023

É bom porque é Eoin
Apesar do meu carinho pelo universo Fowl, meu amor pelo Myles e Beckett, e as boas risadas que dou com a escrita do Eoin Colfer, me dói profundamente dizer que esse último livro não foi tão bom quanto os outros. Mais do que isso, esse livro não resolveu os problemas dos anteriores. Inclusive, em alguns casos, os piorou.

Uma coisa que eu gostei logo de cara no Myles, ainda no primeiro livro, foi como ele era falho. Meio egoista, egocêntrico apesar de não se provar, não ser tão incrível em tudo quanto ele acha, considerar o Artemis mediano, etc. Ele é a personificação da frase "sou de falar, não de fazer." Sei que muitas resenhas criticaram isso, mas eu acho que essas são algumas de suas melhores características. Afinal, minha maior crítica sobre o Artemis na série anterior foi que ele simplesmente nunca decepcionava. Mas, infelizmente, ainda há um pequeno fundo de verdade em tais críticas. Eu não esperava jamais que ele fosse tão bom quanto Artemis, nem queria, mas, poxa, o autor podia ter deixado ele brilhar pelo menos um pouquinho. Parece que todo o cuidado e esforço que ele colocou na construção do Artemis e das façanhas dele não rolou aqui. Uma das últimas resoluções do Myles foi minha gota d'água. Não sei se foi porque essa trilogia como um todo pareceu ter um público alvo mais jovem, e portanto as ideias geniais foram mais bobas, ou porque os autores depois de ricos não sentem mais necessidade de impressionar o leitor em uma continuação já bem estabelecida. De qualquer forma, uma pena, porque D'us me free ser o Myles e viver cada passo na sombra do Artemis. Sério, ele fica paranoico. O único jeito de não ser comparado é 1) ser igual ao Beckett, ou seja, o completo oposto do Artemis, ou 2) virar o antagonista do Artemis e destruir ele. Não vejo outra saída para esse sofrimento, então também lamento por esse livro não ter ganhado uma narrativa um pouco mais velha e séria, porque poderíamos ter explorado todas essas questões super interessantes.

Quanto ao Beck, continuo sem críticas. Maravilhoso. A Lazuli eu tolero por tabela só porque a Holly era insuportável. De resto, minha crítica às personagens femininas se reforçam: não é o forte do autor. Nesse livro tem mais duas que não vou mencionar aqui, mas ambas acabam por soar superficiais e, como sempre, não podem existir sem entregar pelo menos uma menção de romance. Digo o mesmo sobre os vilões, tanto do série do Artemis quanto dessa nova trilogia: são fracos, mas ja me acostumei. Opala, Minerva, Teddy... zzzzZZ. Acho que l único que me animou foi o embate entre os dois Artemis, que deve ter durado umas cinco páginas na série anterior. De alguma forma, o vilão aqui conseguiu sair pior. Nunca vi homem mais burrooo. Durante os últimos dois livros ele tinha todos os recursos pra saber do histórico dos Fowl, e ainda assim subestimava os meninos apesar de ter literalmente morrido por causa deles no livro anterior. Me estressou muito, ao ponto de eu começar a achar que aqueles monólogos infinitos e brechas obvias que ele dava eram apenas uma forma do autor dar tempo aos heróis, ja que sem tempo eles não tinham passado do primeiro livro.

No fim, as interações do Myles e Beckett continuam sendo a melhor coisa dessa trilogia, coisa que eu felizmente posso afirmar com convicção que os livros do Artemis nunca tiveram. Só gostaria que eles tivessem combinado poderes e personalidades mais vezes, ou trocado palavras, porque esse relacionamento é o maior acerto de Fowl Twins.