Carol 28/06/2022Impressões da CarolLivro: Sempre sua, Judy {1912}
Autora: Jean Webster {EUA, 1876-1916}
Tradução: Renata Prado
Editora: Pedrazul
168p.
Querida Jean Webster,
Escolhi escrever minhas impressões de leitura como uma missiva. Cartas sempre aproximam os interlocutores e ao ler as cartas que Judy escreve ao seu 'Papai Pernilongo', não pude evitar o sorriso bobo no rosto.
Em 1912, quando você publicou "Sempre sua, Judy", as americanas ainda não tinham direito ao voto. Você já não estava mais por aqui, Jean, mas as mulheres brancas alcançaram o voto em 1920 e as negras, apenas em 1964! A cidadania nunca foi um direito dado de bandeja a nós, mulheres.
Muito menos a educação. Em 1912, ainda causava espanto uma menina cursar a Universidade, mesmo que uma específica para mulheres. E o que dizer de uma escritora, publicada e reconhecida? Por isso, Judy é uma protagonista encantadora e sua história, Jean, seja um clássico.
Jerusha "Judy" Abott tem 17 anos e passou a vida inteira num orfanato. A escrita é, para ela, uma válvula de escape e acaba por modificar sua vida, ao chamar a atenção de um dos benfeitores da instituição, que decide bancar seus estudos para que ela se torne uma escritora.
Jean, que ideia genial um benfeitor excêntrico, anônimo, cuja sombra o assemelha a um pernilongo e que, de sua bolsista, exige somente cartas mensais, narrando seu cotidiano na faculdade. Ao menos no inicio, já que estamos lendo um romance e nós, leitoras, já sabemos o que acontece em romances.
Mas, mais genial que o Papai Pernilongo, é Judy. Acompanhá-la maravilhando-se com o ambiente universitário, fazendo amizades com outras mulheres, lendo tantos e tantos livros e autoras amadas é um itinerário comum a qualquer leitora. E vê-la pensando a escrita, escrevendo, enviando textos para aprovação, publicando, é de aquecer o coraçãozinho. Seu livro, Jean, é também um livro sobre livros.
Judy faz parte de uma linhagem nobre de personagens: Anne de Green Gables, Jo March, Píppi MeiaLonga, Emily de Lua Nova. E, Jean, ela é das mais adoráveis, pela leveza e pelo humor com que olha a vida.
Obrigada por esse livro,
Sempre sua,
Carol